segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Cotidiano - Blumenau, 29.setembro.2008

NACIONAIS

GRENAL

Tudo bem!... Ser Gremista (assim mesmo!, com “G” maiúsculo no meio da frase – uma heresia lingüística explicável quando a paixão toma conta da razão, o que é muuuuito bom) é ser, naturalmente sofredor... mas um sofredor que está disputando a ponta da tabela do Campeonato Brasileiro. Logo, só podemos (nós, Gremistas) aceitar “brincadeiras” dos palmeirenses. Os demais têm que entrar na fila. E para alguns é grande (hehehe)...

Ademais, somos o único time do Brasil a ficar na liderança do Brasileirão por muitas e muitas rodadas sem ter técnico. Isso, ninguém mais consegue.

LOCAIS

VIA EXPRESSA

Desde a manhã de domingo (28), a Via Expressa está aberta ao tráfego de veículos. Se com a inauguração da Ponte do Tamarindo o centro ficou a cinco minutos da Fortaleza, agora se faz do centro à BR 470 em dez, andando na boa...

NA BOLÉIA

Enquanto alguns candidatos assumiram de vez a candidatura de João Paulo Kleinübing depois do seu bom desempenho nas pesquisas, o vereador Braz Roncáglio apareceu, sábado passado (21), dirigindo uma camionete com seu nome, adesiva com o candidato de oposição Décio Lima. Isso que o PTB, partido de Braz, faz parte da coligação de JPK...

EXEMPLO

O último sábado de campanha pública (dia 21) conforme a legislação eleitoral, foi de diversidade política, ideológica e partidária, na rua XV de Novembro. O candidato a vereador Nico Wolff, meu irmão e melhor amigo, estava desde as 7h30min ali, no pé da escadaria da Catedral. E foi ali mesmo que alguns exemplos de maturidade política aconteceram: cumprimentou com forte abraço seu amigo José Sarmento (PC do B) e recebeu o abraço de Ivan Naatz, candidato do PV.

Política deve ser feita assim. Mesmo pedindo votos para JPK, Nico Wolff não mistura as coisas. Política feita com respeito às idéias contrárias.

LATINHA 122%

Aliás, neste mesmo sábado de rua XV, encontrei um “cabo eleitoral” de José Ouriques. Com todo respeito ao candidato do PTC, fiquei preocupado com o rapaz, não pelo que ouvi, mas pela forma que ouvi. Bobagem em período eleitoral se ouve muita... do rapaz ouvi que o PTC mandara fazer cinco pesquisas eleitorais com “empresas de fora”. Elas diziam que JPK tinha 48%, Décio Lima 48% e Latinha 26%. Só aí já dá 122%...

Ao acabar de dizer isso, disse que seu candidato está 2% a frente dos demais (como?... se 26 é menos que 48) e que com esses números vai ganhar a eleição no primeiro turno. O que deveria dizer eu? Parabenizei o cara e segui caminho. Afinal, há coisas e pessoas com quem não se discute. Mas me preocupou o estilo “lavagem cerebral” com a qual o rapaz falava...

DEBATE NA RECORD

A intenção foi muito boa. Talvez possa definir o voto de alguém. Mas foi visível a intenção dos candidatos de fazerem perguntas para si mesmos. Para variar, quem destoou (e também acabou sendo o mais “esperado” na telinha) foi o Latinha, do PTC. A “mistureba” de pensamentos era tanta, que ninguém entendia nada. “Mindingos” foi ótimo. Definitivamente, apesar da gravata, é um cara popular...

LETRINHAS NA TV

Aquelas “letrinhas” no rodapé do horário eleitoral gratuito que, pensava eu, era conscientização dos partidos políticos pelos deficientes auditivos, é obrigação da legislação eleitoral. Que pena! A lei interfere tanto na vida privada, que pecou ao não deixar que os partidos políticos nos mostrassem quais respeitam o cidadão com deficiência.

VEREADORES

Depois de acompanhar política por 32 anos (desde os 11 vivo no meio, de uma forma ou de outra) e trabalhar por cinco anos na TV da Câmara de Vereadores, já me arrisco a dar palpites sobre a composição da próxima legislatura. Aliás, na eleição anterior (2004) ganhei um bolão por acertar o maior número de nomes que se elegeram. Acertei 8 dos 14.

