sexta-feira, 26 de junho de 2009

Cotidiano - Blumenau, 26.junho.2009

Enquete Nereu

Durante toda a semana, a Rádio Nereu Ramos de Blumenau fez uma pesquisa de intenções de voto sugerindo nomes para o pleito eleitoral do ano que vem. Como o assunto é interessante e permite algumas leituras, o blog traz o resultado divulgado faz alguns minutos na emissora – com alguns comentários. Afinal, este é um blog de opinião.

Governador do Estado

Total de 454 pessoas entrevistadas:

Ângela Amin (PP) ......................... 89 (19,6%)
Ideli Salvatti (PT) ........................ 89 (19,6%)
Leonel Pavan (PSDB) .................... 70 (15,4%)
Raimundo Colombo (DEM) ............. 66 (14,5%)
Indecisos ................................... 80 (17,6%)
Nenhuma das opções ................... 42

Hugo Biehl (PP), Eduardo Pinho Moreira (PMDB) e Dário Berger (PMDB) ficaram com cerca de 1% cada um, o que demonstra que Pinho Moreira teria grandes dificuldades em sustentar uma candidatura na chamada Tríplice Aliança, ainda que esta não seja sua região de base eleitoral. Porém, não tem seu nome estadualizado, a não ser entre os peemedebistas. Já Pavan e Colombo disputam palmo a palmo uma possível candidatura na Tríplice, se tal aliança for mantida até lá. A boa votação de Ângela Amin surpreende, já que não possui visibilidade por aqui. O sobrenome Amin é forte.

Senador

Total de 454 pessoas entrevistadas:

Esperidião Amin (PP) ..................... 179 (37,2%)
Luiz Henrique da Silveira (PMDB)...... 100 (22%)
Claudio Vignatti (PT) ..................... 27 (5,9%)
Indecisos .................................... 99 (21,6%)
Nenhuma das opções ..................... 59

Como no ano que vem há duas vagas para o senado, se dependesse de Blumenau a eleição já estaria definida. Porém, há de se considerar que Vignatti não é conhecido por aqui e que o PT tem uma militância forte para fazer crescer uma candidatura. Ainda assim, concorrer contra Amin e LHS é parada indigesta.

Deputado Federal

Total de 400 pessoas entrevistadas:

Décio Lima (PT) ................................ 118 (29,5%)
Renato Vianna (PMDB) ........................ 44 (11%)
Jovino Cardoso (DEM) ......................... 37 (9,2%)
Fábio Fiedler (DEM) ............................ 35 (8,7%)
João Pizzolatti (PP) ............................ 31 (7,7%)
Marcelo Schrubbe (DEM) ..................... 25 (6,2%)
Dalírio Beber (PSDB) .......................... 13 (3,2%)
Indecisos ......................................... 59 (14,8%)
Nenhuma das opções ......................... 38

Liderança absoluta do deputado Décio Lima que, penso, seja reflexo ainda de sua passagem pela prefeitura. Sua visibilidade como deputado federal não tem sido tão grande quanto poderia. Além disso, a enquete mostra que o DEM pode eleger um deputado, visto a votação interessante de três de seus pré-candidatos, todos vereadores. Já Pizzolatti nunca dependeu de Blumenau para se eleger. Busca muitos votos fora.

Deputado Estadual

Napoleão Bernardes (PSDB) .............. 66 (16,5%)
Jean Kuhlmann (DEM) ...................... 45 (11,2%)
Ana Paula Lima (PT) ........................ 37 (9,2%)
Ismael dos Santos (DEM) ................. 31 (7,8%)
Ivan Naatz (PV) ............................. 28 (7%)
Cezar Cim (PDT) ............................. 28 (7%)
Vanderlei de Oliveira (PT) ................ 28 (7%)
Indecisos ...................................... 53
Nenhuma das opções ...................... 24

Com número menor de votos vem Paulo França (PMDB) com 19, Marco Antônio Wanrowsky (PSDB) com 14, Gilmar Knaesel (PSDB) com 13, Giancarlo Tomelin (PSDB) com 9 e Édson Brunsfeld (PP) com 5.

A liderança de Napoleão Bernardes até surpreende, pois ganha de dois deputados estaduais em atividade (Kuhlmann e Ana Paula). Porém não há dúvidas de que a sua estupenda votação para vereador está influenciando no resultado neste momento. Por outro lado, fica um alerta aos adversários: o jovem vereador, a continuar com esta confiança popular, pode vir a ser um forte nome para a disputa da prefeitura de Blumenau em 2012. Ismael dos Santos também aparece bem na enquete, assim como o vereador Vanderlei, considerando que a atual deputada Ana Paula Lima é do mesmo partido e tem apenas 2,2% à sua frente.

