segunda-feira, 23 de março de 2015

FISCALIZAR E MULTAR É CONSCIENTIZAR

A fiscalização existe para coibir abusos e proteger vidas.

O discurso de que é preciso educar mais e multar menos é uma grande, enorme, imensa falácia. Para quem, não sabe, falácia é um argumento falso, que desvirtua a ideia, a razão, o motivo de algo ou algum acontecimento. Toda a vez que alguém – seja ente público, eleito, ou pessoa física comum – aborda este argumento, está desvirtuando a verdade dos fatos. É certo que todos concordam que é necessário haver educação para o trânsito e no trânsito. Porém, qualquer débil mental consegue vislumbrar que não é o poder público que conseguirá tal feito. Educação é algo que se traz de casa. O máximo que campanhas conseguem fazer é ajudar a conscientizar as pessoas.

Assim sendo, a ideia de uma “indústria da multa” não é só absurda, como falaciosa. Atende aos interesses do reclamante – ou porque é um infrator das leis de trânsito e quer continuar infringindo essas leis sem ter punição, ou tem interesses escusos no discurso fácil de jogar uma culpa que é de motoristas inconscientes no poder público. Aliás, isto é muito comum no Brasil. Toda incompetência da sociedade, seja pelos seus indivíduos, seja pela coletividade, é de pronto empurrada para o poder público. E alguns acabam se aproveitando deste “senso comum” de quem não pensa para ganhar simpatia e, quem sabe, alguns votinhos.

A fiscalização no trânsito existe através de blitze, lombadas eletrônicas e radares (chamados de “secador de cabelo” pelo seu formato) pelo simples fato de que há abuso de parte dos motoristas. Abusam da velocidade, abusam do álcool, abusam de manobras ilegais conforme as normas de trânsito. Quando abusam, fazem bobagem, causam acidentes, machucam terceiros. É por causa desses que o Governo Federal apertou ao extremo a chamada “lei seca”. É por causa desses que a comunidade – inclusive de Blumenau – exige uma fiscalização dura dos órgãos responsáveis para que o trânsito seja menos violento. É por causa desses que você, que anda um pouco mais rápido quando está com pressa ou toma uma taça de vinho ou cerveja quando sai para jantar, agora está na mira da fiscalização.

Para esses infratores contumazes, que ficam fazendo bobagens e abusam do perigo no trânsito de nossas ruas, não existe conscientização que não pese no bolso. Isto porque eles não têm consciência, efetivamente. Tem lá um cerebrozinho que, convenhamos, deixa a desejar. Quando entram em um carro e assumem o volante, pensam que são donos do mundo. E aí a porcaria está feita. O brasileiro, aliás, tem pouca consciência quando não há prejuízo financeiro. Veja o que acontece com o consumo de água. Tem que sobretaxar para usar conscientemente. Com a dengue em Itajaí. Tem que criar lei com multa para que porcalhões não deixem água acumulada. E por aí vai... sem doer no bolso, não há conscientização. E é difícil haver conscientização quando muitos pais estão preocupados em fazer filhos sem educá-los depois.

Fica então comprovado que o discurso fácil de “indústria da multa”, de educar mais e multar menos, é o discurso fácil dos que apóiam a violência e as mortes no trânsito. E o pior é que tem gente que leva a sério. Hoje até os bons motoristas pagam pelos abusados. Se há muito mais fiscalização é porque a situação ficou de tal forma absurda, que a sociedade assim exige. Que as multas ocorram, sim, para aqueles que as merecem, que infringem as leis de trânsito e não se importam com o bem estar de pedestres, ciclistas e outros motoristas. Os que obedecem as normas de trânsito não tem o que temer, pois não serão multados. Simples assim.


SOBRE O TEMA


Com sua veia hilária, o amigo e jornalista Carlos Tonet, aliás, exemplifica bem o que digo acima em seu blog. Aproveite: https://carlostonet.wordpress.com/2015/03/23/seterb-provoca-colisao-entre-dois-motoqueiros-bebados/


Nenhum comentário: