sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Aquecimento global e catástrofes naturais

No início desta década, tive a oportunidade de fazer uma entrevista especial no programa O X da Questão. Meus entrevistados foram, separadamente, o geólogo e doutor em Engenharia Civil Juares Almond e o metereologista Hélio dos Santos Silva, ambos professores da Furb. Cada um teve meia hora para tentar explicar porque o clima anda tão modificado, anda tão maluco. Porque estamos vivendo tantas variações climáticas? O furacão Catarina, que atingiu Santa Catarina à época, motivou a entrevista. Mas ela poderia ser feita agora, pois continuamos vivendo dias estranhos...

O mais interessante é que foi esclarecedora, das melhores - senão a melhor - que já fiz em 28 anos de profissão. Entre todas as informações que os professores prestaram, me chamou a atenção a afirmação do geólogo Juares Almond sobre esses fenômenos climáticos, aquecimento global e eras glacial e interglacial.

Para fazer um resumo do resumo do que disse o geólogo naquela oportunidade, ele deixou claro que a cada 10 a 12 mil anos de era interglacial (esta que vivemos é uma delas), temos cerca de 80 mil anos de era glacial, quando o planeta praticamente vira gelo. O problema é exatamente como se dá a transição de uma era para outra. Aquecimento global, degelo das geleiras dos pólos, inundação de vastas áreas de terras em todos os continentes e, depois, o congelamento dessas águas.

Este ciclo natural que se dá desde o início do planeta, segundo estudos geológicos, transforma quase todo o planeta Terra em gelo de tempos em tempos. Seriam as eras glaciais, por exemplo, responsáveis pelo desaparecimento de espécies inteiras do reino animal.

A chegada de uma era interglacial pode ser comparada a um apocalipse bíblico. A cena já virou até filme de Hollywood. Os mares subindo e inundando tudo, pessoas morrendo, outras fugindo... segundo o geólogo, apenas a faixa de terra próxima à Linha do Equador conseguiria ser habitada. O problema é que todos os que não sucumbissem seguiriam para lá, como instinto de sobrevivência. Homens e animais das mais variadas espécies. Não haveria água potável e comida para todos e outros tantos sucumbiriam nesta luta para manterem-se vivos.

Onde quero chegar? Bem, na realidade comprovada de que independente da ação do homem, uma nova era glacial chegará. O aquecimento global é obra da natureza e embora venha sendo potencializada pela ação nociva do homem através da poluição, aconteceria de qualquer maneira. Não há como evitar. Na referida entrevista, perguntei ao geólogo sobre isto e ele foi taxativo: a ação do homem vai, no máximo, antecipar em 300 ou 400 anos a chegada de uma nova era glacial. Mas isso acontecerá independente de nossa ação e os sinais já estão aí: aquecimento global, mudanças climáticas, degelo das geleiras nos pólos... segundo Juares Almond, estamos a aproximadamente 10 mil anos nesta era interglacial, de vida plena. Devemos estar a não muito mais do que dois mil anos da chegada de uma nova era do gelo.

Disso se deduz que o homem não é o responsável pelo aquecimento global, como o discurso da mídia tenta fazer parecer. Claro que se por um lado pouco contribuiremos na antecipação da chegada da era glacial e todos os seus problemas, por outro lado podemos prejudicar nossa própria sobrevivência neste “final dos tempos” (não tão próximo assim). Isto porque diminuímos consideravelmente nossa água potável, nossas florestas e, enfim, nossa qualidade de vida, fato que pode fazer com que soframos muito antes mesmo da chegada da nova era glacial. Mas que ela virá, virá, pois tem sido assim desde o início do planeta e assim continuará. É da natureza do planeta Terra que o ciclo se complete e se repita.

Então, diante desta realidade, considero pífio e alarmista o conteúdo do discurso da mídia quando tenta fazer parecer que o homem é o causador do aquecimento global e culpado pelas suas mazelas – o que inclui essas catástrofes naturais que estamos vivendo. Claro que o homem não precisava construir de forma desordenada em encostas, por exemplo, mas não frearia a força da natureza quanto às mudanças metereológicas (chuvas em excesso, furacões, etc).

Não basta fazer o discurso fácil da defesa da natureza sem aprofundar as questões nela implicadas. A natureza e o meio ambiente devem ser preservados, sim, pelo bem da qualidade de vida dos seres vivos no tempo que ainda resta antes da próxima era glacial. Mas querer fazer acreditar que o homem é responsável pelo aquecimento global como se ele não fosse um elemento do próprio ciclo da vida do planeta, é simplificar demais um assunto sério e, de certa forma, ser leviano nas afirmações.

Não é porque o tema meio ambiente virou moda e mídia, que esta última possa ser irresponsável a ponto de buscar o aplauso fácil, em detrimento de uma abordagem mais realista do assunto.


domingo, 14 de dezembro de 2008

Cotidiano - Blumenau, 14.dezembro.2008

INTERNACIONAIS

BUSH NO IRAQUE

Um jornalista iraquiano atirou seus sapatos contra o rosto de George Bush, na última visita do odiado presidente norte-americano ao Iraque. Foi preso. Ainda não sei se pelo ato em si, ou porque errou a mira. Incompetência indesculpável. Tinha que ter acertado.