Segurança Pública

Aliás, se LHS não tomar alguma providência, pode cair alguns bons pontos em Blumenau em próxima enquete. Ronaldo Benedet, seu secretário de Segurança Pública, será o maior cabo eleitoral de Amin e Vignatti do jeito que a coisa vai por aqui. A comunidade está alarmada e as lideranças empresariais e políticas de saco cheio.

Vereador Jovino Cardoso disse na rádio que vai propor, como protesto para o descaso com Blumenau, que se paralise o trânsito em diversas ruas da cidade, simultaneamente. Colaborando com o vereador: a idéia é boa, mas deve ser aplicada em Florianópolis. Ao invés de trancar o já caótico trânsito daqui, temos que pisar é nos calos deles lá.

Virgem

Já estão abertas as inscrições para o concurso Miss Blumenau. O regulamento, entre alguns outros pré-requisitos, diz que as moçoilas não podem ser casadas ou ter filhos. E mais: “também é vetada a inscrição de candidatas que tenham sido fotografadas ou filmadas totalmente despidas ou expondo seios e partes íntimas”.

Sugiro, para o ano que vem, que incluam a virgindade como pré-requisito. Aí o número ficará bem limitado e se nossa Miss não vencer, pode virar uma boa freira.


terça-feira, 23 de junho de 2009

O Brasil perdeu o rumo, definitivamente

Juro que parei umas três vezes ao começar a escrever este artigo, querendo desistir antes de embalar na crítica, porque ela me soa lugar comum. Relutei, mas não resisti. Não queria mesmo cair na escrita fácil de criticar os desmandos vindos de Brasília que a mídia escancara nos espaços jornalísticos. Escândalos de deputados, escândalos de senadores e, agora, nem a Justiça escapa.

As notícias da bandalheira que se instalou no Congresso Nacional, agora chegaram ao presidente do Senado. José Sarney, um ex-presidente da República (aliás, advogo que ex-presidente não poderia mais se candidatar a cargo público nenhum), homem que já comandou os destinos da nação, hoje se mostra um desatinado capitão de uma embarcação que afunda. E que ele colabora para que afunde de vez.

São tantas as barbaridades que não há como lembrar de todas. Tem senador-rei, com castelo construído com dinheiro público, tem diretor-fantasma, tem cargos de confiança sobrando e têm muitos, mas muitos parentes de senadores e deputados deitando e rolando em cargos públicos não concursados. Ah! Mas eles não sabem de nada. Nadinha. Nunca sabem. Isso virou moda em Brasília e se espalha rapidamente. Eu também não sei. Não consigo entender como ainda estão lá.

É essa impunidade que avilta o trabalhador, o empresário e mais um batalhão de milhões de pessoas comuns, que nos envergonha como brasileiros. A eles não. Eles não têm vergonha. São todos sem-vergonhas, literalmente. E isso não é um xingamento, é apenas uma constatação. Porque na verdade são mais. São abusados, são safados e desonrados. Homens sem honra. Se é que se pode chamar pessoas assim de homens.

E quando a esperança já se esvai bueiro abaixo, ainda vem o Supremo Tribunal Federal e mostra que nem a Justiça escapa das barbáries cometidas neste país. Os ministros que lá estão, que deveriam ser homens sérios e inteligentes, acabam por decidir que não é preciso ter diploma para exercer a função de jornalista. Este país é mesmo uma piada. Só que, cada vez mais, uma piada sem graça.

Não acredito que ninguém vire jornalista quando ganha o diploma ao concluir o curso. Para ser jornalista, é preciso ter técnica e vocação, dom mesmo. Porém considerar que o exercício do jornalismo não é uma profissão – e foi isso que aquele bando de ministros togados fez – já é demais. Agora qualquer um pode se achar no direito de se dizer jornalista porque escreve uma coluninha mal e porcamente num jornalzinho de quinta categoria ou porque fala bobagens em um microfone alugado. Que beleza!, como diria o narrador esportivo Milton Leite. Só mesmo num país sem qualquer noção de rumo.

