quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

EM TEMPOS DE VACAS MAGRAS...

Lula terá saúde para concorrer?  E terá chances depois de tantas denúncias de corrupção contra o PT?

A derrocada do governo da presidente (com “e”, como manda o bom português) Dilma e do PT, que afundava e tentava desesperadamente se salvar do afogamento no mar de lama de corrupção provocado por eles mesmos (vide Petrobrás, Lava Jato, Polícia Federal), recebe agora mais uma enxurrada chamada crise econômica para tapar de vez olhos, nariz e garganta. Morreram afogados, embora alguns deles ainda insistam em transitar por aí, tal qual zumbis.

A saída do PT do poder, seja por um improvável impechment, seja pelo voto na próxima eleição presidencial, começa a gerar debates sobre as outras opções que o eleitor brasileiro terá. Independentemente do viés ideológico, cada vez mais em desuso na política brasileira, pululam nomes aqui, ali e acolá, o que inclui, claro, as redes sociais. Alguns nomes se apresentam. Parece cedo, mas não é. Embora a eleição presidencial seja somente em 2018, o caminho até uma candidatura com algum peso necessita de pavimentação prévia.

Pelo menos cinco nomes aparecem nas análises políticas mais sérias, nas rodas de conversa de quem curte o meio e até mesmo nos comentários (nem sempre inteligentes, geralmente de pouco conhecimento e profundidade) das redes sociais. O PSDB que tem Aécio Neves como natural candidato, se vê às voltas com o interesse de Geraldo Alckmin em concorrer. Aécio fez uma oposição combativa ao atual governo logo após a eleição, mas já deu uma sumida. Além dos tucanos, naturalmente a também ex-candidata Marina Silva, da Rede, é nome lembrado. Como não é exatamente uma oposição ao que está aí, está mais apagada do que Aécio.

Ciro Gomes, que já tentou e bateu na trave, esteve fora do processo eleitoral de 2014. Parecia que não estava interessado mais na presidência, mas agora teve seu nome lançado pelo PDT. Resta saber o quanto conseguirá encorpar sua candidatura após um aparente sumiço do grande palco eleitoral nacional. O nome mais polêmico com alguma densidade eleitoral inicial (ainda é cedo para dizer como as coisas vão andar) é o do deputado Jair Bolsonaro. Pelas suas declarações polêmicas, geralmente conservadoras, muitas delas polemizadas pelas interpretações de seus antipatizantes, é uma espécie de candidato “ame-o ou deixe-o”. E por incrível que pareça é exatamente isto que pode ajudar a fixar seu nome no imaginário popular. Muitos o deixarão, outros tantos o amarão. Além do que suas posições conservadoras linha-dura parecem se encaixar em um momento onde o Brasil vive uma crise institucional, uma verdadeira baderna político-administrativa-eleitoral.

Falta muito tempo para as eleições presidenciais de 2018, para desespero de muitos brasileiros que não votaram em Dilma ou que se arrependeram de tê-lo feito. Porém é na construção do caminho que se constroem as possibilidades; é na pavimentação da estrada que se prepara a possibilidade de chegar ao destino. Em tempo de vacas magras de candidaturas, qualquer quilo a mais dá um churrasco.


VALE EUROPEU

Postei recentemente em meu face: recebi a boa notícia oficial de que o livro História, Cultura e Belezas do Vale Europeu, que produzi e lancei em maio de 2015 via Lei Roaunet, foi importante fonte de pesquisa da equipe de produção do Globo Repórter para a escolha da região como exemplo de opção de turismo de bom nível. O programa foi ao ar na última sexta, dia 19. A informação chegou bem no momento em que estou captando recursos para outro livro na mesma linha, só que agora sobre Blumenau. Incrementa motivação.


SUPERMERCADOS

Nunca saia de um supermercado onde você comprou determinadas coisas e vá a outro para comprar uma coisinha que faltou. Muito provavelmente ao chegar ao segundo supermercado, você constatará que pagou mais caro por quase tudo no primeiro.


