quarta-feira, 4 de maio de 2016

ÉTICA EM DEBATE


O momento que o país atravessa não é o primeiro do gênero – e não será o último. Temos problemas de corrupção desde sempre, agigantados nesses últimos anos. Eles são oriundos de profundos problemas éticos que estão arraigados em boa parte dos políticos, mas também na imensa maioria da população. Aquela velha e conhecida “Lei de Gérson” (pobre ex-jogador de futebol, paga o pato por ter feito a propaganda de cigarro que continha uma frase que externa o “jeitinho brasileiro”), de levar vantagem em tudo, é uma realidade fatal em nosso país.

A ética precisa estar nos políticos e na política, nos governantes e no governo, nos jornalistas e nas notícias... mas principalmente nos cidadãos, nas pessoas para que se tenha uma nação ética. Porque são todas as pessoas que comporão este cenário: governantes, políticos, jornalistas, cidadãos eleitores-contribuintes que compõem uma nação. A pergunta que me faço é se aqueles que pregam ética de dedo em riste, julgando a tudo e condenando a todos, resistiriam a benefícios e facilidades que são bastante prováveis em nosso corrupto modelo de governança.

É comum ver um cidadão criticar algum ato equivocado (ou mesmo corrupto) de uma administração pública, mas querer ajeitar uma “prioridade” de vaga para seu filho em uma creche (quiçá todas as prefeituras tivessem uma Fila Única para acabar com o “jeitinho”). Não é incomum ver um vereador vociferando contra cargos comissionados, quando ele mesmo mantém os seus ativos e operando. É muito mais fácil furar o olho do outro, do que limpar o próprio rabo. A questão é cultural e é demagogia bancar o justiceiro, a não ser que efetivamente se pratique a ética, em seus detalhes. É por isso que falar de ética e praticar a ética são coisas diferentes.

Desde os filósofos da antiga Grécia, a ética baseia-se nos costumes e na busca da felicidade individual para o bem comum. Ética não é uma virtude divina; é uma condição adquirida na construção da personalidade do ser. A educação de berço conta muito, mas é na prática das escolhas ao longo da vida que se exercita o caráter. Ser ético é fazer aquilo que é melhor para si e para todos ao mesmo tempo, mesmo que ninguém saiba o que se está fazendo. A ética não é imutável ao longo do tempo e, teoricamente falando, é a ciência que estuda e reflete sobre a moral. Também não é a mesma coisa que moral, que é um consenso comportamental social. Geralmente ética e moral andam de mãos dadas, mas é possível ser ético sem ser moral e vice e versa.

Ética precisa ser debatida sempre. Em momentos como o Brasil vive atualmente, mais ainda. Por isso como professor da disciplina de Ética Jornalística, propus à faculdade Ibes/Sociesc, onde leciono, promovermos uma mesa redonda sobre o tema. Ideia aprovada, faremos acontecer no dia 10 de maio, reunindo três colegas jornalistas bem conhecidos na cidade: Francisco Fresard (Pancho), Carlos Tonet e Alexandre Gonçalves. Terei o prazer de mediar o bate papo que pode agregar muito não só aos acadêmicos de Jornalismo, mas também aos profissionais da área e ao público que gosta de aprofundar as discussões que mexem com a sociedade. Acredito que sairemos do evento com uma visão diferente e, na prática, mais profunda sobre o assunto.


E COMO FALTA

Todos os olhos, agora, se voltam para a falta de ética dos políticos em Brasília. Não precisamos ir tão longe. #Vereadorvergonha continua mostrando que mais importante do que legislar, é aparecer utilizando qualquer artifício em suas mãos, mesmo que mentindo em redes sociais e na tribuna. Joga na lata de lixo o trabalho de seus pares e a ideia de, um dia, termos um Brasil melhor através de uma política melhor.


PARLANDO...

Conversando com meus alunos em sala de aula, na disciplina sobre Ética, onde abordo os conceitos filosóficos, jornalísticos e semânticos da expressão “verdade”, chegamos à conclusão que muita gente que escreve comentários nas redes sociais achando que aquilo é sua opinião, mas não passa mesmo de “achismo”. Até porque para considerar opinião, precisa-se ter conhecimento efetivo das informações. Sem isso, não passa de abóbrinhas.


CASO LULA

O procurador geral da República finalmente solicita investigação sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que já vinha sendo investigado por Sérgio Moro. Só não entendi (talvez algo tenha me escapado nesta confusão toda) porque o procurador pede autorização do STF para investigá-lo. Pelo que me consta, ele não tem foro privilegiado, pois foi impedido de assumir.

Ou será que aquela assinatura mequetrefe que Dilma deu antecipadamente no documento de posse que não ocorreu juridicamente está valendo?


CASO WHATSAPP

Muito mais fácil foi resolver o caso do Whatsapp. A mesma Justiça que mandou bloquear, mandou desbloquear 24 horas depois. Muita gente se descabelou. Outros usaram aplicativos semelhantes. Deu pra ver que a gente cada vez fica mais  dependente da tecnologia. Quero ver se dá um bug sério e todas as redes caem por algum tempo. Isso vale até um texto ficcional especial.


MAIORES FALHAS

A expressão "maiores informações" não existe, está errada. Não se pode medir uma informação. Ela não pode ser maior ou menor. O correto é mais informações. A pessoa pode buscar ou obter mais informações em determinado local ou fone. Mas nunca conseguirá uma informação maior. Nem menor.


Fica a dica para todos. Agências de publicidade, jornalistas e especialmente comerciantes e empresários que insistem em se comunicar sem ter uma assessoria profissional competente. Quando se publicita algo, quando se comunica algo, seja em um site ou em um cardápio, é preciso fazer do modo correto. É a imagem da empresa que está ali. 

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