As demais profissões que se cuidem. A “inteligente” decisão do STF abre precedente para que amanhã qualquer um possa praticar a medicina e se dizer médico. Não será mais necessário diploma para ser engenheiro, arquiteto, advogado... aliás, os próprios ministros do Supremo que se cuidem. Sem a necessidade da exigência de diploma de advogado, qualquer Zé Mané pode tomar os seus lugares na mais alta corte judiciária do país.

E Zé Mané por Zé Mané, talvez os sem diploma consigam tomar decisões mais coerentes do que esses que estão lá, com diploma.


quinta-feira, 18 de junho de 2009

Cotidiano - Blumenau, 18.junho.2009

Pega mal

Deu no blog Neurônio: “Mesmo o governo do estado tendo uma grande equipe na sua Secretaria de Comunicação, a Secretaria de Turismo, Cultura, Esporte e Lazer acabou contratando, pelo valor de R$ 380 mil, segundo o Diário Oficial do estado de número 18.614, página 12, a Setecma – Associação do Turismo, Esporte, Cultura e Meio Ambiente – para divulgar eventos turísticos de Santa Catarina”. Dinheiro público é dinheiro de ninguém.

Um exercício de comparação permite fazer uma analogia caseira. Você tem cinco empregados fixos para sua mansão e contrata mais algum para fazer um serviço que os outros já fazem – ou deveriam fazer. A única diferença é que você paga isso com o dinheiro do seu vizinho, com o meu, com o de muitos desconhecidos... o dinheiro não é seu. Que mal há nisso, não?

Carona na desgraça


Toda vez que cai um avião, aparece alguém que “ia” pegar aquele vôo. É a primeira notícia assim que os fatos reais começam a ficar escassos na mídia. Aí entre este momento e a demorada divulgação das causas do acidente, começam a aparecer esses sortudos atrasados, que sempre perdem o vôo por alguma razão estapafúrdia. Porém quando o beneficiário da sorte é um político conhecido, a manobra cheira a ocupação de espaço na mídia.

É o caso de Dário Berger, prefeito de Florianópolis. Segundo nota divulgada pela imprensa da capital, ele “deveria estar” no vôo 447 da Air France, mas em função de “alterações da agenda” não o fez. Quer dizer: nem passagem havia comprado. Ia para Marrocos naquele vôo, com escala em Paris. Estranhamente (ou não), não vai mais. Foi para a Alemanha. Mas que história, hein?...

Julgamento

Matar alguém parece já não ser mais um crime tão cruel. Pelo menos é o que parece ao ver a condenação de Rosicler Bosi, em Gaspar, que orquestrou e participou do assassinato do marido. Pegou 18 anos de prisão, quando a pena máxima por homicídio é 30. Com bom comportamento, etc, etc, deve sair em seis anos. É por essas e outras que os crimes deste tipo estão se tornando banais... ou não?

Boa idéia


O Jornal da Nereu (rádio Nereu Ramos) abriu espaço para um comentário ecológico, assunto tão importante – e tão em voga nos últimos tempos. Todos os dias as 7h40min, o professor e ecologista Lauro Bacca, considerado intransigente por alguns por sua defesa em prol do meio ambiente, aborda um assunto de interesse público. De forma didática, explica os porquês da insistência em atitudes simples que podem contribuir para a vida no planeta.

Vem aí

Está para inaugurar na web, nos próximos dias, um novo portal 100% blumenauense. O projeto reúne alguns jornalistas blumenauenses que vem se destacando em suas atividades e terão colunas opinativas. Aliás, opinião sobre a notícia é a palavra-chave desta novidade que promete chamar a atenção dos leitores mais atentos. Será um portal de opinião e serviços.

Vascaínos em êxtase


Pela primeira vez, ao que me lembro, vejo torcedores de time na segunda divisão tirarem a maior onda com torcedores de um time da primeira. A inexplicável derrota de cinco a zero (5 x 0) para o Coritiba, um dos últimos colocados do Brasileirão, provocou uma tsunami de gozação pra cima dos flamenguistas. É o grande barato do futebol.

Castigo


Resta saber se é boicote dos demais pelo clube ter contratado um jogador que ganha muito mais que os outros, falta aos treinos e é constantemente perdoado, o que deve deixar os outros jogadores muito cabreiros pelos privilégios ao “Imperador”, ou se é "punição divina" por manter no elenco um jogador mau caráter como o tal do Airton, que a cada jogo pratica uma entrada criminosa contra os colegas de profissão de outros times.