VIDA BANDIDA

Algo tem que estar acontecendo com o Angeloni. Frutas e verduras deprimentes, preço alto e ar condicionado meia boca... bem meia boca. E o atendimento nos caixas já foi muito melhor. Nem parece o mesmo supermercado de algum tempo atrás. 


FEIRA

Aí se você tiver tempo e vontade de passar calor, as feiras livres passam a ser uma opção interessante. Há algumas que vendem produtos a R$ 2,15 o kg de quase tudo (tomates fora, pois são produtos de luxo). Uma economia pra lá de vantajosa, apesar dos  desconcertantes horários de funcionamento.   


É A ZIKA

Nunca antes na história deste país ouviu-se falar tanto no mosquito ‘do Aécio do Egito’. Os telejornais viraram panfletos eletrônicos para uma população que está perdendo de 7 a 1 para o inseto voador. A informação é muito importante, mas a ação é fundamental. E haja saco para ouvir todo dia a mesma coisa.


TV ABERTA

Se cair o sinal da tevê a cabo, a vida na frente da telinha vira um deus nos acuda. Do tipo escolher entre Big Brother e Troca de Casais. Corre, desliga tudo e vai ler um livro.


KART

Começa neste sábado, dia 27, no kartódromo de Indaial, a temporada 2016 do campeonato do Kart Clube Blumenau. Este ano são duas categorias em disputa com 11 pilotos em cada. A Máster, composta pela galera que correu no ano passado, e a Light, do pessoal que entrou agora, imensa maioria da imprensa. Serão 10 etapas de fevereiro a novembro nas pistas de Indaial e Ascurra. Os quatro primeiros da Light disputam a categoria Máster em 2017. Já os que ficarem com as quatro últimas posições na Máster, disputarão a Light ano que vem.


Cada vez mais difícil repetir o terceiro lugar na classificação geral que obtive em 2015. Galera anda voando...

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

VALE EUROPEU, UM ORGULHO


Caminho para Rio dos Cedros. Bonitas paisagens. 

Para quem conhece um pouquinho do Vale Europeu, região de 49 municípios que tem Blumenau como cidade polo, sabe o que esperar do programa Globo Repórter que será exibido nesta sexta-feira, 19. Apesar de se encontrar no Brasil – com todos os problemas de um país que tenta se desenvolver mas esbarra na falta de infraestrutura e excesso de corrupção, o Vale Europeu tem mesmo características de um Brasil melhorado. Não só pelas construções em arquitetura enxaimel ou pela cultura diferenciada do povo daqui, mas também pelos índices sócio-econômicos que colocam a região em uma posição invejável.

O que será mostrado para todo o Brasil e exterior através do Globo Repórter desta sexta-feira, está explícito em imagens no livro História, Cultura e Belezas do Vale Europeu, lançado no ano passado graças às possibilidades da Lei Rouanet. A diferença é que no livro que tive a oportunidade de conceber, esta história é contada muito mais por belíssimas imagens fotográficas do que por palavras, ainda que o pouco texto seja especial, poetizado e bilíngue. Ter contato com este livro é uma chance de conhecer melhor a região. Porém, melhor é utilizá-lo como guia para visitar lugares fantásticos.


Um dos municípios exibidos no livro é Rio dos Cedros, de colonização italiana e que encanta a todos com seus belíssimos lagos artificiais criados na década de 1950. Cada vez que vou a localidade de Alto Cedros, volto renovado e maravilhado com as possibilidades que vão de um ótimo banho de cachoeira a um passeio de lancha; de uma cavalgada em meio ao campo ao simples admirar do cair da tarde que traz consigo temperaturas sempre mais amenas. E olha que Rio dos Cedros, esta beleza desnudada, é só um dos 49 municípios do Vale Europeu. Desta última vez, tirei mais algumas fotos.




