segunda-feira, 13 de abril de 2015

AS MANIFESTAÇÕES E SEUS RECADOS

Apesar de menor, manifestação teve 'corpo' em Blumenau. Foto: Jaime Batista

As manifestações deste domingo em todo o país foram menores do que as de março. Todo mundo viu. O indicativo que isto aconteceria era claro, já nas redes sociais, nas semanas e dias que antecederam o movimento de ontem. Enquanto em março as pessoas mostravam-se empolgadíssimas nas redes, desta feita o barulho era bem menor. Há muitas leituras que podem se depreender daí. A única que não é possível, é que o Governo Dilma recuperou credibilidade.

A credibilidade não é o resultado da leitura da ação ou reação de uma situação, mas da percepção que as pessoas têm dela. E não há como negar que a atual situação econômica, aliada à diferença do discurso pré-eleitoral e prática pós-eleitoral de Dilma, causam uma percepção extremamente negativa do governo. Para se ter uma ideia, pesquisa efetuada pelo Instituto Datafolha dá conta de que apenas 13% dos brasileiros consideram o governo Dilma bom ou ótimo. Um percentual muito diferente do que a elegeu faz muito pouco tempo. Se bem que no tema credibilidade, também as pesquisas não andam com esta bola toda...

Se a imagem de “mentirosa” colou na atual presidente da República após dizer que tudo estava uma maravilha na campanha e mudar de discurso, com medidas impopulares, logo depois de eleita, Dilma paga preço alto também pela constatação popular de que os preços nos supermercados e tarifas públicas dispararam. Quando a conta pesa no bolso do contribuinte para as coisas mais básicas como comer e dispor de energia elétrica, por exemplo, a insatisfação é certeira como uma flecha que, ponteaguda, vai cortando a carne. Primeiro recado: não é possível votar atrás nas declarações da campanha eleitoral. O prejuízo à imagem é real. E a economia doméstica será fundamental para tentar amainar a ira das pessoas.

A manifestação só não foi maior porque o brasileiro não tem como característica brigar pelas suas aspirações. Reclama muito nas redes sociais, mas não tem a tenacidade de ir para a rua tantas vezes quantas seriam necessárias para pressionar o governo. E olha que logo depois daquela grande manifestação de março, medidas foram anunciadas para aplacar a fúria da população. Tal qual em uma luta de boxe, o governo Dilma mostrou ter sentido o golpe. Neste segundo round, porém, a população parece ter dado o recado que se a vitória vier por pontos, tudo bem... não buscou o nocaute. Talvez venha a nem ganhar a luta, mas o recado que está sendo dado nas ruas é mais amplo do que derrubar o atual governo. Ele serve como um alerta a todos os políticos de que a nação não suporta mais a corrupção. Segundo recado: o brasileiro não tem a pegada forte para derrubar governos, como a vizinha argentina. Ainda assim, está de saco cheio. Fica perigoso. 

No mais, o número de manifestantes deste segundo mês consecutivo de ida às ruas mostrou que dois movimentos organizando (caso da manifestação de março) mobilizam mais do que apenas um.

MANIFESTAÇÃO EM SC

Blumenau e Balneário Camboriú tinham cravado 40 mil pessoas nas ruas em março, em cada município, o maior número do estado. Enquanto aqui caiu para 15 mil, na cidade do litoral ficou em aproximadamente 5 mil. Floripa conseguiu cravar 25 mil ontem, liderando desta vez o número de manifestantes no estado.

PATRULHAMENTO

Há alguns setores da sociedade que são realmente chegados a um patrulhamento ideológico. Um deles está dentro do partido da presidente da República. Quem não pensa igual, inimigo é. Outro é a “grande mídia nacional” que eles mesmos tanto detestam. Uma democracia permite manifestações de toda ordem. Até mesmo algumas não razoáveis como a volta da ditadura militar. Porém, estamos em uma democracia. Todos têm direito à opinião e manifestação. Ou não?

A mesma coisa acontece quando, por ventura, alguém se manifesta a favor do nazismo. A ideia pode ser uma aberração, mas a democracia tem por obrigação conviver com as aberrações também.

DEMOTADURA

Assim, tem muita gente que diz que lutou pela democracia, mas quando vê seus interesses contrariados quer fazer patrulhamento ideológico. Aí vem aquela ótima definição de democracia e ditadura: “democracia é quando eu mando em ti, ditadura é quando tu mandas em mim”.

UM ACERTO

Entre as várias medidas impopulares efetivadas pelo governo Dilma após sua reeleição, uma está coberta de razão: as novas regras para ter direito ao Seguro Desemprego. Como aqui não funciona como lá na Europa, onde o governo rastreia opções de empregabilidade para o inscrito e caso ele não aceite perde o benefício, nada mais justo do que aumentar o prazo de tempo trabalhando para ter direito ao seguro. Já havia uma leva de folgados que trabalhavam 6 meses e provocavam demissão apenas para ficar mamando nos outros 6 meses nas tetas do governo. Ou seja, nas nossas, que é quem bancamos o dinheiro público e assistencialista – deste e de outros programas.

APOIO PERIGOSO

Ainda assim, o anunciado apoio de Dilma à candidata dos Estados Unidos Hillary Clinton é uma temeridade. Para Hillary. Com a ‘ótima popularidade’ que tem em casa, se dependesse da nossa presidente a ex-primeira dama norte-americana não seria eleita nunca. Perderia até mesmo para Mônica Levinski.

EM TEMPO

Levinski não é parente de Levandowski. Não confundamos.

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