Pagando Caro


Mas o Flamengo não pode reclamar. Até que é um time de sorte. Petkovich, aquele jogador iugoslavo em final de carreira, vai pagar R$ 8 milhões para jogar dois anos no Fla antes de largar a profissão. É a primeira vez que vejo um jogador pagando para trabalhar. Ele tem R$ 18 milhões para receber do rubro-negro (dívidas passadas) e perdoará quase metade desta dívida para estar no elenco durante dois anos.

Se a moda pega, o patronato vai ficar feliz...


domingo, 14 de junho de 2009

Fotos de uma esquecida Prainha

Entrada da Prainha e o local onde ficava o playground











Vapor Blumenau em novo local. Ao fundo a esquecida concha acústica










Pau de sebo no meio de um viradouro que substituiu o chafariz










Destruição contrasta com restaurante, nem a pista de caminhada restou












quarta-feira, 10 de junho de 2009

Prainha, a vergonha de Blumenau

Estive na Prainha para ver o novo Moinho e, claro, a nova Praça Juscelino Kubstcheck. Afinal, estou escrevendo um livro sobre os bastidores do Skol Rock, que aconteceu ali, nos anos 90, e tinha que dar uma olhadela na prometida bela Prainha pós-concessão do lugar à rede de restaurantes paulistas. Imaginei que encontraria uma nova praça, bela, com chafariz funcionando, luzes coloridas em suas águas, um belo playground para as crianças, bancos para seus pais sentarem confortavelmente, lixeiras por todo o lugar e talvez mais alguns equipamentos próprios de um lugar agradável cujos cuidados foram terceirizados para a iniciativa privada. E todos dizem que a iniciativa privada trata muito melhor de coisas e negócios do que o poder público.

Desci aquela tradicional e inesquecível rampa que leva os carros à Prainha e de cara levei um susto. O chafariz não existe mais. Em seu lugar fizeram uma rótula, um misto de viradouro e estacionamento para os veículos que vão ao novo restaurante. No centro da rótula, uma grande haste de madeira, tal qual um pau de sebo de festa junina, sem qualquer função. As águas coloridas e dançantes do chafariz terão que ficar na memória de quem viu. Metade da beleza do lugar se foi. Além disso, a rótula conseguiu roubar, em prol dos carros, o lugar que era das pessoas. Em torno do chafariz elas podiam sentar nos banquinhos, conversar, conviver. Agora, não mais. Não bastasse a prioridade para os veículos nas ruas, agora eles conquistaram também a praça.

A decepção primeira, que causa choque em quem conhecia a Prainha de outrora, não é a única. O navio Vapor Blumenau, que ficava ao largo do rio e era visto por quem chegava da rua Itajaí, foi deslocado. Agora fica longe das águas, bem na frente da abandonada concha acústica. Claro. No lugar onde estava, foi construído parte do mega-restaurante Moinho do Vale. Enxotada, a embarcação parece receber o devido valor que lhe é oferecido pelos blumenauenses. Depois de totalmente recuperada via recursos de leis de incentivo, o velho barco está enferrujado e até suas escotilhas foram furtadas.

Porém a situação do Vapor Blumenau combina com a da nova praça. Dali, desleixado, ele assiste ao abandono a que foi submetido a Prainha. O playground não existe mais. Para quê, não é mesmo? Enfiemos nossas crianças em frente do computador! Não há mais bancos para as pessoas sentarem. Não há mais lixeiras. A pista de caminhada está destruída. Mesinhas e banquinhos de concreto que serviam até mesmo para um joguinho de xadrez, também. A concha acústica está lá no fundo, mais do que abandonada. Parece se esconder de vergonha, atrás do navio. Até o gramado está surrado. Tal qual aqueles campos de futebol de várzea, com clarões entre um pedaço de grama e outro. A única melhora na praça, foi a iluminação.

Vou ser muito sincero. Saí de lá com um fantástico mix de revolta, tristeza e vergonha. Sei que ainda vão dizer que foi por causa da enchente/tragédia de novembro passado (2008). Não cola. A água não subiu tanto, não removeu o parquinho das crianças e nem arrancou o chafariz, por exemplo. Não cola também porque já se passaram mais de seis meses do ocorrido e a cena é de pós-guerra. E não cola, principalmente, porque os cuidados daquela área foram terceirizados para a empresa que explora o novo, belo, grandioso e magnífico restaurante Moinho do Vale. O problema é que a imponência do empreendimento comercial contrasta com a pobreza e o desleixo em que deixaram a Prainha.