Alto Cedros: fantástico.

Se conceber, produzir e lançar este livro me fez ainda mais fã da região, o Brasil todo poderá conhecer um pouquinho das maravilhas deste Vale no Globo Repórter de hoje. É o primeiro do ano e acredito piamente que deve servir de orgulho para a gente de Blumenau e de todos os demais municípios que compõem a “Europa brasileira”, ainda que existam alguns que sempre prefiram ver somente a metade do copo vazio.


Pagando o pato

Vamos lá. Mamãe governo não está contente só com os cinco meses em que a gente (você, eu, todos) trabalhamos para ela por ano. Por isso, o brasileiro vai pagar mais do que o dobro de Imposto de Renda em 2016, isso porque a tabela deste ano não foi corrigida pela inflação. Acaba sendo um aumento de imposto disfarçado, igual aqueles da bolacha de pacote que diminui de gramatura mas mantém o preço. Quem mais vai se ferrar são os trabalhadores com salários mais baixos. Com a inflação (oficial) na casa dos 10% ao ano, os salários são corrigidos e o trabalhador que era isento do IR cai nas faixas de contribuição. Mamãe governo que antes corrigia a tabela, disse que precisa arrecadar mais. Ou seja, ferremo-nos nós.


ALILÁS

Conversando com alguns empresários esta semana, fiquei ainda mais preocupado com a crise econômica nacional. Com o dólar alto e a retração no consumo, todos estão se queixando do momento – que é de recessão. Como uma bola de neve, a diminuição de atividades em um setor prejudica o outro e a coisa ganha velocidade ladeira abaixo. Eles nem vem perspectivas para 2016.


TRANSPORTE

A situação deu uma melhorada em relação às primeiras semanas do transporte coletivo, mas ainda está longe do ideal. Era de se esperar. Uma situação emergencial em uma cidade com mais de 120 mil usuários diários, sistema integrado por terminais, estações de pré-embarque, bilhetagem eletrônica e tantas variáveis, exige um tempo para adaptação da empresa que está prestando o serviço de emergência.


COLETIVO

Era necessário romper o contrato com o Siga, que dava claros sinais de falência. Se não rompesse, a cidade viveria muitos e muitos dias sem nenhum ônibus, como aconteceu entre Natal e Ano Novo por exemplo. Aí seria muito pior. Digo que o prefeito Napoleão foi corajoso – e agora paga um preço por isso. Não existem 200 ônibus em bom estado, prontos para serem colocados em uso, esperando um rompimento de contrato de concessão em qualquer lugar do Brasil. Por isso, vieram os que eram possíveis. E que precisam ser melhorados com manutenção ao longo deste período de emergência.


A SOLUÇÃO

A solução só virá na nova licitação, é minha opinião. E é aí que prefeitura e sociedade têm que centrar esforços. É a oportunidade de dar um salto de qualidade na prestação do serviço de transporte. É claro que este salto precisa ser feito dentro da lógica e das regras de mercado. Mas podemos começar com uma frota de ônibus novos, melhores e mais modernos. Por outro lado, um processo licitatório demora. A burocracia do setor público, que existe para buscar transparência e publicidade do processo, também o deixa lento, muito lento.

Um dia, lá na frente, as pessoas verão que aquilo que foi feito precisava ser feito e o foi da melhor forma possível. Ainda que a melhor forma, emergencial, não atenda o padrão de qualidade ao qual os blumenauenses estão acostumados e têm direito.


ENQUANTO ISSO

As pessoas continuarão reclamando – e, na grande maioria das vezes, com razão. Tirando alguns que só querem fazer espuma, se aproveitando politicamente da situação. É preciso melhorar o que for possível neste momento emergencial e partir pro futuro, pensar lá na frente.


LULA-LÁ

É impressão minha ou o ex-presidente Lula está utilizando artifícios jurídicos para protelar seu depoimento sobre o tripléx que não é nem nunca foi dele como nunca antes na história deste país?