Desta vez não vou falar aqui de nomes, até porque seria antiético. Tenho um irmão candidato. Então vou falar em composições partidárias. E acredito, sinceramente, que vou chegar muito perto do resultado das urnas. Vejo grandes possibilidades dos Democratas fazerem 4 vereadores (com possibilidade de 5). A coligação PSDB-PMDB dever fazer 4 (pode chegar a 5). O PT faz 2, de certeza (mas pode chegar a 3 na legenda). O PP deve fazer apenas 1 (mas não será surpresa se fizer 2). Se considerarmos que todos esses façam a possibilidade máxima, já somaria 15 e fecharia a conta. Mas há muita possibilidade de algum não chegar a este número máximo e o PDT conseguir colocar um vereador seu. E é isso. Os demais pequenos, sem chance.

Até a próxima Cotidiano... logo após o resultado das urnas.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Cotidiano - Blumenau, 22.setembro.2008

Alguns amigos cobram uma atualização diária do blog. Talvez por saberem de minha história de 28 anos no jornalismo, pensem se tratar de um blog jornalístico-informativo. Não. Ele não é. Pode até ser, às vezes, mas não lhe coloco essa obrigação. Este é um blog opinativo. Em várias vertentes, diga-se de passagem... jornalístico, filosófico, mundano. Mais do que informar, estou aqui para opinar sobre o que vejo, sinto ou acredito. Só isso. Então, atualização duas ou três vezes por semana, quando há tempo para tal, é o suficiente. Até porque as opiniões não são ultrapassadas pela rapidez de novas informações.


NACIONAIS

ELEIÇÃO ELETRÔNICA

Ex-juiz de Direito de Brusque, considerado o “pai” da urna eletrônica, hoje desembargador, agora defende o voto eletrônico. A pessoa poderia votar à distância. Se conseguir um esquema desses que seja confiável, merece um prêmio, pois ninguém terá inventado sistema melhor para a democracia.


LOCAIS

SKOL BEATS

O Skol Beats é o filhote do Skol Rock, este segundo nascido em Blumenau nos anos 90. Para um evento que foi o maior do gênero em Santa Catarina (maior evento rockeiro do estado, inclusive realizado a céu aberto), ver seu filhote caber numa danceteria de Floripa, é o fim.

Digo isso com o sentimento de quem criou o Skol Rock. Era grande. Era...

GINCANA

Aliás, a Gincana Cidade de Blumenau, que teve sua 16a. edição realizada em setembro último, outro evento que tive o prazer de iniciar em 1993 – apenas um ano antes do Skol Rock – andou recebendo algumas críticas. Uma delas, a de que todos perdem, dando a entender de que os prêmios são menores do que o investimento de cada equipe. Penso que aí mesmo está sua grandeza. As pessoas não estão ali por dinheiro, mas pela gincana. Vejo de outro modo: até as últimas colocadas são vencedoras, pois ajudam a comunidade necessitada e vivem/curtem Blumenau.

NOVA RÁDIO

A venda da ex-rádio Blumenau e Bandeirantes, que vai voltar a se chamar Blumenau, a um empresário de Brusque, colocou fogo no mercado. Muitos radialistas da rádio Nereu Ramos, a líder em audiência, foram convidados a trocar de prefixo. Sabe-se que dois aceitaram, outros balançaram. O mercado (leia-se radialistas) está vibrando...

PROVIDENCIAIS

Polêmico apresentador de programa de rádio-denúncia, Elias, da Rádio Menina FM, acaba de entrar em férias. Ele, que tem se caracterizado por pesadas críticas, muitas exageradas, privilegiando a “pimenta” ao fato em si, volta aos microfones somente depois da primeira semana de outubro.

INFERNO...

O ex-prefeito e deputado federal Décio Lima (PT) deve estar mesmo naquele período em que os mais místicos chamam de “inferno astral”. Primeiro teve que deixar Brasília para concorrer a uma eleição municipal, onde a cobrança de resultados é muito mais próxima e incisiva. Depois ganhou de presente uma nominata de vereadores que não empolga (com exceção de dois ou três nomes mais conhecidos).