NACIONAIS

MEIA ENTRADA

Dando xabú a história da meia entrada para estudantes no Congresso Nacional. Medida que já é lei em Santa Catarina faz mais ou menos uma década, tem dificuldades de passar por lá. E com toda razão. Nunca entendi o porquê do privilégio. E o trabalhador, pai de família, que ganha pouco, sustenta filhos, anda de ônibus e mal tem dinheiro para o mês, porque não tem o mesmo benefício?

FICA MAIS CARO

O único desdobramento claro da lei da meia entrada em Santa Catarina, é que o preço do ingresso fica o dobro mais caro para todos os demais. Inclusive para o trabalhador que ganha pouco e acaba ficando fora dos espetáculos culturais. A lei é injusta para todos os outros.

HIPOCRISIA

Assim, qualquer estudante, inclusive os que possuem carro ou boa situação financeira, são beneficiados em detrimento aos demais. Uma lei assim só seria justa se tivesse critérios eminentemente sociais do tipo: todos que ganham até dois salários mínimos, têm direito à meia entrada, independentemente do segmento social em que se enquadrem. Isso é acesso à cultura, isso é justiça social. O resto é balela hipócrita para inglês ver e político faturar.

BRASILEIRO

O São Paulo ficou com o título, mas a mídia não fala mais nisso. Além do “caso Ronaldo” (no Corinthians) ter roubado os holofotes, a vitória sampaulina ficou manchada pela suspeita de tentativa de compra do juiz da partida. Que não vai dar em nada, no país da pizza. É outra coisa sobre a qual não se fala mais, por isso o “esquecimento” do título do São Paulo.

RONALDÃO

Com todo o respeito à história de Ronaldinho (hoje Ronaldão), sua ida para o Corinthians mostra que no marketing o timão saiu vitorioso em 2008,com dividendos para 2009. Já quanto ao Ronaldinho jogar bola... vai demorar. Se voltar a jogar (por causa da barriga), será apenas mais um. De qualidade, mas mais um.


LOCAIS

BOATARIA

A boataria come solta na cidade, por conta da tragédia das tempestades e suas conseqüências. É desvio de donativos, segredo de maior número de mortes e previsões catastróficas de chuvas intensas até fevereiro. Sempre quem conta diz que alguém que conhece alguém que parece ser fonte fidedigna disse que... enquanto isso o sol toma conta da cidade. E a recuperação, também.

LADRÕES

Já o que o Estúdio Santa Catarina, da RBS, mostraria à noite não se chama desvio de donativos. É ladroagem da mais baixa, tanto daquela gente que se passa por voluntário e se acha no direito de levar donativos em ótimo estado para casa, como dos soldados do 23o. BI, que envergonham o Exército Brasileiro e os blumenauenses.


BRASIL SOLIDÁRIO

É bonito de ver, na Vila Germânica, o número de caminhões (carretas, mesmo!) que chegam de todo o Brasil. São 7 a 10 por dia, segundo informações que levantei, carregadas de donativos. Vêm de todos os lugares, algumas delas com faixas identificando a cidade doadora. Os brasileiros estão de parabéns. Alguns vieram até servir de voluntários, deixando seus afazeres e dormindo no Pró-Família, tal qual abrigados da catástrofe.

Muitos blumenauenses também se doam em trabalho como voluntários no local. Mas poderiam ser mais (desde que não vão nos fazer passar vergonha, como aqueles do Estúdio SC). Bastava que cada um doasse dois ou três dias de suas vidas e não faltariam voluntários durante algumas dezenas de meses. Afinal, somos 300 mil.

SKOL ROCK

O ano de 2009 (15 anos da primeira edição do evento) pode marcar o lançamento do livro do Skol Rock, o festival que agitou Blumenau e toda a região nos anos 90 e que até hoje é lembrado com saudades pelos jovens da época. O título provisório do livro é “Skol Rock, o festival que você não viu – os bastidores”.

Até a próxima...



terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Cotidiano - Blumenau, 02.dezembro.2008

ESPECIAL ENCHENTES

INICIATIVA E SOLUÇÃO - I

Blumenau ainda vive os primeiros momentos pós-tragédia, hora de limpar as casas da lama e, para os que perderam tudo, tentar reconstruir a própria vida. Mas é prudente ir pensando num futuro bem próximo. Daqui a algumas semanas, essas pessoas precisarão de casas para morar e do básico, como fogão e geladeira.

INICIATIVA E SOLUÇÃO - II

É aí que entra a criatividade: as casas terão de ser construídas através de campanhas de solidariedade, ações dos governos (municipal estadual e federal) e, quiçá, colaboração de entidades de engenharia e empresas de construção. Ainda faltarão móveis e pelo menos dois eletrodomésticos sem os quais ninguém vive: o fogão e a geladeira, que conservam e preparam a comida.

