quarta-feira, 19 de agosto de 2015

O PROBLEMA (NÃO-PENSANTE) DO PT

Fake do PT tenta intimidar. Descoberta, foi eliminada do facebook.


O problema que o PT enfrenta hoje no governo não é responsabilidade da “grande mídia nacional” ou de “coxinhas” de plantão.  É resultado de alguns imensos desvios de conduta de várias de suas lideranças. Não que tais desvios de conduta não tenham ocorrido em outros governos e com outros partidos. Porém, há algumas décadas o Partido dos Trabalhadores dizia-se diferente... mais ético. Na prática, não provou. Há um ditado que costuma dizer que “a língua é o chicote do rabo”. Mas penso que, além disso, o PT tem um outro problema grave: boa parte de seus seguidores.

A utilização de táticas de guerrilha no trato com pessoas que pensam diferente, em uma pregação ideológica que beira o fanatismo, cria uma repulsa de grande parte da população aos ideários petistas. É difícil aceitar a negação cega de que os negócios escusos do Petrolão não são uma realidade, ou de que para se reeleger a então candidata Dilma enganou a população dizendo que tudo estava bem na economia nacional. Não foi o PT que inventou esta prática na vida pública nacional, mas usou e abusou dela nos últimos anos. Negar isso, é fanatismo.

Quando parte de seus integrantes não conseguem conversar como seres amadurecidos sobre os fatos da política nacional, passam a utilizar táticas de intimidação a qualquer pessoa que discorde de suas opiniões. São esses que dizem ter lutado pela democracia... desde que você não discorde deles. Só eles estão certos; a opinião deles tem de prevalecer. Se o interlocutor tem melhores argumentos, então partem para as ameaças. Foi o que ocorreu comigo logo após troca de posts no facebook da deputada Ana Paula Lima. Discordei de uma publicação no face da deputada. Considerei demagógica. Com respeito passamos a discordar, ela e eu, em comentários no próprio face de Ana Paula. Isto aconteceu na noite de sexta-feira, dia 24 de julho.

Em determinado momento, como ela respondia muito, e algumas respostas não estavam no nível de uma deputada, com grosseiros erros de português inclusive, passei a considerar que “operadores” de rede social contratados fossem os respondedores. Considerei-os ruins e coloquei esta opinião nos comentários que fiz. Não deu cinco minutos recebi uma mensagem de um fake (pessoa não existente) intitulada Paula Jensen, in box, no face, com ameaças. Dei um “print” em todas via celular, bem como nas mensagens trocadas nos comentários com a deputada, mas não vem ao caso publicar tudo aqui. Mas rapidamente, naquela noite, três fakes da mesma leva foram eliminados pelo facebook. O fato não teve, para mim, a importância que eles acusaram ao ter a opinião deles contrariada. O que talvez não saibam, é que tentativas de intimidação podem funcionar com um gurizote qualquer, não comigo. Muito pelo contrário.

Ato seguinte, o vereador-genro foi para a tribuna da Câmara falar bobagens com a nítida intenção, mais uma vez, de intimidar alguém que pensa diferente, que dá sua opinião. Mal informado, falou uma série de asneiras de quem não tem capacidade para o cargo eletivo que exerce. Ainda assim, esta é a democracia. Assim como Dilma, está lá porque foi eleito. É visível que nem sempre o povo acerta na escolha. Quando o eleitor elege um vereador, imagina que ele ocupe espaço na tribuna com bons projetos para a cidade. Mas quando não se tem o que somar, utiliza-se o precioso tempo da vereança para se preocupar com a opinião de quem não concorda com o ideário petista. Uma pena!  

Difícil imaginar uma carreira política melhor para quem prefere picuinhas de facebook do que mostrar uma ação positiva em prol da cidade. Tenho certeza de que eu mesmo, sem nunca ter tido um cargo eletivo, já fiz muito mais por Blumenau do que o infeliz e amargurado edil. É daqueles que só sabe criticar e não consegue construir nada. E ainda erra feio em números como, por exemplo, ao citar meu salário na tribuna. Como colocou 50% a mais na conta falaciosa, talvez alguém que ele conheça possa estar ficando com parcela do que deveria ser meu, fruto do meu trabalho. Alguém além do Imposto de Renda, claro, que já come cinco meses por ano de minha labuta.

É por essas e outras que o PT, quando erra, consegue ter um turbilhão de críticas contra si. São patrulhadores ideológicos, dispostos a tudo para prejudicar quem deles discordam. Colhem o que plantam.  Um tanto pelos grosseiros erros em si, que escancaram e institucionalizam a corrupção no país, outro tanto pela “turma da guerrilha” que parece ter sido treinada para a guerra, mas que não consegue pensar. Então não devem tentar debater com que pensa. Simples assim.


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“O patrulhamento é hiperpreconceito, é um exercício contundente do preconceito, é um desrespeito ao outro. Nós só somos democratas se formos capazes de aceitar o diferente da gente”.   

(Eduardo Portella, crítico, professor, escritor, conferencista, pesquisador, pensador, advogado e político brasileiro. Pertence à Academia Brasileira de Letras)