... ASTRAL

No início da campanha já teve que agüentar a equipe estratégica colocar no ar a figura assustadora do Sr. Consciência, digna de fazer as mães tirarem as crianças menores da sala. Em seguida os resultados das pesquisas eleitorais não lhe são favoráveis. Uma semana depois, veio a denúncia de seu envolvimento com empresário da Agrenco, com direito à escuta da Polícia Federal, que repercutiu nacionalmente (saiu até no Estadão/SP). Por último, o advogado da campanha jogou o boné. Que fase!...

CHEGA!

Na próxima eleição, os partidos devem fazer a seguinte triagem com seus candidatos a vereador: se for dizer no rádio e tevê coisas como “venho humildemente e respeitosamente”... ou “sou casado, pai de tantos filhos”... ou ainda “peço permissão para adentrar o seu lar”, já impede a candidatura no ato. Gentilezas demagógicas ou casar e fazer filhos não mostram nada. Não é para isso que elegemos vereadores.

ARRISCANDO

Queria me poupar do risco, mas acho que não conseguirei. A vontade de arriscar é grande... Semana que vem vou fazer uma leitura da eleição para vereador, tentando acertar quantos vereadores cada partido elegerá. É um exercício interessante. Só ainda não decidi se aposto só na quantidade ou se cito os nomes também. Até lá resolvo...

Se você curte um pouco de filosofia básica e vê razão e valor na dúvida, leia o texto abaixo também...

sábado, 20 de setembro de 2008

Você também busca respostas? Para quê?

Dizem que a vida é uma eterna busca. As pessoas buscam muitas coisas não palpáveis, não mensuráveis... como felicidade, por exemplo. O grande mistério (e grande barato) da vida é que a busca (ou as buscas, porque há muitas coisas que buscamos neste caminho) não tem fim. E isso, para muitos, traz uma sensação de infelicidade, de frustração. Usando o termo da (argh!) “moda”, faz com que a pessoa fique depressiva.

Mas você já parou para pensar que realmente a dádiva da dúvida é a dívida do óbvio? Ou seja: quem busca, acaba buscando respostas. Porque estamos aqui, para onde vamos, como eu chego a tal felicidade? Buscamos respostas para tudo, enfim. Tudo o que não sabemos, o que não conhecemos ou não dominamos. Isso é (argh!) “normal” entre os seres humanos – e pelo que dizem, de todas as épocas.

A busca por respostas, no entanto, parece se aprofundar na era contemporânea. Talvez porque, cada vez mais, o homem se faz máquina. Cada vez mais se empurra para as obrigações e se afasta dos prazeres. Cada vez mais se esquece de viver em nome das responsabilidades assumidas. Cada vez mais faz o jogo do sistema onde é uma peça descartável., esquecendo-se de que é soberano sobre a sua própria vida. Mas isso também dá pano pra manga para uma outra conversa.

Voltando à questão do segundo parágrafo, todos buscamos respostas. Como se encontrá-las, fosse nos transformar, fosse transformar de vez a vida daquele que as encontrou. Porém, acredito que a grande procura está em encontrar as perguntas no caminho da vida. Ao invés de querer respostas, querer mais perguntas, mais dúvidas. Porque a medida em que encontramos uma resposta, nos damos por satisfeitos com aquele assunto e não pensamos mais nele, não nos aprofundamos nele, paramos de crescer.

Enquanto buscarmos perguntas, mais questionamentos, mais dúvidas, estaremos crescendo como ser humano. Você pode escolher a palavra que quiser para isso. Crescimento intelectual, crescimento espiritual, crescimento total. O cético, aquele que não constrói pré-conceitos e não adquire convicções (“As convicções são cárceres”, diz Nietzsche em o Anti Cristo), tende a conhecer-se melhor. E não há nada melhor para nosso crescimento e “resolvimento” (desculpem-me. Fui obrigado a criar uma palavrinha para nossa língua pátria) pessoal, do que conhecer a si próprio.

Então, finalizando, defendo ardentemente que não precisamos de respostas; precisamos de perguntas. Pessoas procuram psicólogos buscando respostas, mas na verdade querem se descobrir. Precisamos estar abertos às dúvidas e mesmo encontrando respostas no caminho, temos que ter a habilidade de vê-las como parciais para continuarmos na busca dos questionamentos sobre o assunto que se procura saber. A dádiva da dúvida é a dívida do óbvio (gosto muito desta frase, embora seja de minha autoria). O que a dúvida tem de dadivosa, o óbvio te deve, porque não te faz pensar.