INICIATIVA E SOLUÇÃO - III

Penso que uma sugestão poderia ser a união de fabricantes desses dois eletrodomésticos, lojas especializadas e governos. A indústria repassaria esses eletrodomésticos com baixíssimo lucro às grandes redes e lojas em geral, que venderiam os produtos com apenas 5% de lucro. Os governos liberariam os impostos. Tudo isso condicionado a número determinado de unidades de eletrodomésticos e/ou a um determinado tempo (tipo: dois meses - janeiro e fevereiro). Calculo que isto poderia derrubar o preço desses dois itens em mais de 50%.

INICIATIVA E SOLUÇÃO - IV

Claro que quem tudo perdeu não terá como comprar. Mas os demais terão. Só que ao comprar esses eletrodomésticos bem mais baratos, o cliente deve doar sua geladeira ou fogão usado e em bom estado à loja, que a disponibilizaria de graça aos flagelados. É praticamente uma rede de solidariedade onde indústria, comércio e governo abririam mão de parte de seus lucros e todos ganhariam, principalmente os que tudo perderam.

Não é fácil "azeitar" a máquina desta rede para funcionar. Mas é possível e, uma vez feito, resolverá um grande problema das famílias que perderam casas e/ou seus bens essenciais como fogão e geladeira (coisa que ninguém tem para doar).

REVELAÇÃO

Um decreto municipal de 1980 pretendia inibir construções na região sul da cidade (Garcia e fundos do bairro da Velha, além do bairro Bom Retiro). O decreto cita álgumas ruas que não deveriam ser mais habitadas, como Bruno Hering (morro da Cia), Hermann Hering, Hermann Huscher e José Reuter, sem falar da região do Progresso. Isto porque o solo não é próprio para tal, nem seguro para as pessoas.

O assunto será abordado em entrevista do Programa Clube Anos 80, da Furb FM (107,1 ou furbfm.furb.br), neste sábado, 6. O entrevistado é o presidente da Acaprena (Associação Catarinense de Preservação da Natureza) e professor de biologia Rudi Laps. A revelação foi feita pelo jornal Folha de Blumenau.

NO VALE

Apresentadores de redes nacionais de televisão estiveram em Blumenau e no Vale do Itajaí para cobrir a tragédia. William Bonner e Ana Maria Braga (Globo), Paulo Henrique Amorim (Record) e outros mostraram ao país as agruras pela qual passamos. De bom, mostram a garra do blumenauense e capitalizam solidariedade Brasil afora.

VITRINE

Nossos repórteres locais também conseguiram a tão sonhada vitrine nacional. E muitos aparacem bem na telinha, sem dever nada para os do centro do país. Pena que as notícias a serem transmitidas não são aquelas que gostaríamos...


NACIONAIS

CORPORATIVISMO

Promotor paulista que matou um jovem e feriu outro atirando 12 vezes contra eles, na saída de uma festa, no interior de São Paulo, em 2004, porque mexeram com sua namorada, foi absolvido por um juri formado por desembargadores. Deu 12 tiros em dois rapazes desarmados e alegou legítima defesa - e os desembargadores aceitaram a desculpa. Aí não, né?!?

Pior. Uma decisão dessas desmoraliza todo o sistema judiciário.

BAHIANADA

Porque a Casas Bahia insiste em fazer seus comerciais gritados, com pessoas que parecem malucos anunciando suas ofertas? Acham que isso vende? Só para quem não tem controle remoto, pois é "mute" na hora... Irritam e estressam a gente. Não entendo como isso pode ser visto como estratégia de venda.

PLIM PLIM

O foco eminentemente paulista-carioca das redes de televisão quando o assunto é futebol é irritante. A Rede Globo chegou ao absurdo de não transmitir a primeira partida da final da Copa Sulamericana e colocou filme no horário. E olha que transmitiram vários jogos desta copinha durante as fases classificatórias, quando tinha time paulista e carioca disputando. É vergonhoso!


LOCAIS

DO TÁXI

Dia de chuvarada (como tantos nos últimos meses) e casal de turistas, em visita de negócios, tenta sair do Shopping. No ponto do local nenhum táxi. Ligaram para o serviço de tele-táxi. Não podiam mandar um carro porque há ponto no local. Depois de 30 minutos esperando sem solução, correram a uma marquise para chamar um "táxi passante". O terceiro parou. Longe. Não deu ré. O casal-cliente teve que correr na chuva até o carro. Ao entrar, o taxista fumava dentro do carro fechado. Dispensou a bituca, mas não a fedentina do veículo. Ao chegar ao destino, ainda parou o carro uns cinco metros longe da entrada do prédio. Mais água na cabeça dos turistas.

Penso que está na hora do Seterb promover uma reciclagem na categoria. Ou dar curso a todos que ingressam na profissão. Ou as duas coisas. Urgente!

NOME DE BAIRRO

Há quem insista, em publicidade ou reportagens de tevê, de chamar o Bairro da Velha de Bairro Velha. A falta do "de", tira a beleza da história da principal versão do nome do bairro...

Até a próxima.