domingo, 26 de outubro de 2008

Cotidiano - Blumenau, 26.outubro.2008

NACIONAIS

POLÍTICA

Hoje (domingo) é dia de segundo turno de eleições em várias cidades brasileiras (as com mais de 200 mil eleitores, como prevê a lei). Então, talvez fosse bom que os eleitores que irão votar – e os que não irão também – lessem com atenção o texto abaixo. Ele é conhecido, mas ainda tem um monte de gente que se acha melhor do que a política, que não se interessa, que não se informa.

O Analfabeto Político (Bertold Bretch)

"O pior analfabeto é o analfabeto político.

Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.

O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política.

Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo."

Eugen Berthold Friedrich Brecht é um dos autores alemães mais importantes do século XX, especialmente nas suas facetas de dramaturgo e de poeta. Viveu de 1898 a 1956. Em www.netsaber.com.br/biografias pode-se encontrar mais sobre a vida dele. Em www.culturabrasil.pro.br/brechtantologia, pode-se conhecer a obra de Bretch. Pena que geralmente os que não precisam, é que pesquisam.

LOCAIS

CENAS URBANAS - I

Rapaz num Peugeot 206 preto, madruga quase de manhã, chega ao estacionamento do Blu Lanches, arruma discussão e sai anunciando que voltará armado. Quando chega, a PM chega junto. Armados, os policiais rendem o brigão, revistam o carro e encontram arma com número de série raspado. Não fosse a pronta ação da polícia, poderia-se ter, ali, uma tragédia.

Quanta coisa ruim acontece por aí por causa de atos de valentia, não?... Colocando em risco outras pessoas que nada tem a ver com a confusão, inclusive. Não seria melhor o rapaz ter saído com uma garota ou mesmo ir para casa dormir?

CENAS URBANAS – II

Tempo de Oktoberfest. Pessoas menos conscientes – ou mais alcoolizadas, o que dá no mesmo – urinam em frente às casas, estabelecimentos comerciais próximos à Vila Germânica, etc, principalmente nos finais de semana, quando o público é muito grande. Impossível controlar? Pois então há de se estabelecer um plano de limpeza definido, à base de jatos de água. Ruas Humberto de Campos e Alberto Stein que o digam.

CENAS URBANAS – III

Uma família de ciganos se instalou naquela nova rua que passa atrás do Corpo de Bombeiros, onde os circos costumam ficar (aliás, é interessante como terrenos locados por circos depois viram “casa” de ciganos). Vizinhança, incomodada, procurou autoridades para saber o que fazer. Recebeu como resposta que ciganos são nômades, a questão é cultural e nada pode ser feito para removê-los do local. Nem assistência social, nem abrigo público.

Interessante. Lembrei-me que é o mesmo argumento utilizado por quem pratica a farra do boi. A questão é cultural.

CENAS URBANAS – IV

Ainda sobre a mesma família de ciganos: a senhora mais velha do grupo trava batalha diária, de vassoura em mão, com quero-queros que habitam o local (provavelmente por terem ninhos ali). A cena é até engraçada, não fosse mais uma vez a intervenção do homem sobre o meio ambiente.

Até a próxima...

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Cotidiano - Blumenau, 22.outubro.2008

INTERNACIONAIS

BYE BYE, GALVÃO

Realmente, Galvão Bueno caiu no descrédito total na última corrida de Fórmula 1. Faltando sete voltas para acabar o GP da China, Felipe Massa estava em terceiro e Kimi Raikonnen, também da Ferrari, vinha em segundo. Alguns segundos (uma eternidade na F1) os separava. Aí a equipe mandou que Raikonnen deixasse Massa passar. Até aí tudo bem. No milionário circo da F1, os interesses estão acima da esportividade.

Fiquei atento para ouvir o que Galvão iria dizer, pois quando Rubinho teve de deixar Schumacher passar anos atrás, fez um escarcéu, ficou indignado, falou alhos e bugalhos. Agora, mudou totalmente de discurso. “Não foi na última volta como daquela vez”, foi sua desculpa. Quase rolei de tanto rir. Deveria ir pro Fantástico.