Pense nisso.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Escravidão em pleno século 21


A Folha de São Paulo do último final de semana de agosto traz uma grande reportagem (grande mesmo... algumas páginas) sobre como a riqueza do etanol, o nosso álcool combustível, é mantida através do trabalho escravo, de condições sub-humanas de trabalho.

Dito assim, parece bastante simples. Trabalho escravo, no Brasil, não é exatamente novidade. Porém o trabalho escravo na Folha descrito, é trabalho escravo mesmo da pior espécie. Os pobres coitados que trabalham nos canaviais para encher as burras de seus patrões, os grandes usineiros do álcool, e a boca do Governo Federal, que posa de primeiro mundo nos congressos econômicos internacionais, acordam às 4 horas da madrugada para trabalhar o dia inteiro. Comem a comida fria – e pouca – que levam de casa. Dão mais de três mil (isso mesmo: 3 mil) golpes de facão e fazem mais de três mil e quinhentos (3.500) flexões para colher, em média, nove toneladas de cana ao dia.

A situação piora a cada década, ao invés de melhorar. As condições sub-humanas desta gente é cada vez mais sub e menos humana. Trabalham mais e mais para ganhar menos. Segundo levantamento da reportagem, em 1985 um trabalhador desses colhia, em média, 5 toneladas de cana por dia e recebiam R$ 32,70 por este serviço. Já em 2007, passaram a colher 9,3 toneladas de cana por dia em média para receber míseros R$ 28,90 por isso. Ao trabalhar 26 dias por mês de sol a sol, folgando apenas aos domingos, um trabalhador desses vai tirar a miséria de R$ 751,40. Invariavelmente será roubado. Ainda terá que pagar os suprimentos que compra no trecho, dos próprios patrões. Mais negócio era ser escravo, mesmo, antes da Lei Áurea.

Os equipamentos hightec utilizados na colheita da cana são para inglês ver. Para inglês e para todas as nações da Europa, do primeiro mundo, porque é exatamente a condição aviltante que se impõem aos trabalhadores dos canaviais que fazem o primeiro mundo torcer o nariz para a compra do etanol brasileiro. Com justiça. Qualquer nação que se preze não pode negociar com tamanha brutalidade. O trabalho é penoso e demasiado desumano.

Há vários casos de mortes de trabalhadores dos canaviais que, desconfia-se, sejam resultado do esforço sobrehumano ao qual as pessoas são submetidas. O câncer de pele, resultado trabalho sob sol escaldante sem qualquer resquício de utilização de protetor solar, chega a ser o de menos. Dores na coluna, na cabeça, nos braços, no tórax... câimbras. Tudo isso são companheiros da grande maioria dos trabalhadores dos canaviais, vítimas de esforço físico além da conta. Substâncias cancerígenas resultam das queimadas feitas no canavial antes do corte e impregnam-se nas narinas e pele dos trabalhadores. Exames de urina constatam o fato, segundo a reportagem da Folha.

Segundo o Código Penal, trabalhos exaustivos são considerados crime. No caso, o trabalho em questão é pior do que no tempo da escravidão. Esses trabalhadores “recebem” por pesagem da cana recolhida, o que faz com que provoquem a auto-extenuação em troca de alguns trocados a mais. Mas ainda desconfiam que são roubados no momento do pagamento. Afinal, pobres-coitados sem estudo, não têm como calcular a dificultosa aritmética que inclui, ainda, uma série de descontos e percentuais de produtividade.

A situação é absurda, denunciada por um dos maiores e mais sérios jornais impressos do Brasil, e nada acontece. Está tudo bem para o Governo... está tudo bem para os barões dos canaviais, reis do etanol, os usineiros do álcool. O sistema funciona girando a roda do dinheiro e os trabalhadores... para que servem? Feito o trabalho, extenuados nos canaviais, que morram. Outros os substituirão. São desprezados tal qual o bagaço da cana, depois de espremido e transformado no líquido do combustível do presente-futuro.

O que mais me indigna é saber que enquanto atrizes e atores, cantores e cantores mundialmente famosos protegem animais e ecossistemas, que mundialmente foi possível abolir o uso de peles naturais de animais em roupas, ninguém dê a mínima atenção para seres humanos que são aviltados não só em sua dignidade, mas no mais íntimo de seus direitos: o direito à vida. No mundo atual, o discurso ecológico politicamente correto tornou-se mais importante que a vida de um ser humano.

sábado, 6 de setembro de 2008

Cotidiano - Blumenau, 06.setembro.2008

LOCAIS

PESQUISA: JPK NA FRENTE

A pesquisa eleitoral Mapa/Santa, divulgada hoje, mostra os seguintes resultados:


Estimulada: João Paulo Kleinübing (DEM) 40,7%, Décio Lima (PT) 33,3%, Ivan Natz (PV) 4,2%, Dari Diehl (PSol) 0,4% e José Ouriques (PTC) 0%. JPK está 7,4% na frente de Décio. É mais que a margem de erro e mostra claro crescimento da candidatura do atual prefeito de Blumenau.



Espontânea: JPK 34,7%, DL 26,0%, IN 2,9%, DD 0,7% e JO 0%. Na primeira pesquisa, antes do Horário Eleitoral Gratuito em rádio e tevê, Kleinübing e Décio Lima revezavam a liderança. Um ganhava na estimulada, outro na espontânea, ambos dentro da margem de erro, o que se convenciona chamar de “empate técnico”. Agora a vantagem de JPK é clara. Na espontânea chega a subir para 8,7%. A margem de erro é de 3,5%.

REJEIÇÃO

Os números podem ser comemorados pela coligação de JPK. O prefeito aparece nesta segunda pesquisa como o 4º. lugar em rejeição (ou 2º. menos rejeitado), enquanto seu principal oponente é o 2º. mais rejeitado, segundo a pesquisa Mapa/Santa. Também a perspectiva de um segundo turno é favorável a JPK: 45% contra 34,5% de Lima.


Na rejeição: taí uma eleição que Latinha, o José Ouriques, ficou em primeiro.

METODOLOGIA

Foram ouvidos 805 eleitores na cidade, a mesma quantidade da primeira pesquisa encomendada pelo Jornal de Santa Catarina junto à Mapa. Sempre considero esses números pequenos, pouca gente. Mas aprendi na vida jornalística e acompanhando eleições que os números só não seriam fidedignos se a pesquisa fosse muito localizada, feita em públicos mais específicos, fato que não é comum em empresas especializadas em pesquisas eleitorais. Pulverizar o universo dos pesquisados (faixa etária, situação econômico-social, sexo, etc), garante números bem próximos da realidade das urnas.

MUDANÇAS

Os 7,4% de diferença entre João Paulo Kleinübing (DEM) e Décio Lima (PT) devem forçar uma mudança na postura do programa do candidato petista. Antes dos programas de rádio e tevê havia empate técnico. Quando isso acontece, é porque o discurso utilizado não colou, agradou menos do que o do candidato adversário. A mudança de estratégia é necessária. Mas aí vem o risco: o que fazer?

E AGORA?

Se partir para o ataque tentando mudar o quadro (pois faltam menos de 30 dias para a eleição e há pouco tempo para mudanças), pode atirar no próprio pé. Dará a chance do outro candidato se fazer de vítima e o eleitor de Blumenau não é chegado a ataques políticos. Se ficar na mesma linha, não vira o jogo.

TIRO CERTO

João Paulo Kleinübing (DEM) mostra-se menos tímido no programa de tevê do que é pessoalmente. Seus estrategistas acertaram em mostrá-lo como pessoa que fala pouco. JPK não é de fala fácil. O que poderia ser um percalço no caminho da campanha, foi transformado em uma virtude: se fala pouco, não mente, dá-se a entender. O resultado desta última pesquisa deixa sua equipe de estratégia à vontade para continuar na mesma linha. Inteligente será resistir a futuras provocações.

AMADURECENDO

Ivan Naatz (PV) parece ter acertado o rumo de seus programas eleitorais no rádio e televisão. Já tem jingle, imagens externas e apresenta, a cada programa, uma proposta de seu possível governo. Fala de maneira tranqüila e poderá melhorar sua posição numa futura pesquisa. Alcançou 4,3% nesta última.

2º. TURNO

Naatz pode levar a eleição para o segundo turno? Esta é a grande pergunta. Se fizer algo em torno de 10% dos votos, será a noiva mais querida entre outubro e novembro. Já o sonho de chegar ele próprio ao segundo turno, é bem mais difícil. Depois da eleição de Décio Lima, a zebra, em 96, nenhum dos candidatos que bipolarizam a eleição cometerá o mesmo erro de Dalírio Beber e Wilson Wan Dall. O que deixa o caminho da terceira via bem menos “freqüentado”.

NA BANGUELA

Dari Diehl, o candidato do PSol, não chama a atenção nem pelo ridículo, nem pelas propostas ou produção televisiva. É bem intencionado, mas de boa intenção... vai demarcando terreno para o seu partido, coisa que deu certo para o PT, há muito tempo atrás.

(NÃO) FALA SÉRIO!...

O candidato José Ouriques (PTC), mais conhecido como Latinha, se dá melhor quando não se leva a sério. Dia desses o discurso era “Lá tão”. Quando voltou a querer falar sério, desandou o riso do eleitorado. Quer construir estádio para o BEC, que não existe mais. Quer colocar bonde do “Iate Clube” (???) até o Frohsin... fala sério!... Ou melhor, não fala sério. Até porque, segundo a pesquisa, ninguém leva a sério.

VOTO CONSCIENTE

Para quem ainda não decidiu o voto, os programas eleitorais de rádio e tevê são uma boa oportunidade. São o verdadeiro “comício eletrônico”, já que os antigos comícios ficaram demodé. Quem realmente quiser votar consciente, é bom pesquisar, também, sobre o passado dos candidatos. Principalmente público, mas o pessoal também dá uma idéia de quem é quem.

VEREADORES

Além do "comício eletrônico", o trabalho dos candidatos a vereador soma - e muito - para a definição do eleitor indeciso por um ou por outro candidato a prefeito. E nessa barca parece que a nominata da coligação de JPK rema bem mais forte.


Na próxima Cotidiano, uma leitura também sobre as candidaturas de vereadores... Até!


terça-feira, 2 de setembro de 2008

Cotidiano - Blumenau, 02.setembro.2008

LOCAIS

ESQUENTANDO

A campanha eleitoral começou a esquentar. Depois de 15 dias de programas na tevê e no rádio, já acontecem os primeiros cutucões de lado a lado, entre os dois principais candidatos a prefeito de Blumenau. A divulgação da próxima pesquisa feita junto ao eleitorado mostrará quem acertou melhor o discurso que o público quer ouvir. Será a primeira pesquisa depois do início do Horário Eleitoral Gratuito. Na anterior, feita antes da exposição oficial na mídia, havia empate técnico.

ESTRATÉGIA

O resultado apertado daquela primeira pesquisa empresta mais importância a esta nova consulta popular. Não só apontará qual discurso está agradando mais, mas também poderá mudar a estratégia do candidato que ficar atrás. O que não é bom, pois nenhum dos candidatos quer sair batendo primeiro. Pode causar ainda mais estragos na própria campanha.

CONSCIÊNCIA

Aliás, a figura do sr. Consciência, colocada pela campanha de Décio Lima, causa rejeição do público. Barba, fundo preto, roupa preta, voz soturna, parece o capeta. Estrategicamente, penso que foi um mau negócio.

TEM DE TUDO

Não é Loja Millium, mas na campanha de vereador tem de tudo. Candidato do PSol com texto rimadinho (se não for vereador, pode tentar a carreira de poeta), do PDT que vai “de encontro” aos interesses da comunidade (será um choque e tanto), do PP que usa a trilha musical do ex-senador falecido Evilásio Vieira, o Lazinho (criatividade zero), e até candidato que quer “separar da política a educação, saúde e segurança” e trazer para a região a Copa de 2014. É muita abobrinha pra pouca panela.

APELIDOS

Os apelidos, então, são dos mais criativos e inusitados: tem Tutu, Seco, Sapo da Celesc, Bafo, Soró, Pão de Mel e Gibi. Já dá um time de soccer. Dos mais engraçados. Fora outros apelidos mais ‘light’.


Esta coluna foi tão curta quanto os 30 segundos dos candidatos a vereador. Até a próxima postagem...