Ainda quero tirar algumas fotos mostrando este contraste e publicar aqui no blog. Farei isso logo. Tem uns ângulos ótimos, mostrando a destruição do abandono com a imponência e o luxo do restaurante ao fundo. Mas o que gostaria de verdade, sinceramente, é que nesse meio tempo os responsáveis pela área – o que inclui o poder público – tomassem providências. A Praça Juscelino Kubstcheck é, hoje, a vergonha dos blumenauenses. Temos uma nobre área abandonada, um lixão às margens do rio Itajaí Açu. E um restaurante a chamar os turistas para ver aquilo que nos envergonha.

Investiram no negócio, mas não deram a mínima para o ser humano.


sexta-feira, 5 de junho de 2009

A sua vida e a sua vida dos outros

Nascemos para ser unos. Uma pessoa única, individual, inigualável. É assim que somos, quando viemos ao mundo. Ninguém é igual. Ainda que venhamos para viver em sociedade, somos uma peça única no meio deste imenso universo. Mas... até quando, até que ponto de nossas vidas conseguimos manter essa nossa unidade, essa nossa essência única e diferenciada?

A pergunta é pertinente, simplesmente porque, ao longo do caminho da vida, passamos a viver a vida que os outros querem que vivamos. Passamos a ser a expectativa que os outros têm de nós. Isso acontece em casa, no trabalho, nas relações de amizade ou mesmo nas mais íntimas. Queremos ser aceitos. Precisamos ser queridos. Assim vamos nos adaptando ao que o meio espera de nós. E ao mesmo tempo, nos afastando daquilo que realmente somos ou gostaríamos de ser.

Muitos não se incomodam com isso. A adaptação soa tão natural que sequer se pensa nesse assunto. Simplesmente se é assim. Parece até que é como se quer. Mas na verdade é como os outros querem que se seja. E nossa individualidade, nossa unicidade, nossa característica mais especial ao nascermos e que deveria perdurar por toda a vida, se esvai sem que sintamos.

Por outro lado, a grande maioria sente esta pressão. Mesmo sem parar para pensar no assunto, as pessoas costumam ficar tristes, se tornar infelizes. Há quem diga que a frustração de não conseguir suprir as expectativas dos outros é tão grande quanto tentar constantemente supri-las, ainda que com sucesso. Isto porque não se vive a própria vida, mas a vida que os outros querem que se viva. Há quem acomode o coração e a unicidade em uma meia-felicidade repleta de frustração. Há quem pare e pense sobre o assunto. Poucos tentam resgatar sua própria vida de volta.

Resgatar sua individualidade demanda coragem, desprendimento e causa sofrimento. Acreditar que se pode viver para si e para a vida, ao invés de viver para aquilo que os outros esperam de você, necessita também de uma certa dose de egoísmo. E de extrema consciência da verdade. Isso exige muito e, em geral, as (poucas) pessoas que chegam a esta conclusão preferem mesmo é deixar tudo como está.

E você? Já parou para pensar nisso?


terça-feira, 2 de junho de 2009

Mais dois momentos (rasos) de reflexão

A dádiva da dúvida é a dívida do óbvio

Quando criei esta frase, sabia bem o que queria dizer. Na minha cabeça, ela é clara. Além de dizer algo, é muito sonora, não? Quase um jogo de palavras. Tem ritmo, métrica e quase confunde a língua pelas palavras parecidas. Mas não serviria de nada se não dissesse algo.

Aí, dia desses, alguém a lê no prefácio de meu livro e pergunta o que ela quer dizer. Sempre tive isso claro, mas nunca tive de escrever seu significado para alguém. Mas escrevi basicamente isso aí, abaixo:

A dúvida é tão importante para nosso crescimento pessoal (porque nos faz questionar, buscar informações, parar pra pensar e criar uma opinião própria) que é uma dádiva tê-la. Já o óbvio tem conosco uma dívida porque é exatamente o oposto, não nos faz parar para pensar, logo não nos permite crescer.

Acredito cada vez mais que o importante não é procurar respostas, mas buscar mais perguntas.


Somos quem queremos ser

Recebi esta parábola há algum tempo e a guardei. Considerei-a tão interessante quanto verdadeira. Então divido com vocês. Quem sabe rola aí uma reflexão, hein?

Um ancião índio descreveu os seus conflitos internos da seguinte maneira:

- Dentro de mim tenho dois lobos. Um deles é cruel e mau. O outro é muito bom. Os dois lobos estão sempre à briga.

Quando lhe perguntaram qual o lobo ganhava a briga, o ancião respondeu:
- Aquele que eu alimentar.