sábado, 20 de setembro de 2008

Você também busca respostas? Para quê?

Dizem que a vida é uma eterna busca. As pessoas buscam muitas coisas não palpáveis, não mensuráveis... como felicidade, por exemplo. O grande mistério (e grande barato) da vida é que a busca (ou as buscas, porque há muitas coisas que buscamos neste caminho) não tem fim. E isso, para muitos, traz uma sensação de infelicidade, de frustração. Usando o termo da (argh!) “moda”, faz com que a pessoa fique depressiva.

Mas você já parou para pensar que realmente a dádiva da dúvida é a dívida do óbvio? Ou seja: quem busca, acaba buscando respostas. Porque estamos aqui, para onde vamos, como eu chego a tal felicidade? Buscamos respostas para tudo, enfim. Tudo o que não sabemos, o que não conhecemos ou não dominamos. Isso é (argh!) “normal” entre os seres humanos – e pelo que dizem, de todas as épocas.

A busca por respostas, no entanto, parece se aprofundar na era contemporânea. Talvez porque, cada vez mais, o homem se faz máquina. Cada vez mais se empurra para as obrigações e se afasta dos prazeres. Cada vez mais se esquece de viver em nome das responsabilidades assumidas. Cada vez mais faz o jogo do sistema onde é uma peça descartável., esquecendo-se de que é soberano sobre a sua própria vida. Mas isso também dá pano pra manga para uma outra conversa.

Voltando à questão do segundo parágrafo, todos buscamos respostas. Como se encontrá-las, fosse nos transformar, fosse transformar de vez a vida daquele que as encontrou. Porém, acredito que a grande procura está em encontrar as perguntas no caminho da vida. Ao invés de querer respostas, querer mais perguntas, mais dúvidas. Porque a medida em que encontramos uma resposta, nos damos por satisfeitos com aquele assunto e não pensamos mais nele, não nos aprofundamos nele, paramos de crescer.

Enquanto buscarmos perguntas, mais questionamentos, mais dúvidas, estaremos crescendo como ser humano. Você pode escolher a palavra que quiser para isso. Crescimento intelectual, crescimento espiritual, crescimento total. O cético, aquele que não constrói pré-conceitos e não adquire convicções (“As convicções são cárceres”, diz Nietzsche em o Anti Cristo), tende a conhecer-se melhor. E não há nada melhor para nosso crescimento e “resolvimento” (desculpem-me. Fui obrigado a criar uma palavrinha para nossa língua pátria) pessoal, do que conhecer a si próprio.

Então, finalizando, defendo ardentemente que não precisamos de respostas; precisamos de perguntas. Pessoas procuram psicólogos buscando respostas, mas na verdade querem se descobrir. Precisamos estar abertos às dúvidas e mesmo encontrando respostas no caminho, temos que ter a habilidade de vê-las como parciais para continuarmos na busca dos questionamentos sobre o assunto que se procura saber. A dádiva da dúvida é a dívida do óbvio (gosto muito desta frase, embora seja de minha autoria). O que a dúvida tem de dadivosa, o óbvio te deve, porque não te faz pensar.

Pense nisso.

3 comentários:

Anônimo disse...

E as pessoas ainda tem a coragem de dizer que eu é que sou o filósofo. É por que ainda não passaram por estas bandas.

Marina Melz disse...

aquele chavão brega que diz que a felicidade é o caminho para as respostas é uma puta verdade.

Anônimo disse...

Belo texto amiguinho, tudo a ver!!... Fui!...
Márcio Santos (marciosantosblu@gmail.com)