A fiscalização existe para coibir abusos e proteger vidas.
O
discurso de que é preciso educar mais e multar menos é uma grande, enorme,
imensa falácia. Para quem, não sabe, falácia é um argumento falso, que
desvirtua a ideia, a razão, o motivo de algo ou algum acontecimento. Toda a vez
que alguém – seja ente público, eleito, ou pessoa física comum – aborda este
argumento, está desvirtuando a verdade dos fatos. É certo que todos concordam
que é necessário haver educação para o trânsito e no trânsito. Porém, qualquer
débil mental consegue vislumbrar que não é o poder público que conseguirá tal
feito. Educação é algo que se traz de casa. O máximo que campanhas conseguem
fazer é ajudar a conscientizar as pessoas.
Assim
sendo, a ideia de uma “indústria da multa” não é só absurda, como falaciosa. Atende
aos interesses do reclamante – ou porque é um infrator das leis de trânsito e
quer continuar infringindo essas leis sem ter punição, ou tem interesses
escusos no discurso fácil de jogar uma culpa que é de motoristas inconscientes
no poder público. Aliás, isto é muito comum no Brasil. Toda incompetência da
sociedade, seja pelos seus indivíduos, seja pela coletividade, é de pronto
empurrada para o poder público. E alguns acabam se aproveitando deste “senso
comum” de quem não pensa para ganhar simpatia e, quem sabe, alguns votinhos.
A
fiscalização no trânsito existe através de blitze, lombadas eletrônicas e
radares (chamados de “secador de cabelo” pelo seu formato) pelo simples fato de
que há abuso de parte dos motoristas. Abusam da velocidade, abusam do álcool,
abusam de manobras ilegais conforme as normas de trânsito. Quando abusam, fazem
bobagem, causam acidentes, machucam terceiros. É por causa desses que o Governo
Federal apertou ao extremo a chamada “lei seca”. É por causa desses que a
comunidade – inclusive de Blumenau – exige uma fiscalização dura dos órgãos
responsáveis para que o trânsito seja menos violento. É por causa desses que
você, que anda um pouco mais rápido quando está com pressa ou toma uma taça de
vinho ou cerveja quando sai para jantar, agora está na mira da fiscalização.
Para
esses infratores contumazes, que ficam fazendo bobagens e abusam do perigo no
trânsito de nossas ruas, não existe conscientização que não pese no bolso. Isto
porque eles não têm consciência, efetivamente. Tem lá um cerebrozinho que,
convenhamos, deixa a desejar. Quando entram em um carro e assumem o volante,
pensam que são donos do mundo. E aí a porcaria está feita. O brasileiro, aliás,
tem pouca consciência quando não há prejuízo financeiro. Veja o que acontece
com o consumo de água. Tem que sobretaxar para usar conscientemente. Com a
dengue em Itajaí. Tem
que criar lei com multa para que porcalhões não deixem água acumulada. E por aí
vai... sem doer no bolso, não há conscientização. E é difícil haver
conscientização quando muitos pais estão preocupados em fazer filhos sem educá-los
depois.
Fica
então comprovado que o discurso fácil de “indústria da multa”, de educar mais e
multar menos, é o discurso fácil dos que apóiam a violência e as mortes no trânsito.
E o pior é que tem gente que leva a sério. Hoje até os bons motoristas pagam
pelos abusados. Se há muito mais fiscalização é porque a situação ficou de tal
forma absurda, que a sociedade assim exige. Que as multas ocorram, sim, para
aqueles que as merecem, que infringem as leis de trânsito e não se importam com
o bem estar de pedestres, ciclistas e outros motoristas. Os que obedecem as
normas de trânsito não tem o que temer, pois não serão multados. Simples assim.
SOBRE O TEMA
Com
sua veia hilária, o amigo e jornalista Carlos Tonet, aliás, exemplifica bem o
que digo acima em seu blog. Aproveite: https://carlostonet.wordpress.com/2015/03/23/seterb-provoca-colisao-entre-dois-motoqueiros-bebados/
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