Apesar de menor, manifestação teve 'corpo' em Blumenau. Foto: Jaime Batista
As manifestações deste
domingo em todo o país foram menores do que as de março. Todo mundo viu. O
indicativo que isto aconteceria era claro, já nas redes sociais, nas semanas e
dias que antecederam o movimento de ontem. Enquanto em março as pessoas
mostravam-se empolgadíssimas nas redes, desta feita o barulho era bem menor. Há
muitas leituras que podem se depreender daí. A única que não é possível, é que
o Governo Dilma recuperou credibilidade.
A credibilidade não é o
resultado da leitura da ação ou reação de uma situação, mas da percepção que as
pessoas têm dela. E não há como negar que a atual situação econômica, aliada à
diferença do discurso pré-eleitoral e prática pós-eleitoral de Dilma, causam
uma percepção extremamente negativa do governo. Para se ter uma ideia, pesquisa
efetuada pelo Instituto Datafolha dá conta de que apenas 13% dos brasileiros
consideram o governo Dilma bom ou ótimo. Um percentual muito diferente do que a
elegeu faz muito pouco tempo. Se bem que no tema credibilidade, também as
pesquisas não andam com esta bola toda...
Se a imagem de “mentirosa”
colou na atual presidente da República após dizer que tudo estava uma maravilha
na campanha e mudar de discurso, com medidas impopulares, logo depois de eleita,
Dilma paga preço alto também pela constatação popular de que os preços nos
supermercados e tarifas públicas dispararam. Quando a conta pesa no bolso do
contribuinte para as coisas mais básicas como comer e dispor de energia
elétrica, por exemplo, a insatisfação é certeira como uma flecha que,
ponteaguda, vai cortando a carne. Primeiro recado: não é possível votar atrás
nas declarações da campanha eleitoral. O prejuízo à imagem é real. E a economia
doméstica será fundamental para tentar amainar a ira das pessoas.
A manifestação só não foi
maior porque o brasileiro não tem como característica brigar pelas suas
aspirações. Reclama muito nas redes sociais, mas não tem a tenacidade de ir
para a rua tantas vezes quantas seriam necessárias para pressionar o governo. E
olha que logo depois daquela grande manifestação de março, medidas foram
anunciadas para aplacar a fúria da população. Tal qual em uma luta de boxe, o
governo Dilma mostrou ter sentido o golpe. Neste segundo round, porém, a população parece ter dado o recado que se a vitória
vier por pontos, tudo bem... não buscou o nocaute. Talvez venha a nem ganhar a
luta, mas o recado que está sendo dado nas ruas é mais amplo do que derrubar o
atual governo. Ele serve como um alerta a todos os políticos de que a nação não
suporta mais a corrupção. Segundo recado: o brasileiro não tem a pegada forte
para derrubar governos, como a vizinha argentina. Ainda assim, está de saco
cheio. Fica perigoso.
No mais, o número de
manifestantes deste segundo mês consecutivo de ida às ruas mostrou que dois
movimentos organizando (caso da manifestação de março) mobilizam mais do que
apenas um.
MANIFESTAÇÃO EM SC
Blumenau e Balneário
Camboriú tinham cravado 40 mil pessoas nas ruas em março, em cada município, o
maior número do estado. Enquanto aqui caiu para 15 mil, na cidade do litoral
ficou em aproximadamente 5 mil. Floripa conseguiu cravar 25 mil ontem,
liderando desta vez o número de manifestantes no estado.
PATRULHAMENTO
Há alguns setores da
sociedade que são realmente chegados a um patrulhamento ideológico. Um deles
está dentro do partido da presidente da República. Quem não pensa igual,
inimigo é. Outro é a “grande mídia nacional” que eles mesmos tanto detestam.
Uma democracia permite manifestações de toda ordem. Até mesmo algumas não
razoáveis como a volta da ditadura militar. Porém, estamos em uma democracia.
Todos têm direito à opinião e manifestação. Ou não?
A mesma coisa acontece
quando, por ventura, alguém se manifesta a favor do nazismo. A ideia pode ser
uma aberração, mas a democracia tem por obrigação conviver com as aberrações
também.
DEMOTADURA
Assim, tem muita gente que
diz que lutou pela democracia, mas quando vê seus interesses contrariados quer
fazer patrulhamento ideológico. Aí vem aquela ótima definição de democracia e
ditadura: “democracia é quando eu mando em ti, ditadura é quando tu mandas em
mim”.
UM ACERTO
Entre as várias medidas
impopulares efetivadas pelo governo Dilma após sua reeleição, uma está coberta
de razão: as novas regras para ter direito ao Seguro Desemprego. Como aqui não
funciona como lá na Europa, onde o governo rastreia opções de empregabilidade
para o inscrito e caso ele não aceite perde o benefício, nada mais justo do que
aumentar o prazo de tempo trabalhando para ter direito ao seguro. Já havia uma
leva de folgados que trabalhavam 6 meses e provocavam demissão apenas para
ficar mamando nos outros 6 meses nas tetas do governo. Ou seja, nas nossas, que
é quem bancamos o dinheiro público e assistencialista – deste e de outros
programas.
APOIO PERIGOSO
Ainda assim, o anunciado
apoio de Dilma à candidata dos Estados Unidos Hillary Clinton é uma temeridade.
Para Hillary. Com a ‘ótima popularidade’ que tem em casa, se dependesse da
nossa presidente a ex-primeira dama norte-americana não seria eleita nunca.
Perderia até mesmo para Mônica Levinski.
EM TEMPO
Levinski não é parente de
Levandowski. Não confundamos.
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