segunda-feira, 3 de outubro de 2016

A LIÇÃO DAS ELEIÇÕES 2016

Comparativo de prefeituras nas mãos dos partidos em 2012 e agora. 


As eleições municipais realizadas neste domingo, dia 02, deixaram um recado muito claro ao PT e aos políticos de forma geral. Ao PT, maior perdedor do pleito por motivos óbvios (denúncias de corrupção, investigações, prisões etc), a necessidade de reinventar o partido. É preciso fazer um mea culpa interno, reconhecer os erros, voltar ao que o partido foi no seu nascedouro e recomeçar todo o trabalho se não quiser ver, cada vez mais, seu eleitorado se afastando de suas propostas. Teoria e prática são dois lados de uma mesma moeda, mas de difícil convivência pacífica quando se chega ao poder. E, ao contrário do que podem pensar os mais radicais, os fins não justificam os meios. Não vale tudo para se chegar ao resultado que a causa quer. Não é assim que se pratica a ética, nem mesmo se fortalece a democracia.

As urnas demonstraram isto fortemente. Nos quadros lá de cima pode se ver quantos prefeitos cada partido elegeu na eleição de 2012 e também agora, em 2016. A derrocada do PT é enorme. Das capitais brasileiras, só venceu no Acre (e aqui aquela brincadeirinha com o Acre não vale) e não disputa nenhuma eleição em segundo turno. Na maior capital do país, São Paulo, Fernando Haddad tentou a reeleição e não conseguiu sequer provocar o segundo turno. Perdeu no primeiro. Em Blumenau, a bancada de vereadores petista se resumiu a um único parlamentar. O recado foi dado nas urnas. Agora é preciso sabedoria para interpretá-lo, caso o partido queira continuar sua luta na vida política do país.

Aos políticos de uma forma geral, o recado das urnas é que o brasileiro cansou da mesmice – que no caso do nosso país são as velhas práticas políticas que incluem currais eleitorais, corrupção deslavada, favorecimentos em troca de votos. Se ainda há uma boa parcela dos eleitores que tenta se aproveitar das campanhas políticas para “se dar bem”, a verdade é que a grande maioria ou está indignada com este estado de coisas e vota contra isso, ou está tão desesperançosa que nem vota mais. O número de votos em branco, nulos e abstenções dá este recado em todo o país. Em Blumenau, por exemplo, se perdeu 28.465 votos (13,6%) entre brancos e nulos. E outros 20.823 eleitores (9%) nem foram às urnas. No total, 22,6% de votos desperdiçados.

Uma coisa é certa. O eleitor cansou da velha política e de tudo que ela representa. Rejeitou os representantes desta velha política. Para a incredibilidade dos revoltosos que se negam a participar do pleito democrático e para desespero das velhas raposas políticas que comandaram o país desde sempre, o sentimento é de renovação. Parece que não anda, parece que não muda, mas sabiamente já dizia Renato Russo em uma de suas composições da banda Legião Urbana: “... e a mudança levou tempo por ser tão veloz” (Perdidos no Espaço). Estamos aprendendo a lidar com a democracia, com eleições e com o fim do coronelismo político. Estamos aprendendo, através do voto válido e consciente, a empreender a mudança que para nós parece que não acontece pelo imediatismo que desejamos, mas que vem ocorrendo de forma avassaladora nos últimos anos. Melhor do que isso, só se tivéssemos o mesmo avanço na educação, criando mentes mais pensantes. Mas aí o buraco é um pouco mais embaixo. 


PESQUISA E URNA

Mais uma vez a pesquisa realizada em Blumenau buscando antecipar a intenção de votos para prefeito deu com os burros na água. O instituto Mapa terá dificuldade para explicar como um candidato que estaria 5% na frente do outro, chegou 9% atrás – uma diferença, no caso, de 14%. É muito espaço de erro. Assim como nas eleições municipais de 2012, os institutos de pesquisa (muitos nem apareceram por Blumenau este ano) afundam-se no descrédito. Algo aí está muito errado. Ou a prática da pesquisa nas ruas ou a leitura de seus dados pelos chefes do instituto. A pesquisa está muito distante das urnas.

