Comparativo de prefeituras nas mãos dos partidos em 2012 e agora.
As eleições municipais realizadas
neste domingo, dia 02, deixaram um recado muito claro ao PT e aos políticos de
forma geral. Ao PT, maior perdedor do pleito por motivos óbvios (denúncias de
corrupção, investigações, prisões etc), a necessidade de reinventar o partido.
É preciso fazer um mea culpa interno,
reconhecer os erros, voltar ao que o partido foi no seu nascedouro e recomeçar
todo o trabalho se não quiser ver, cada vez mais, seu eleitorado se afastando
de suas propostas. Teoria e prática são dois lados de uma mesma moeda, mas de
difícil convivência pacífica quando se chega ao poder. E, ao contrário do que
podem pensar os mais radicais, os fins não justificam os meios. Não vale tudo
para se chegar ao resultado que a causa quer. Não é assim que se pratica a
ética, nem mesmo se fortalece a democracia.
As urnas demonstraram isto
fortemente. Nos quadros lá de cima pode se ver quantos prefeitos cada partido
elegeu na eleição de 2012 e também agora, em 2016. A derrocada do PT é
enorme. Das capitais brasileiras, só venceu no Acre (e aqui aquela
brincadeirinha com o Acre não vale) e não disputa nenhuma eleição em segundo
turno. Na maior capital do país, São Paulo, Fernando Haddad tentou a
reeleição e não conseguiu sequer provocar o segundo turno. Perdeu no primeiro.
Em Blumenau, a bancada de vereadores petista se resumiu a um único parlamentar.
O recado foi dado nas urnas. Agora é preciso sabedoria para interpretá-lo, caso
o partido queira continuar sua luta na vida política do país.
Aos políticos de uma forma geral,
o recado das urnas é que o brasileiro cansou da mesmice – que no caso do nosso
país são as velhas práticas políticas que incluem currais eleitorais, corrupção
deslavada, favorecimentos em troca de votos. Se ainda há uma boa parcela dos
eleitores que tenta se aproveitar das campanhas políticas para “se dar bem”, a
verdade é que a grande maioria ou está indignada com este estado de coisas e
vota contra isso, ou está tão desesperançosa que nem vota mais. O número de
votos em branco, nulos e abstenções dá este recado em todo o país. Em Blumenau,
por exemplo, se perdeu 28.465 votos (13,6%) entre brancos e nulos. E outros 20.823
eleitores (9%) nem foram às urnas. No total, 22,6% de votos desperdiçados.
Uma coisa é certa. O eleitor
cansou da velha política e de tudo que ela representa. Rejeitou os
representantes desta velha política. Para a incredibilidade dos revoltosos que
se negam a participar do pleito democrático e para desespero das velhas raposas
políticas que comandaram o país desde sempre, o sentimento é de renovação.
Parece que não anda, parece que não muda, mas sabiamente já dizia Renato Russo
em uma de suas composições da banda Legião Urbana: “... e a mudança levou
tempo por ser tão veloz” (Perdidos no Espaço). Estamos aprendendo a lidar com a
democracia, com eleições e com o fim do coronelismo político. Estamos
aprendendo, através do voto válido e consciente, a empreender a mudança que
para nós parece que não acontece pelo imediatismo que desejamos, mas que vem ocorrendo
de forma avassaladora nos últimos anos. Melhor do que isso, só se tivéssemos o
mesmo avanço na educação, criando mentes mais pensantes. Mas aí o buraco é um
pouco mais embaixo.
PESQUISA
E URNA
Mais uma vez a pesquisa realizada
em Blumenau buscando antecipar a intenção de votos para prefeito deu com os
burros na água. O instituto Mapa terá dificuldade para explicar como um
candidato que estaria 5% na frente do outro, chegou 9% atrás – uma diferença,
no caso, de 14%. É muito espaço de erro. Assim como nas eleições municipais de
2012, os institutos de pesquisa (muitos nem apareceram por Blumenau este ano)
afundam-se no descrédito. Algo aí está muito errado. Ou a prática da pesquisa
nas ruas ou a leitura de seus dados pelos chefes do instituto. A pesquisa está
muito distante das urnas.
