Exceto a
saída de uma turma arrogante, que despreza os adversários, que enxerga os que
não pensam igual como inimigos e que vê o poder como extensão de sua ideologia,
não há o que comemorar nesta situação. O país passa por uma grave crise
política, econômica, administrativa... uma crise ética. Não há princípios de
seriedade que norteiem a vida pública nacional. Virou uma esculhambação onde os
fins justificam os meios e a roubalheira tornou-se a coisa mais banal e
desculpável do mundo.
Juridicamente
o afastamento de Dilma e, por consequência, do PT, se dá pelas tais “pedaladas
fiscais”, ou seja, pelas operações de crédito que o governo federal fez com a
Caixa e que seriam vedadas pela lei. O artigo 85 da Constituição Federal lista
os crimes de responsabilidade fiscal. Tanto faz. Dilma e o PT mereciam ser
ejetados do Palácio pelo conjunto da obra:
1. roubalheira intensa e desmensurada
acabando com patrimônio nacional como a Petrobrás.
2. institucionalização da corrupção com
negociatas bilionárias com empresas nacionais.
3. estelionato eleitoral gigante ao
mentir para toda a nação na última campanha.
4. por ter criado a maior crise econômica
dos últimos tempos devido à incompetência e aos interesses partidários e
ideológicos de projeto de poder, ao invés de pensar no país.
Outro ponto
que poderia servir de razão para a queda do PT do poder, é a imensa decepção
que causou na esperança das pessoas. Muita gente simples deste país acreditou
no “Lula-lá, Brilha uma estrela”. Hoje vê sindicatos pagos com o suado dinheiro
de quem efetivamente trabalha, movimentos de sem terra nas ruas ao invés de
estarem trabalhando na terra de uma reforma agrária prometida, muita gente que
tinha emprego e que perdeu a vaga que dá dignidade à vida ou ainda quem estava
vivendo o sonho de cursar uma faculdade, um Pronatec ou outras possibilidades
de crescimento pessoal e profissional, ver tudo tornar-se um pesadelo. Na outra
ponta, o carismático líder Lula-lá enriqueceu a olhos vistos, o filho dele
tornou-se empresário milionário da noite para o dia, muitas lideranças petistas
acabaram na cadeia.
A casa não
caiu. Eles próprios a derrubaram.
O time que
assume é mais íntegro do que o que acaba de sair? Não acredito. Muitas raposas velhas da
política de sempre assumem o governo a partir de agora. A grande diferença é
que não são tão arrogantes, não querem dividir o país entre nós e eles. Não
tratam adversários como inimigos. E, quem sabe como aconteceu com Itamar Franco
na derrubada de Collor, tenham a responsabilidade de fazer um grande pacto
nacional para colocar a economia do país nos trilhos novamente. Só isso já terá
valido a pena a queda de Dilma.
Ela tem 180
dias de sonho de voltar ao Palácio, mas é só a economia dar um sinalzinho de
vida, um fraco pulsar de coração, e a derrocada do PT no poder estará
cristalizada. Não estamos salvos. Não vejo caráter ilibado no governo que se
instala. Mas, neste momento, precisa-se salvar o país, retomar a economia,
retomar os empregos, a esperança. Trocar seis por meia dúzia pode dar o fôlego
de credibilidade necessária para tirarmos o país do buraco negro profundo em
que nos meteram.
NUMEROLOGIA?
No dia 12 de maio, o Senado Federal disse para
Dilma deixar o Palácio do Planalto. A sessão varou a madrugada. O resultado foi
anunciado exatamente às 6h33min. 6 + 3 + 3 = 12. O que tem isso a ver? A
coincidência para todo mundo lembrar que o PDT
(partido n. 12) apoiou e esteve com
Dilma do início ao fim, independente das investigações e fortíssimos indícios
de corrupção braba. Poderia ser dia 13, número do PT. Mas não foi. Foi 12.
Talvez para os eleitores lembrarem disso no futuro.
Para um
cético, como eu, só por brincadeira. Mas que é coincidência, é.
CAMAROTE
Tivemos até
vereador de Blumenau curtindo a sessão no Senado Federal, in loco. É o tipo de momento que político gosta de ver – espero que
não com as contas pagas pelo nosso dinheiro. E por ironia do destino, do
partido 12.
COLLORIDO
Collor fez
parte da base de apoio do governo Dilma, tirou foto e tudo o mais. Ontem, na
hora da decisão, votou pela admissibilidade do processo de impeachment. Está aí um voto que não se esperava.
A LOUCA
A melhor do
dia foi Dilma dizer que pretende continuar “na ativa”, participando do mundo
político e mantendo contato com lideranças econômicas do país. Imagino a
vontade do presidente da Fiesp em sentar com ela. Viajo na possibilidade de um
governador recebendo Dilma para fotografias na imprensa. Ou melhor, dela ser
recebida por um chefe de estado sério (vamos descontar aí Cuba, Venezuela e
outras comunidades retrógradas).
Parece que
a ficha dela ainda não caiu.
A MARCA
Vem aí uma
nova marca, a logo do governo Temer. Sem slogans populistas, sem mentiras
deslavadas como “Pátria Educadora”. Para quem curte publicidade, uma logo clean
e sem aquele turbilhão de cores.
DE OLHO
É, mas se
você pensa que tudo ficou lindo porque um novo governo assumiu, esquece. É
preciso ficar mais de olho do que nunca. Quanto mais atentos ficamos, mais
espertos eles ficam. Há muita coisa a ser passada a limpo, muita gente que
precisa ser afastada da vida pública e está lá, de bem com a vida.
A queda do
PT foi só o começo da faxina. Ela precisa continuar.
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