NACIONAIS

CASO ELOÁ. SURREAL

Pronto! A mídia nacional tem um outro Caso Isabela para falar durante mais de mês. Mas que o caso merece algumas considerações, isso merece. É um caso surreal. Senão, vejamos:

1. Um jovem apaixonado provoca o cárcere privado da ex-namoradinha.
2. Ela não sossega. Ao invés de tentar sobreviver, desafiava o rapaz com palavras.
3. A polícia não atira no “rapaz apaixonado” quando tem chance. Põe em risco as vítimas.
4. A amiga que também estava no cárcere é liberada, mas resolve voltar.
5. Todo mundo dá palpite na negociação e muitos falam com o rapaz por celular.
6. O cara coloca a camiseta do São Paulo na janela. Grande torcedor!

7. A ação da PM na invasão é digna de risadas. Mais desorganizada, impossível.
Para encerrar o rol de barbaridades e trapalhadas:
8. A amiga baleada e sobrevivente pede a visita de Alexandre Pato, o jogador, no hospital.
9. O pai de Eloá, a vítima que morreu baleada, é foragido da Justiça. Ex-PM, é acusado do assassinato de um delegado em seu estado natal.

Se contar, ninguém acredita.


DESPREPARO

Que a PM foi hilária em sua atuação, não há dúvidas. As cenas do capitão dizendo que não atirou por tratar-se de um “rapaz apaixonado” e da tentativa de arrombar a porta e entrar pela janela para liberar as reféns, são dignas dos Três Patetas (lembram deles?). Mas tão despreparada quanto a PM é a imprensa nacional. Tratou o caso – e ainda trata – o tempo todo como seqüestro, coisa que não aconteceu. Nem tecnicamente, nem juridicamente, nem popularmente. E continuam a chamar o cara de seqüestrador quando se sabe que foi ele quem matou Eloá. É homicida.

O 4º. PODER

Quem já viu o filme O 4º. Poder, com John Travolta e Dustin Hoffmann, viu o que a exposição à mídia fez com o pobre vigia que, meio por acaso, impôs cárcere privado a um grupo de pessoas num museu. Tudo bem, é filme.

Mas até que ponto a ampla cobertura em rede nacional do caso Eloá, dando voz, vez e fama ao perturbado rapaz que não era ouvido nem pela ex-namorada, fez com que o homicida gostasse da situação, prolongasse o cárcere e se enrolasse de tal jeito a ponto de não saber mais como voltar em sua ação? Afinal, o rapaz via suas fotos na tevê, o prédio cercado, suas conversas por celular sendo exibidas no vídeo... momentos de pura fama.

Será que a menina Naiara, que foi liberada do cárcere e voltou para dentro do apartamento colocando sua vida em risco (levou apenas um tiro no rosto), não sentiu o gostinho da fama em rede nacional enquanto estava lá dentro, a ponto de preferir mais algumas horas de exposição na mídia do que o anonimato de sua vidinha normal?

Enfim, será que a cobertura não beirou a espetacularização da desgraça em busca de audiência, mexendo com a cabeça de pessoas simples que, de uma hora para outra, viraram assunto nacional? Se assim não fosse, poderíamos ter outro desfecho deste caso?

São perguntas que não serão respondidas... mas deveriam ser feitas.

NÃO DIVULGADOS

Esta foi a melhor. No programete de notícias da RBS TV logo após o Bom Dia Brasil, uma notícia no mínimo curiosa: numa fuga da colônia penal de Palhoça, dois detentos vazaram. “Os nomes não foram divulgados”, disse o apresentador. Fogem dois e não há nomes? Não deveria ser ao contrário? Dar nomes e fotos? A quem interessa não divulgar? Como telespectador e como jornalista, custei a acreditar no que vi e ouvi.

FUTSAL

Falcão, o jogador da Malwee e da seleção, na decisão (da Copa do Mundo da categoria, contra a Espanha), arrumou outra confusão. Rimou. Mas não é novidade. O que tem de bom futebol, falta de espírito esportivo. O futsal de Blumenau sabe disso.