Coincidentemente, os números bem diferentes só aconteceram entre os dois principais candidatos.
Nas ruas já virou piada. Galera
sugere margem de erro de 50%.
NÚMEROS
DE BLUMENAU
Candidato/partido Votos %
Napoleão Bernardes - PSDB
|
81.050
|
44,81%
|
Jean Kuhlmann - PSD
|
63.411
|
35,06%
|
Ivan Naatz - PDT
|
16.652
|
9,21%
|
Arnaldo Zimmermann – PC do B
|
10.855
|
6,00%
|
Valmor Schiochet - PT
|
8.911
|
4,93%
|
Nulos
|
19.199
|
9,17%
|
Brancos
|
9.266
|
4,43%
|
VEREADORES
ELEITOS
Vereador/partido Votos
Marcos da Rosa - DEM
|
5.571
|
Bruno Cunha - PSB
|
4.829
|
Sylvio Zimmermann - PSDB
|
3.773
|
Zeca Bombeiro - SD
|
3.760
|
Jovino Cardoso - PSD
|
3.556
|
Adriano Pereira - PT
|
3.413
|
Jens Mantau - PSDB
|
3.279
|
Ricardo Alba - PP
|
3.277
|
Marcelo Lanzarin - PMDB
|
3.145
|
Oldemar Becker - DEM
|
3.082
|
Alexandre Matias - PSDB
|
2.887
|
Professor Gilson - PSD
|
2.615
|
Alexandre Caminha - PROS
|
2.477
|
Almir Vieira - PP
|
2.343
|
Ailton de Souza - PR
|
2.279
|
A
nominata de vereadores não surpreende. Mostra que o eleitor blumenauense optou
pela renovação na Câmara. Apenas quatro parlamentares foram reeleitos. Todos
com trabalhos bem específicos junto às suas comunidades, às suas bases
eleitorais. A ótima votação de Marcos da Rosa não surpreende tanto quanto a do
segundo colocado Bruno Cunha. Marcos já era vereador e mostrou-se um
parlamentar ponderado, inteligente, sensato. Já Bruno traduz o sentimento de
renovação. Jovem, causas sociais definidas, uma campanha diferente.
Todos
os eleitos estão de parabéns. E aqueles que participaram do pleito com ética,
também. Que estejam preparados para as exigências deste novo momento da
política brasileira. Se você tem curiosidade para saber a votação de todos os
candidatos, este é o link: https://www.eleicoes2016.com.br/candidatos-blumenau/
.
SURPRESAS
Não
posso negar que o que me surpreendeu foram algumas ausências, como as dos
candidatos Fábio Fiedler (PSD), Robinho (PR) e Jéferson Forest (PT). Igualmente
é de se estranhar a baixíssima votação de candidatos que defendem a causa da
moda, a causa animal, como Evelyn Huscher (PT) que fez só 517 votos. Claro que
deve ter sido prejudicada pelo estigma criado pelo partido. Por outro lado
alguns estreantes também surpreenderam. Não sei quem é Ivanor Cabelereiro
(PMDB) que fez 1.685 votos, mais do que o vereador (não reeleito) Vanderlei de
Oliveira (PT). Outro bem votado foi João Paulo Taumaturgo (PSDB), que estreou
com 2.094 votos.
SEGUNDO TURNO
Por
fim, vem aí o segundo turno. Tempo igual de rádio e tevê para os dois
candidatos. Mas não se engane: o que pode parecer bom, necessariamente não o é.
Se o candidato não levar jeito pra coisa, não adianta, não convence. Os olhos,
a expressão, a maneira de dizer as coisas... tudo conta. É ali que você
consegue definir quem fala ou não a verdade, quem fala ou não com o coração. É
uma faca de dois gumes.
MAIS UM MÊS
E,
claro, teremos mais um mês de asseclas de candidato, muitos deles mal educados, falando bobagens nas redes
sociais, como se o facebook fosse depósito de estrume. Coisas da democracia. Nem tudo é lado bom. Os comentários nas
postagens de perfis formadores de opinião são a grande sujeira da eleição.
Tiraram aquela papelada da rua, veio o papelão das redes.
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