quinta-feira, 12 de maio de 2016

POR QUE O PT CAIU. E POR QUE DEVERIA CAIR.


Impossível que o texto de hoje não seja sobre os últimos acontecimentos em Brasília. Aconteceu o previsto. O Senado Federal deu o sinal verde para o afastamento da presidente (com “e”, como manda a boa e correta língua portuguesa) Dilma Roussef. O que pode ter surpreendido foi a soma de 55 votos a favor de seu impedimento, quando seriam necessários 41. Supresa até porque esta quantidade de votos é um a mais do que a oposição necessita para afastá-la definitivamente, daqui a alguns meses. Dilma saiu do Palácio do Planalto pela porta lateral – e aposto que não volta mais, a não ser como visitante.

Exceto a saída de uma turma arrogante, que despreza os adversários, que enxerga os que não pensam igual como inimigos e que vê o poder como extensão de sua ideologia, não há o que comemorar nesta situação. O país passa por uma grave crise política, econômica, administrativa... uma crise ética. Não há princípios de seriedade que norteiem a vida pública nacional. Virou uma esculhambação onde os fins justificam os meios e a roubalheira tornou-se a coisa mais banal e desculpável do mundo.

Juridicamente o afastamento de Dilma e, por consequência, do PT, se dá pelas tais “pedaladas fiscais”, ou seja, pelas operações de crédito que o governo federal fez com a Caixa e que seriam vedadas pela lei. O artigo 85 da Constituição Federal lista os crimes de responsabilidade fiscal. Tanto faz. Dilma e o PT mereciam ser ejetados do Palácio pelo conjunto da obra:

1.   roubalheira intensa e desmensurada acabando com patrimônio nacional como a Petrobrás.
2.   institucionalização da corrupção com negociatas bilionárias com empresas nacionais.
3.   estelionato eleitoral gigante ao mentir para toda a nação na última campanha.
4.   por ter criado a maior crise econômica dos últimos tempos devido à incompetência e aos interesses partidários e ideológicos de projeto de poder, ao invés de pensar no país.

Outro ponto que poderia servir de razão para a queda do PT do poder, é a imensa decepção que causou na esperança das pessoas. Muita gente simples deste país acreditou no “Lula-lá, Brilha uma estrela”. Hoje vê sindicatos pagos com o suado dinheiro de quem efetivamente trabalha, movimentos de sem terra nas ruas ao invés de estarem trabalhando na terra de uma reforma agrária prometida, muita gente que tinha emprego e que perdeu a vaga que dá dignidade à vida ou ainda quem estava vivendo o sonho de cursar uma faculdade, um Pronatec ou outras possibilidades de crescimento pessoal e profissional, ver tudo tornar-se um pesadelo. Na outra ponta, o carismático líder Lula-lá enriqueceu a olhos vistos, o filho dele tornou-se empresário milionário da noite para o dia, muitas lideranças petistas acabaram na cadeia.

A casa não caiu. Eles próprios a derrubaram.

O time que assume é mais íntegro do que o que acaba de sair?  Não acredito. Muitas raposas velhas da política de sempre assumem o governo a partir de agora. A grande diferença é que não são tão arrogantes, não querem dividir o país entre nós e eles. Não tratam adversários como inimigos. E, quem sabe como aconteceu com Itamar Franco na derrubada de Collor, tenham a responsabilidade de fazer um grande pacto nacional para colocar a economia do país nos trilhos novamente. Só isso já terá valido a pena a queda de Dilma.

Ela tem 180 dias de sonho de voltar ao Palácio, mas é só a economia dar um sinalzinho de vida, um fraco pulsar de coração, e a derrocada do PT no poder estará cristalizada. Não estamos salvos. Não vejo caráter ilibado no governo que se instala. Mas, neste momento, precisa-se salvar o país, retomar a economia, retomar os empregos, a esperança. Trocar seis por meia dúzia pode dar o fôlego de credibilidade necessária para tirarmos o país do buraco negro profundo em que nos meteram.


NUMEROLOGIA?

No dia 12 de maio, o Senado Federal disse para Dilma deixar o Palácio do Planalto. A sessão varou a madrugada. O resultado foi anunciado exatamente às 6h33min. 6 + 3 + 3 = 12. O que tem isso a ver?  A coincidência para todo mundo lembrar que o PDT (partido n. 12) apoiou e esteve com Dilma do início ao fim, independente das investigações e fortíssimos indícios de corrupção braba. Poderia ser dia 13, número do PT. Mas não foi. Foi 12. Talvez para os eleitores lembrarem disso no futuro.

Para um cético, como eu, só por brincadeira. Mas que é coincidência, é.


CAMAROTE

Tivemos até vereador de Blumenau curtindo a sessão no Senado Federal, in loco. É o tipo de momento que político gosta de ver – espero que não com as contas pagas pelo nosso dinheiro. E por ironia do destino, do partido 12.


COLLORIDO

Collor fez parte da base de apoio do governo Dilma, tirou foto e tudo o mais. Ontem, na hora da decisão, votou pela admissibilidade do processo de impeachment. Está aí um voto que não se esperava.


A LOUCA

A melhor do dia foi Dilma dizer que pretende continuar “na ativa”, participando do mundo político e mantendo contato com lideranças econômicas do país. Imagino a vontade do presidente da Fiesp em sentar com ela. Viajo na possibilidade de um governador recebendo Dilma para fotografias na imprensa. Ou melhor, dela ser recebida por um chefe de estado sério (vamos descontar aí Cuba, Venezuela e outras comunidades retrógradas).

Parece que a ficha dela ainda não caiu.


A MARCA


Vem aí uma nova marca, a logo do governo Temer. Sem slogans populistas, sem mentiras deslavadas como “Pátria Educadora”. Para quem curte publicidade, uma logo clean e sem aquele turbilhão de cores.


DE OLHO

É, mas se você pensa que tudo ficou lindo porque um novo governo assumiu, esquece. É preciso ficar mais de olho do que nunca. Quanto mais atentos ficamos, mais espertos eles ficam. Há muita coisa a ser passada a limpo, muita gente que precisa ser afastada da vida pública e está lá, de bem com a vida.


A queda do PT foi só o começo da faxina. Ela precisa continuar.

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