Ô, PORTUGA

Perguntinha: quantos milhões de reais serão gastos para as inócuas mudanças na língua portuguesa tupiniquim? Tão inócuas que os quatro tipos de porquês ainda continuarão existindo... Ah, é para nos adequarmos aos patrícios além-mar (cuja palavra deve manter o hífen, senão ficará horrível). Que lindo! Chamaremos fila de “bicha” também???


LOCAIS

OKTOBERCHUVA

Mas que sina, hein?... Chuva a Oktoberfest inteira. Pois só quando os portões da Vila Germânica fecharem no dia 26, o estafe do prefeito reeleito João Paulo Kleinübing vai começar a conversar sobre o novo governo.

NA FURB FM

Estreou no último dia 18 o programa Clube Anos 80, na Furb FM (107,1 ou furbfm.furb.br) Os comentários são ótimos. Com a boa repercussão, fica o convite: vai ao ar todos os sábados das 22h à meia noite. Mais detalhes em
www.clubeanos80.com.br.

DE QUATRO

Para quem gosta de um blog mais... picante, fica a dica:
www.dquatro.wordpress.com. As meninas que o fazem estão arrebentando.

Chega por hoje. Até a próxima!


quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Cotidiano - Blumenau, 15.outubro.2008

INTERNACIONAIS

IRRESPONSABILIDADE ECONÔMICA

Depois da crise provocada pela ganância imobiliária norte-americana, que se espalhou pelo planeta, fica claro que não adianta apenas valorizar termos como “responsabilidade social”. Há necessidade de criar a responsabilidade econômica, antes que o capitalismo vá por água abaixo. Tal qual já foi o socialismo puro e simples.


NACIONAIS

DEU PRA BOLA

Que Dunga nunca foi técnico, todo mundo sabe. Mas escalar três volantes e apenas um armador com a qualidade dos meio-campos armadores brasileiros, já é demais. Gilberto Silva, Josué e Elano juntos, é dose. Enquanto Lucas e Anderson amargarem o banco (melhores do que os que são escalados como titulares, eles são...), vamos ficar no zero a zero.

Só dá pra ganhar mesmo de Venezuela, Peru e Equador... e olha lá.


PROFESSOR

Sem demagogia, mas neste dia nunca é demais lembrar: não existe categoria menos valorizada neste país. Uma pena... pois é das mais importantes, senão a mais.

FACILITOU

Pode até ser uma “injustiça” a decisão da Justiça Eleitoral de não referendar a reeleição de Milton Hobbus (DEM) em Rio do Sul. Mas, convenhamos: facilitou. A legislação eleitoral está bem mais rígida e aparecer em inaugurações após homologação de candidatura, dá xabú. Como o outro candidato também pisou na bola, a decisão da justiça parece bastante razoável.


LOCAIS

LATIU

É unânime. A participação de José Ouriques, o Latinha, na eleição municipal de Blumenau não apenas deixou o pleito mais divertido, mas também deu maior audiência ao programa eleitoral gratuito e aos debates. Todos queriam ver a performance (totalmente risível) do candidato. E ele conseguiu passar dos 50 votos em sua terceira eleição.

SANTIAGO

O homem forte de João Paulo Kleinübing sai ainda mais forte do pleito. Afinal, foi o principal responsável pelo discurso utilizado pelo candidato na reeleição, discurso que encaixou na expectativa do eleitorado blumenauense. Deu no que deu.

FURB FM

A Furb FM já vem se destacando há algum tempo pela boa programação musical. De um ano para cá, colocou duas vozes femininas ao vivo na locução. Agora, ao completar 5 anos (hoje, 15 de outubro), dá uma reciclada na programação, colocando no ar novos programas. Entre eles, o Programa Clube Anos 80, que vai ao ar aos sábados, das 22 horas à meia noite. Todos os detalhes sobre a novidade você encontra em
www.clubeanos80.com.br.

NA OKTOBERFEST

Parabéns à SCI Informática pelo camarote na Oktoberfest. Os irmãos Elinton e Everton (um gremista, outro colorado) são campeões em bem receber. Não é à toa que a SCI é líder de mercado.