Porque se for, não estou vendo muita diferença do que faz o presidente Eduardo Cunha na Câmara dos Deputados...


METRÔ

E não é que o Metrô surpreendeu todo mundo com a contratação de Léo Moura?  O time, que não é favorito para chegar entre os 4, joga futebol mediano e melhor resultado foi a vitória fora de casa contra o Guarani de Palhoça. Porém só enfrentou um dos cinco grandes até agora, o Joinville, com quem empatou em 0 a 0 lá em Joinville. O teste pra valer será quando jogar contra os outros quatro favoritos.


Torçamos!

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

O QUE DIABOS ACONTECEU COM A GERAÇÃO Y ?!


Um texto de Ícaro de Carvalho (https://medium.com/@carvalho.icaro) sobre liberdade, responsabilidades e as misérias de uma geração que está se perdendo no meio do caminho.

 

 

(Recebi este texto via facebook, enviado pelo meu filho Thierry – que, aliás, ao compartilhar fez uma ressalva: embora pareça se dirigir ao meio publicitário, serve para as pessoas, independente de profissão. Ao ler, você perceberá. É um texto longo, mas muito bom. E que como provoca o pensar, resolvi reproduzir aqui no blog. São raras as vezes que uso texto de alguém, mas quando o texto é muito bom e vem ao encontro do objetivo do blog, faço com prazer.

 

Boa leitura!)

 

 

Na semana passada eu ouvi de um garoto, ainda na faculdade, o seguinte depoimento:

“Seu texto sobre a subserviência das empresas em relação ao cliente deveria ser pregado na porta de entrada de todas as empresas do país, nas salas de reuniões e ser repetido como mantra em palestras de empreendedorismo para todos os empresários do Brasil. As agências de publicidade, especificamente, estão atingindo um nível de servidão pior do que pastelaria.

Na pastelaria ninguém fica acelerando o pasteleiro. Ninguém manda e-mail para o pasteleiro mandando ele entregar o pastel na mesa dele até as 9h da manhã. Para o pasteleiro, quanto mais horas ele trabalhar, mais ele vai ganhar. Falar em hora extra em publicidade só vai fazer as pessoas rirem. Enfim, desculpa o desabafo”.

Somos uma geração de bobos que se acha esperta. Nossos pais davam duro, saiam de casa cedo, trabalhavam como doidos, indo e vindo do centro da cidade, em cartórios, lotéricas e visitas bancárias, muitas vezes em carros sem ar-condicionado, mas ganhavam bem o suficiente para sustentarem uma família com três filhos, carro, cachorro e ainda levavam todos para comerem churrasco aos domingos.

A geração de hoje se deixa enganar pela falsa sensação de divertimento, que nunca tem fim. Transformaram o ambiente de trabalho em um circo, para que você ouça: “Ei, mas aqui é divertido! Dane-se se não te pagamos horas-extra ou se te colocamos para trabalhar por toda a madrugada em troca de pizza. Aqui você pode trabalhar com boné!”.

Veja como o nosso ambiente de trabalho é divertido. Te pagaremos mal e não respeitaremos a sua hora de almoço. Hora-extra? Nem pensar! Whatsapp depois do trabalho? Com certeza, afinal de contas, você ainda não tem filhos! Ah, mas te daremos kit kat e café expresso de graça!

Quando nossos pais estavam em casa, eles estavam em casa mesmo! Dane-se que o trabalho tinha sido duro, após as 18:00 eles sentavam naquele sofá da Mesbla, abriam a primeira Antártica da noite e era a hora do futebol.Qual foi a última vez que você esteve realmente desconectado do seu trabalho? Você tenta se convencer de que aquele Whatsapp do cliente às 00:00 não é nada demais, que é coisa pequena, que “pega mal” não responder. E aquele inbox no Facebook às 1:35 da manhã? “Ah, eu já estou aqui mesmo, né. Agora ele já viu que eu visualizei…”.