Coincidentemente, os números bem diferentes só aconteceram entre os dois principais candidatos.

Nas ruas já virou piada. Galera sugere margem de erro de 50%.


NÚMEROS DE BLUMENAU

Candidato/partido                             Votos                               %
Napoleão Bernardes - PSDB
81.050
44,81%
Jean Kuhlmann - PSD
63.411
35,06%
Ivan Naatz - PDT
16.652
  9,21%
Arnaldo Zimmermann – PC do B
10.855
  6,00%
Valmor Schiochet -  PT
  8.911
  4,93%



Nulos
19.199
  9,17%
Brancos
  9.266
  4,43%


VEREADORES ELEITOS

Vereador/partido                               Votos
Marcos da Rosa - DEM
  5.571
Bruno Cunha - PSB
  4.829
Sylvio Zimmermann - PSDB
  3.773
Zeca Bombeiro - SD
  3.760
Jovino Cardoso - PSD
  3.556
Adriano Pereira - PT
  3.413
Jens Mantau - PSDB
  3.279
Ricardo Alba - PP
  3.277
Marcelo Lanzarin - PMDB
  3.145
Oldemar Becker - DEM
  3.082
Alexandre Matias - PSDB
  2.887
Professor Gilson - PSD
  2.615
Alexandre Caminha - PROS
  2.477
Almir Vieira - PP
  2.343
Ailton de Souza - PR
  2.279

A nominata de vereadores não surpreende. Mostra que o eleitor blumenauense optou pela renovação na Câmara. Apenas quatro parlamentares foram reeleitos. Todos com trabalhos bem específicos junto às suas comunidades, às suas bases eleitorais. A ótima votação de Marcos da Rosa não surpreende tanto quanto a do segundo colocado Bruno Cunha. Marcos já era vereador e mostrou-se um parlamentar ponderado, inteligente, sensato. Já Bruno traduz o sentimento de renovação. Jovem, causas sociais definidas, uma campanha diferente.

Todos os eleitos estão de parabéns. E aqueles que participaram do pleito com ética, também. Que estejam preparados para as exigências deste novo momento da política brasileira. Se você tem curiosidade para saber a votação de todos os candidatos, este é o link: https://www.eleicoes2016.com.br/candidatos-blumenau/ .


SURPRESAS

Não posso negar que o que me surpreendeu foram algumas ausências, como as dos candidatos Fábio Fiedler (PSD), Robinho (PR) e Jéferson Forest (PT). Igualmente é de se estranhar a baixíssima votação de candidatos que defendem a causa da moda, a causa animal, como Evelyn Huscher (PT) que fez só 517 votos. Claro que deve ter sido prejudicada pelo estigma criado pelo partido. Por outro lado alguns estreantes também surpreenderam. Não sei quem é Ivanor Cabelereiro (PMDB) que fez 1.685 votos, mais do que o vereador (não reeleito) Vanderlei de Oliveira (PT). Outro bem votado foi João Paulo Taumaturgo (PSDB), que estreou com 2.094 votos.  


SEGUNDO TURNO

Por fim, vem aí o segundo turno. Tempo igual de rádio e tevê para os dois candidatos. Mas não se engane: o que pode parecer bom, necessariamente não o é. Se o candidato não levar jeito pra coisa, não adianta, não convence. Os olhos, a expressão, a maneira de dizer as coisas... tudo conta. É ali que você consegue definir quem fala ou não a verdade, quem fala ou não com o coração. É uma faca de dois gumes.


MAIS UM MÊS

E, claro, teremos mais um mês de asseclas de candidato, muitos deles mal educados, falando bobagens nas redes sociais, como se o facebook fosse depósito de estrume. Coisas da democracia. Nem tudo é lado bom. Os comentários nas postagens de perfis formadores de opinião são a grande sujeira da eleição. Tiraram aquela papelada da rua, veio o papelão das redes. 


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