Até a próxima...



domingo, 12 de outubro de 2008

O poder da fé

Parece até o título de um conteúdo religioso, não? Pois não é. Hoje quero escrever da fé com o significado de “acreditar” e no antagonismo que nisto existe quanto a religião. O que estou dizendo é que fé e religião não combinam. Não quando falamos de fé em si mesmo. Pode soar estranho, mas não é.

Acreditar, crer, é ter fé. A grande pergunta que faço é: porque você deve acreditar, colocar sua fé em algo externo e não depositá-la em si mesmo? Quanta força você não teria se não disperdisasse a sua fé, o poder da sua crença, em outras coisas a acreditasse muito mais em si mesmo?

A religião, em minha opinião, desvia a sua força, se apossa dela. No momento em que você deposita o melhor do seu poder, da sua fé, em algo que não você mesmo, você se torna mais fraco. E, assim sendo, qualquer tipo de religião, misticismo, crendice, tira a sua força e a possibilidade de você fazer as coisas realmente acontecerem.

Não é à toa que desde que se organizou, a igreja busca a fé de cada um de nós. Isto lhe deu o poder por séculos, milênios... nos fez mansos “cordeiros” de Deus, nos manteve passivos e tementes. Colocamos fé em algo que querem que acreditemos e nos tornamos mais fracos e dependentes. Isto interessa à igreja e a todo o sistema que detém, históricamente, o comando do planeta.

Aprofundando esta questão, nos deparamos com o fato de que sermos cordeiros dependentes de acreditar em algo que não seja nós mesmos, nos tira a liberdade de escolha individual nos assuntos mais íntimos do ser humano. Os tementes se enquadram às regras porque não se vêem com força para enfrentar a sociedade em caso de uma opinião própria e individual que não esteja alinhada com o que a igreja, utilizando o nome de um deus único, soberano e implacável em sua justiça divina, incrustrou na cabeça do ser humano desde sempre.

É com o se não tivessemos vontade própria e, mesmo a tendo, não tivessemos coragem de encará-la; não encontrassemos forças para assumi-la. Acabamos, pela fé na religião ou qualquer outro aforismo exótico, desviando-nos de nossa própria vontade por não enxergarmos a força que podemos ter ao empenharmos toda a nossa fé em nós mesmos.

Mas não é só a força que perdemos neste processo. Não é só o poder de transformar nossas vidas que perdemos. O que realmente perdemos ao acreditarmos em outras coisas que não em nós mesmos (cada um acreditando em si próprio e agindo como tal) é a possibilidade de alcançarmos a verdadeira liberdade e, com ela, um maior número de momentos felizes – o que costumam chamar de felicidade.

Ou não é verdade que este sistema religioso que vigora há pelo menos dois milênios tem deixado os seres humanos infelizes ao criar pecadores e tementes, pessoas mais fracas e naturalmente dominadas? Ou não é verdade que o drama de consciência criado entre o que se quer e o que se é moralmente permitido cria cada vez mais pessoas depressivas, desgostosas com a vida repleta de obrigações e poucos prazeres... enfim, infelizes?

Mas é somente a igreja culpada disso? Penso que não. A religião apenas se aproveita dos fracos para tomar conta de sua fé. Porém, muitas pessoas colocam sua fé em outras crendices, como forma de ter algo para acreditar. É como se fosse impossível crer em si mesmo. É como sua fraqueza buscasse uma outra força, seja ela a religião, misticismo ou crendices quaisquer, para compensar a falta de fé em si mesmo. A esses, talvez a igreja até ajude. Afinal, muitos foram tão doutrinados a crer em algo não palpável, que não saberiam viver de outra forma... não saberiam buscar sua própria força. É muito mais fácil acreditar que outras forças determinam sua vida - e culpá-las quando as coisas não dão certo.

Considerando o que escrevi, baseado na comprovação científica de que o ser humano utiliza pouco mais de 3% da capacidade de seu cérebro, vislumbrando a realidade de que quanto mais as pessoas acreditam em outras coisas que não em si mesmas mais dificuldades têm em gerir sua vida prática cotidiana, acredito que se uma pessoa coloca toda sua crença em si mesma ela faz acontecer, opera “milagres” reais como alcançar um índice de liberdade pessoal e mental tão grande que possa ser comparado coma felicidade plena.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Cotidiano - Blumenau, 07.outubro.2008


INTERNACIONAIS

ADEUS USA

Curado o porre das eleições por aqui, é hora de enfrentar a tsunami provocada pela quebradeira norte-americana. É o que dá ter uma moeda forte a ponto de nortear a economia nos outros países. A crise deles, provocada pela irresponsabilidade e ganância econômica, vai acabar trazendo prejuízo a todos.