Provavelmente você caiu no mito do home-office libertador, que te faz perceber, anos depois, que ele só foi capaz de te “libertar” do horário comercial. “Ah, mas você trabalha em casa!”pronto, é sinal de que receberá demandas ou mensagens a qualquer hora da madrugada.
Provavelmente você ainda não se ligou, mas você produz dezenas de vezes a mais do que o seu pai ou os seus tios conseguiam. Antes, para atender um cliente, você precisava ir na loja ou na casa dele, lá na puta que o pariu. Hoje? Skype. Antes, era FAX ou mandar documentos pelos correios. Hoje? E-mail. Antes, você estava limitado à sua cidade. Hoje? Internet, meu filho!

Entretanto, quanto é que você está ganhando? Acorde para a vida! Agências com mesa de sinuca, totó, chocolates à vontade, cafezinho expresso, pula-pula e vídeo-games significam apenas que você está pagando por tudo aquilo e que o seu salário, ao final do mês, sentirá a pancada.

“Tudo bem, porque eu amo o que eu faço!”.

 

Na semana retrasada eu ouvi isso. Estava contratando os serviços de umaSTART-UP de tecnologia para um dos meus negócios e havia esquecido de perguntar alguma coisa. Já eram 23:00 horas. Fui ao Skype, me certifiquei de que a menina do suporte estava OFFLINE e deixei uma mensagem. Poderia ter feito isso pelo Facebook, mas eu sabia que iria apitar lá na casa dela e não queria esse tipo de coisa, ainda mais naquele horário. Enfim, enviei a mensagem e deixei escrito: “Só me responda quando chegar ao escritório!”.

Faltando quinze minutos para uma da manhã, a menina me responde, pelo Facebook. Eu digo: “O que você está fazendo aqui? Te deixei uma mensagem no Skype! Vá dormir, namorar ou assistir aquelas séries no Netflix!” e ela me disse:“Ah, é que eu entrei no meu skype só para ver se estava tudo bem com os clientes. Vi a sua mensagem e retornei. Não custa nada, nem se preocupe. Eu amo o que faço. Rs”.

Eu amo o que faço… erre esse. À uma da manhã de terça feira. Com o teu chefe te pagando, provavelmente, entre dois mil e quinhentos a três mil reais para isso…e somos nós quem somos a geração dos “desapegados, que querem viver a vida”.

Estamos nos tornando uma geração de trintões cujas preocupações são os próximos shows do Artic Monkeys, a cerveja gourmet da moda e a próxima temporada de House of Cards. Uma geração sem filhos, que foge das responsabilidades, se iludindo com a ideia de que o seu chefe é seu amigo e que por isso você “quebra alguns galhos para ele”.

Ouvimos de todo tipo de especialista, que somos a geração livre por excelência, que preza pela mobilidade e pela qualidade no ambiente de trabalho, mas de alguma forma nós erramos o caminho e nos tornamos aquele tipo de gente que fica conversando com o cliente às 20:00 horas, enquanto janta com a mulher. E nos achamos o máximo, quando batemos o pé: “Ai, que saco, o meu chefe não me deixa em paz!”. Que corajoso!

Aqui nós somos felizes e podemos levar o nosso cachorrinho para o trabalho, às sextas-feiras. Para falar a verdade, trabalhar aqui é tão legal, que nem precisamos voltar para casa!

O resultado? Uma nação de escravos!

 

Olhávamos para nossos pais e avós e pensávamos que eles eram escravos da própria família. Que haviam tido muitos filhos e que isso, de alguma forma, os prendeu em uma vida cheia de amarras e limitações, mas, hoje, advinha só? Da sua idade ele já tinha casa própria e carro na garagem. E você? Figuras de ação do Mega-Man.

