Esta será uma semana tensa
O
governo está investindo forte (milhões de reais) na compra de apoio político no
Congresso Nacional. Os próprios parlamentares do PT chamam de “recomposição da
base”. Claro que o ato de compra de votos contra o impeachment é absurdamente antiético, mas... e daí? Diante de tudo que vimos nos últimos anos,
com mensalão, Petrobrás, corrupção para financiamento de campanhas
presidenciais... o que não é? Estamos anestesiados. Por muito menos, em um país
sério, o governo seria tirado do poder na marra.
Porém,
cada um faz seu jogo. A única dúvida possível de ser levantada pelos
governistas é a questão jurídica. É ela que, constitucionalmente, define se o impeachment é possível ou não. Política e
economicamente, todos sabem que o impedimento é a salvação do país. Mas esses
dois aspectos não são pré-requisito básico para derrubar um(a) presidente. E é
aí que vemos a primeira cisão entre poder e estadismo. Dilma e o PT querem se
manter no poder, ainda que a nação toda pague um preço alto (que já está
pagando) por isso.
Todo
mundo sabe que a credibilidade de um governo afeta diretamente a economia do
país. A falta de perspectivas e a bandalheira da corrupção, por exemplo,
fizeram o dólar passar de R$ 4,00 e a inflação ultrapassar os dois dígitos. Foi
só haver a possibilidade de impeachment
e o dólar já recuou. Porém a indefinição político-administrativa que se arrasta
deixa o mercado instável. A população está empobrecendo e quem tem dinheiro não
investe mais. Pelo menos até que possa vislumbrar momento melhor. O que assusta
é que a possível permanência do atual governo não dará a tranquilidade
necessária ao mercado, aprofundando a crise econômica que está estagnando o
Brasil.
Em
recente reportagem publicada pelo jornal O Estado de São Paulo (Estadão), 282
brasileiros perdem o emprego por hora. São 282 pessoas sem salário, sem
perspectivas, sem dignidade. Se você levar normais 10 minutos para ler este
texto, 47 pais e mães de família estarão recebendo a notícia de que não
precisam voltar ao trabalho nos próximos dias. Terão dificuldades para criar
seus filhos, pagar as contas, atrasarão prestações...
Cálculos do Estadão apontam para 12 milhões de desempregados
até o fim do ano. Teremos uma Portugal só de pessoas sem emprego. Isto seria
razão suficiente para um estadista renunciar ao cargo em respeito à nação, dar
fôlego ao país, fazer um último esforço para tentar dar uma chance às pessoas.
Mas seria esperar demais de um político que se elegeu mentindo, que se
beneficiou de financiamento de campanha através de corrupção e conluio com
empresas prestadoras de serviço sob o manto da legalidade da licitação, que tem
muito mais apego pelo poder do que pelo bem estar das pessoas – como muitos e
muitos políticos deste país, diga-se de passagem. Para ter este desprendimento,
precisaria ser estadista, pensar primeiro no país e seu povo.
A
oposição ao governo Dilma garante que há crime de responsabilidade e preceitos
legais para derrubar a presidente. O governo e seus aliados defendem que não.
No meio do ‘juridiquês’ necessário para que o impeachment seja legalmente aceito, fica a certeza de que ele é
fundamental para a retomada da economia, para que haja um fôlego para que o
mercado volte a ter esperanças no país, para que as pessoas parem de perder
seus empregos e para que deixemos de afundar cada vez mais no lamaçal de falta
de ética e pudor que nos leva para o mais profundo dos poços.
O
impeachment vai resolver todos os
problemas brasileiros? Claro que não.
Precisamos mudar a cultura da população, de uma reforma política de verdade (e
só um parlamento específico para isso a fará), de apoio institucional e popular
para as investigações da Polícia Federal, Tribunais de Contas, Ministério
Público, procuradorias, Justiça e todos os organismos que tem como função punir
crimes de colarinho branco... precisamos repaginar o país. Porém, é necessário
dar um passo de cada vez, um atrás do outro (pois o caminho é longo) e o
primeiro passo é tirar um governo que não tem mais a mínima credibilidade para
comandar os destinos do país.
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