Dá bom discurso para o candidato de oposição Barack Obama.


NACIONAIS

A FESTA

Costumam chamar as eleições de "festa da democracia". Festa, só para quem ganha. Mas somente após a eleição em segundo turno, na grande maioria das principais capitais, é que estará desenhado o novo mapa político do país.

MARAVILHA

Túlio Maravilha, o artilheiro falastrão, agora também é vereador. Foi o terceiro candidato mais votado de Goiania, a capital de Goiás. Como é de seu estilo, ao comemorar a eleição já falou em ser deputado, governador e quem sabe até presidente da República. Ô marketing...


LOCAIS

POLÍTICA É...

Alguns amigos ligados ao PT questionavam, dia desses, minhas notas neste blog, em colunas anteriores. Como sempre fiz questão de emitir minha opinião em cima de fatos e de leituras da experiência política, confesso que não compreendia muito suas críticas. O resultado das eleições para prefeito em Blumenau, por exemplo, comprova aquilo que eu escrevi nas colunas Cotidiano neste período.

Política é ciência, gente... Todos deveriam entender que para pensar politicamente, tentar reconhecer as estratégias e seus possíveis resultados, fazer uma análise real da situação, é necessário manter a paixão ideológica longe.

PROVA DISSO...

Ainda no dia da eleição, com tudo o que já estava posto, divulgado e visto, ainda houve quem me chegasse e dissesse que acreditava na vitória do candidato Décio Lima (PT) no primeiro turno. É nessas horas que a paixão ideológica ou partidária atrapalha a visão da realidade.

PORCALHÕES

Por falar em dia da eleição, mais uma vez pontos de ônibus e entradas de seções eleitorais amanheceram emporcalhadas com santinhos dos candidatos espalhados pelo chão. Se o cara não teve competência para ganhar o voto durante a campanha, ganhará assim? Conheço algumas pessoas que disseram que deixaram de votar em determinados candidatos ao ver seus santinhos emporcalhando a via pública.

E a Justiça Eleitoral, que arrumou uma legislação tão rígida este ano, poderia incluir uma pesada multa aos que fazem isso.

NA CÂMARA

Tudo bem. Não era preciso ser mágico para prever quantas cadeiras cada partido/coligação faria nesta eleição. Mas copio abaixo (agora em itálico) o texto que escrevi nesta coluna sete dias antes de 5 de outubro. Acertei na mosca!

“Vejo grandes possibilidades dos Democratas fazerem 4 vereadores (com possibilidade de 5). A coligação PSDB-PMDB dever fazer 4 (pode chegar a 5). O PT faz 2, de certeza (mas pode chegar a 3 na legenda). O PP deve fazer apenas 1 (mas não será surpresa se fizer 2). Se considerarmos que todos esses façam a possibilidade máxima, já somaria 15 e fecharia a conta. Mas há muita possibilidade de algum não chegar a este número máximo e o PDT conseguir colocar um vereador seu. E é isso. Os demais pequenos, sem chance.”

DEM fez 5, PSDB-PMDB 5, PT 2, PP 2 e o PDT 1.

SURPRESAS

O mau desempenho do PMDB, que fez apenas 1 vereador. DEM e PSDB tinham boas nominatas, fizeram bom número de vereadores. O PT ficou refém do fraco desempenho de seu candidato a prefeito. Senão teria eleito mais um para a Câmara.

INDIVIDUAIS

Não quis dar os nomes de quem eu apostava que se elegeria para a Câmara. Mas se o tivesse feito, ganharia o bolão de novo. De uma forma geral, apenas Vânio Salm (PT) e Zeca Bombeiro (PDT) me surpreenderam com seu bom desempenho e eleição. Acreditava num bom desempenho de Beto Tribess (PMDB) e Helenice (PSDB), mas não imaginava que superassem Marlene Schilindwein, Gaspar e o próprio novato Álvaro Pinheiro. Sabia que Veneza (DEM) era forte, mas confesso que estava difícil para arriscar o quinto eleito do partido, pois Norma Dickmann (que ficou com a primeira suplência) também era de chegada.