Em algum ponto entre o final da faculdade e o começo da vida adulta, nós perdemos a mão. Não estamos estabelecendo relações saudáveis de empregador e empregado, mas um misto de coleguismo com parceria e com prováveis projetos que poderão mudar o mundo, mas que não ajudam a pagar o aluguel.

Ah, mas você não é empregado? Tem o seu próprio negócio? É um empreendedor em início de carreira? As notícias também não são muito boas…

Você também é um escravo!


Com a popularização da tecnologia e da conectividade, os super-heróis deixaram de ser os esportistas e os homens engravatados de Wall-Street e passaram a ser os empreendedores do vale do silício. Aquele tipo de pessoa que usa camiseta sempre da mesma cor, tênis, vai trabalhar de bicicleta e mantém uma dieta ecologicamente adequada.

Com isso, surgiu a cultura da motivação constante e da satisfação do cliente a qualquer custo. Não importa o que aconteça, a experiência do seu cliente deve sempre ser a melhor possível; ainda que ele seja um babaca!

Eu posso te falar uma coisa? Nem sempre o seu cliente tem razão. Nem sempre ele sabe o que é o melhor para o negócio dele e nem sempre aquele“logo dourado com bordas vermelhas, estilo a da propagada da mortadela Seara”é a melhor opção. O problema é que dizer isso na cara dele agora se tornou um crime! Não é proativo e engajado discutir com o cliente, ainda que ele esteja escandalosamente errado!

A cultura desses caras, importada para cá de uma maneira incompatível com a nossa realidade, diz que devemos buscar a composição sempre, fazermos reuniões intermináveis até que todos estejam satisfeitos e sorridentes. Dar pesos e medidas iguais aos especialistas e aos curiosos. O que acontece? Tentar extrair o dente do paciente com uma colher de pau.

Estamos na décima sétima alteração e o contrato diz que só faríamos até cinco? Sem problemas! A satisfação do cliente em primeiro lugar! Ele acha que não precisa fazer um contrato com você? Sem problemas, lá fora muita gente deixa isso para lá! O que? Agora ele não está te pagando? Cuidado! Não o cobre de maneira que possa parecer ofensiva! Não é isso que a Amazon faria!

Você está preso em uma camisa de força verbal.

 

A camisa de força verbal é um dos institutos comportamentais que mais causa dano à mente e à consciência de qualquer pessoa. No empreendedorismo, 90% dos profissionais sofrem desse tipo de mal.
A maior libertação, para qualquer proprietário, é quando este alcança certo grau de autonomia, que pode chamar a atenção do seu cliente e fazê-lo perceber que aquilo é para o seu próprio bem. Que, identificando o erro, ele está é justificando o seu dinheiro, ao dizer que ele está fazendo merda.

Aqui no Brasil, a educação ganhou status de religião. A mãe que paga a escola não quer ver seu filho criticado, afinal de contas, o boleto é caro. Do mesmo modo, o cliente chatoe insistentenão quer ser repreendido; ganha-se o mantra do “o cliente sempre tem razão”, em desfavor da alma do próprio empresário.

Vá à Itália e peça a comida do jeito que você quiser e ouvirá, imediatamente, um sonoro: “Não. Vá comer em outro canto”. Isso para o brasileiro é criminoso. Faz com que ele se insurja, contando aos amigos: “Acredita que eu pedi para fazer o macarrão mais mole e me disseram que não dava? Que ignorantes!”. Ele não enxerga que ele mesmo é que é o pé no saco. Que não respeita nada nem ninguém. Vê no empreendedor alguém que deve servi-lo, independentemente de quão imbecil e sem propósito sejam os seus desejos.

O brasileiro de hoje está acostumado ao mando, porque paga. O código de defesa do consumidor criou um monstro, que custa a saúde emocional e física de milhões de empreendedores. O meu maior conselho a vocês, é: construa uma empresa que você possa mandar o cliente indesejado tomar no cu. Faça isso ou adoeça.