No geral, acertaria de 11 a 12 novos eleitos. Ganharia o bolão.

BONS DE VOTO

Jovino Cardoso (DEM) mostrou ter trabalhado bem no seu primeiro mandato e se reelegeu como o candidato mais votado (6.494 votos). Mas surpreendente foi a votação de Napoleão Bernardes (PSDB). Garoto simpático, de bom caráter (se bem que isso não determina eleição), competente e sério, fez 6.352 votos, quase cinco mil a mais do que a eleição passada, em que fez 1.700. Conseguiu chamar para si a vontade de renovação do eleitor.

Tutu (PP) não se elegeu. Fez 1.143 votos. Mas para uma figura que coloca como proposta construir um estádio de futebol na região para a Copa do Mundo, fez muito.

NÚMEROS

Para quem estiver curioso sobre os números desta eleição, alguns números: nas 561 seções eleitorais de Blumenau, compareceram 187.615 eleitores neste dia 5. Deste total, 7.304 anularam seu voto para prefeito e 3.615 votaram em branco. João Paulo Kleinübing (DEM) foi eleito com 112.509 votos (63,67%). Décio Lima (PT) obteve 48.754 (27,59%), Ivan Naatz (PV) 13.664 (7,72%), Dari Diehl 1.280 (0,72%) e José “Latinha” Ouriques 509 votos (0,29%).

Ficou claro que os que estavam indecisos até o dia, descarregaram seus votos em JPK. O resultado ficou acima do percentual das pesquisas, até mesmo das mais rechaçadas pelo PT. Ivan Naatz fez a votação que dele se esperava, mas impressionou o mau desempenho nas urnas da candidatura Décio Lima/Amauri Cadore.

Os números de vereador podem ser vistos no site do TRE (tre-sc.gov.br).

Até a próxima!

sábado, 4 de outubro de 2008

Cotidiano - Blumenau, 04.outubro.2008

NACIONAIS

PIOR A EMENDA

Hoje é dia de discutir o pão francês... você já notou que depois que deixaram de cobrá-lo por unidade e passaram a cobrar por peso o pão francês subiu de preço assustadoramente? A emenda ficou pior que o soneto. Antes você sabia quanto pagava pelo pãozinho. Se numa padaria custava R$ 0,10 e na outra R$ 0,15, você optava onde comprar. Agora, por peso, você tem que calcular isso. Como a grande maioria não o faz, paga bem caro pelo pãozinho francês (preço de importado).

Ontem mesmo paguei mais de R$ 0,40 a unidade (R$ 6,50 o quilo). Só fui fazer a conta depois, coisa que poucos fazem... Comparado aos pães de fatia, é desvantagem na certa. Artigo de luxo, para francês comer. E antes que alguém pense "o Fabrício endoidou, tá discutindo o preço do pão", é bom lembrar que isso também é política. Econômica. Além de exercício da cidadania.


LOCAIS

ÚLTIMA PESQUISA

Não contestada pelo candidato Décio Lima (PT), que estava apenas sete pontos atrás de João Paulo Kleinübing (DEM) na primeira pesquisada Mapa/Santa, a última pesquisa divulgada hoje (4) aponta a vitória de JPK no primeiro turno: 50,9% contra 29,1% de Décio, 6,6% de Ivan Naatz (PV) e 0,4% de cada um dos outros dois candidatos.

Décio Lima contestou veementemente as pesquisas Brasmarket/RIC Record chamando-as de mentirosas. Elas apontavam uma diferença de pouco mais de 30%. Esta pesquisa não contestada da Mapa aponta diferença de 21,8%. Considerando as chamadas margens de erro (para cima ou para baixo), as pesquisas dos dois institutos não ficam tão diferentes assim...

DOMINGO, 5

Neste domingo, então, os eleitores vão decidir quem vai governar a cidade nos próximos quatro anos. Mas pelos números das pesquisas e pelo que se vê na rua, o próximo prefeito já está escolhido. Resta escolher bons vereadores também.

ESTRATÉGIAS

No começo do ano, Décio Lima e JPK estavam praticamente empatados. Quando começaram os programas eleitorais de rádio e tevê (o comício eletrônico), as estratégias começaram a definir a eleição. A de JPK foi muito melhor do que a do seu principal concorrente. Isso ficou visível no discurso adotado, nas músicas, na produção. E ficou sacramentado com a entrada no ar do Sr. Consciência, o soturno do PT. Ali, Décio começou a ver sua campanha ser jogada fora.

CONSEQÜÊNCIA

Como conseqüência de uma estratégia acertada e outra errada, quando veio a primeira pesquisa Mapa/Santa João Paulo já estava sete pontos na frente. Aí o PT teve que partir para o ataque. Se permanecesse na mesma linha estratégica não ganharia. Atacando, correu o risco de perder ainda mais. Foi o que aconteceu. Mas a leitura da campanha é clara: o PT perdeu porque em sua estratégia escolheu o discurso errado lá no início. Perdeu ali.

DOS DEBATES

A atual fórmula dos debates políticos realizados na televisão não mudam e não mudarão qualquer resultado eleitoral, onde quer que seja. A fórmula pergunta-resposta-réplica tréplica engessa qualquer discussão. Para piorar, a estratégia dos candidatos faz com que o debate pareça um monólogo com mais de uma pessoa.

MONÓLOGO

Isto porque cada um pergunta o que quer responder e o outro responde aquilo que quer – e não exatamente o que lhe foi perguntado. É assim: um pergunta sobre o que o outro acha do cor azul. O inquirido, ao invés de falar sobre a cor azul, fala sobre maçãs. Na réplica, quem perguntou fala sobre o que acha da cor azul. E o outro, na tréplica, continua falando de maçãs. Logo...

PAPO DE DOIDO

Mais parece papo de doido. Enquanto os debates tiverem que ser comportadinhos, com cada um falando na sua vez sem poder ser interrompido pelo outro caso não responda à pergunta feita, por exemplo, vamos continuar vivendo no mundo do faz de conta. As emissoras fazem de conta que promovem um debate, os candidatos fazem de conta que debatem e grande parte das pessoas faz de conta que assistem a um debate.

Colaborar para a decisão do voto, nem pensar...

PIADINHA INFAME

Aliás, o pessoal já diz que os debates privilegiaram o candidato José Ouriques (PTC). Na primeira pesquisa aparecia com 0%. Após os debates (papo de doido), subiu para 0,4%...

PANFLETAGEM

Os candidatos que deixaram para fazer panfletagem na frente das universidades nos últimos dias, se deram mal. A concorrência era grande e isto fez com que os universitários, de saco cheio de tanto papel, recusassem os “santinhos”. Mesmo quem pegou, reclamava...

EXAGERO

Este exagero no “ataque” aos eleitores, faz com que eles fiquem ainda mais arredios à política. É fato. Se a grande mídia nacional já presta o desserviço de só noticiar o ruim da política e criar a rejeição na população, este exagero potencializa este sentimento. O que é muito ruim. Nas universidades deveriam estar as cabeças pensantes do presente e futuro, mas a grande maioria prefere encher a boca para dizer que “não gosta de política”. Como se seu emprego (ou desemprego), o preço do seu lanche, sua cerveja, seu ônibus ou mesmo a chance de comprar um carrinho, não dependesse da política.

É uma pena que grande maioria dos universitários prefira fazer parte da grande maioria de analfabetos políticos que temos no Brasil.

DEBATE COLEGIAL

O Colégio Sagrada Família convidou os candidatos a prefeito para responderem perguntas dos alunos. Nem todos foram, mas os dois principais estavam lá. Ponto para o Sagrada. Pena que outros colégios – especialmente os grandes – não tiveram a mesma visão de cidadania. Poderiam colorar – e muito – para formar eleitores mais conscientes no futuro, melhorando a qualidade dos políticos eleitos.


Até o pós-eleição, pois...