Entretanto, no mundo de arco-íris e pôneis da geração Y, que é feita de vidro, isso é ser rude, preconceituoso, antiquado, grosseirão. Às custas da própria saúde e do caixa da empresa, ele manterá aquele cliente chato, pentelho, arrogante e quemuitas vezesnem te paga. É isso ou você não estará seguindo “o manual da cordialidade do Facebook”.

A conclusão? Não sei.

 

Da geração que iria mudar a maneira com que o mundo se relaciona a um bando de bebês de meia idade, que mora de aluguel e que o ponto alto do ano é o lançamento de mais um filme da guerra nas estrelas.

Gente que ama a liberdade, mas que está presa a um computador. Do tipo que está na décima quarta START-UP, sempre atrás daquele round de investimento que o tornará milionário. A menina que tem vergonha de dizer que é vendedora e que se apresenta como “líder-team da equipe de vendas” e do blogueiro que é articulista e CEO no perfil do Facebook.

Aonde é que fomos parar? O que é que aconteceu com a GERAÇÃO Y?

Assim como o garoto do começo do texto: desculpem o desabafo.

- - - 
As imagens e legendas também são de autoria do próprio Ícaro, assim como os grifos.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

OS “DONOS DA VERDADE”


Todo país, todo lugar, todo momento tem os seus “donos da verdade”. São aquelas pessoas para quem só a opinião deles está correta, eles são absolutos no que dizem, o que os outros pensam está errado, é mentira ou não conta. São ditadores travestidos de pessoas normais. São cabeças psicologicamente perturbadas, que não conseguem ver além do próprio umbigo.

Na história da humanidade muitos desses tornaram-se conhecidos: Hitler talvez seja o exemplo mais emblemático. Mussolini, Idi Amin, Stálin, Pinochet, Mobutu, Mao Zedong, Papa Doc, Saddam Hussein... Todos têm em comum terem ordenado a matança de milhares, em alguns casos milhões de pessoas, pela cegueira de acreditar que somente a opinião deles era correta, que aquilo que acreditavam era a verdade absoluta.

A verdade absoluta não existe. A verdade será, sempre, uma interpretação do fato feita por alguém. O fato concreto existe, porém a forma de vê-lo depende de cada um, de suas crenças, cultura, experiências sociais. Um exemplo característico da falta de uma verdade absoluta, que dou em sala de aula, é o de um acidente em uma esquina em uma noite qualquer. Provavelmente os dois motoristas terão opiniões divergentes do fato. Testemunhas interpretarão diferente o ocorrido dependendo do ponto em que se encontravam. Até a luminosidade interferirá. O fato é absoluto, a verdade não.

Diante desta realidade prático-filosófica, continuamos vendo pessoas querendo ser “donos da verdade” por aí, nas ruas, nas redes sociais. Criam uma versão para o fato e vendem sua “verdade” com ímpeto fundamentalista. Agarram-se àquela ideia e não veem qualquer outra possibilidade. Criam uma convicção e estreitam seus horizontes. E sempre há os incautos que, por falta de capacidade intelectual para criar uma opinião própria, compram a ideia de verdade do ditador da verdade. Uma lástima.

Os donos ou ditadores da verdade esquecem que o mundo não é preto ou branco, não é sim ou não, não é a favor ou contra. É muito mais complexo. Os ditadores da verdade, cegos pela sua ideologia, tentam cegar aos demais para que creiam naquilo que ele acredita. Os donos da verdade desprezam a opinião dos outros, desprezam a ideia básica da democracia, desprezam o respeito. Por isso, nos casos mais graves, matam por seus ideais, sejam eles políticos, religiosos, futebolísticos ou xenofóbicos. Quando não matam pessoas, matam a inteligência e a possibilidade de um mundo melhor.


Pior do que os cegos “donos da verdade”, só mesmo aqueles que criam sua verdade para iludir os outros e tirar benefício com isto. Na política está cheio disto. Pior do que o fanático, só o falso profeta, o pregador do apocalipse que sabe não existir.