Houve realmente uma virada ou as pesquisas estavam erradas?
A atual campanha eleitoral presidencial está sendo marcada pelas
viradas. Em um primeiro enfadonho momento, a candidata Dilma Roussef era a
preferida (segundo as pesquisas), Aécio era o segundo e Eduardo Campos estava
lá atrás. O avião caiu, o presidenciável morreu e uma virada aconteceu. Marina
Silva pulou na preferência popular e encostou em Dilma do dia para a noite.
Aécio Neves foi lá para trás. Pelo menos, era o que diziam as pesquisas. Elas
diziam, ainda, que só Marina conseguiria chegar perto de Dilma em um segundo
turno. O que se viu no dia da eleição?
Em 5 de outubro a população desbancou as pesquisas e colocou Aécio Neves
muito à frente de Marina Silva. Ele, que segundo as pesquisas não chegaria no
segundo turno, passou a ser favorito agora. A pergunta que fica é: esta é uma
campanha das viradas ou as pesquisas estavam erradas?
Acredito que as duas coisas. Alguns institutos como o Ibope, por
exemplo, mostraram que não é tão difícil assim errar feio em eleições. Em Blumenau ,
nas últimas eleições para prefeito, colocavam o atual prefeito 8% atrás do
segundo colocado na última pesquisa antes do dia da eleição. Deu no que deu, os
blumenauenses sabem. O terceiro colocado
nas pesquisas foi o primeiro lugar no primeiro turno e venceu fácil o segundo
turno. Se erraram assim em uma eleição municipal como Blumenau, como 220 mil
eleitores, onde o universo pesquisado é bem menor, imagina em um imenso
universo como o país inteiro. Erraram por errar, porque seus contratados não
conseguem seguir a necessária estatística de uma pesquisa, ou existem
interesses por trás desses ‘erros’?
Nesta eleição presidencial, se alguns fatos fizeram mesmo o eleitor
mudar de opinião, agir emocionalmente e depois racionalmente, nunca se pode
afastar a hipótese de que uma pesquisa paga por algum contratante terá de
atender interesses. Como escrevi há dois anos, na eleição municipal, manipular
a margem de erro pode dar uma boa vantagem para um candidato – uma vantagem que
ele não tem. Por isso, nem mais o eleitor se impressiona tanto com as
pesquisas, como os candidatos não devem tê-las como base. Exceto as pesquisas
internas, que mandam fazer, para obter um termômetro real da situação. É uma
eleição de viradas ou era uma eleição difícil, parelha, cujos números fizeram
acreditar que havia uma favorita e mais dois candidatos?
As perguntas ficam no ar para serem respondidas pelos fatos reais.
Algumas já foram, outras serão no dia 26 de outubro.
CARTA CONHECIDA
O que ninguém imaginou é que os marqueteiros do PT teriam que partir
para o ataque em uma reeleição tida como natural. Atacaram Marina no primeiro
turno e agora as propagandas do Horário Eleitoral Gratuito partem para o ataque
contra Aécio Neves. É o jogo normal de quem está atrás. Mas demonstra que há
uma percepção dentro da campanha de Dilma que a coisa está ruim, bem ruim. É
como o lutador de boxe sentir o soco, o golpe do outro.
O grande problema de Dilma é que os ataques costumam ser tiros que saem
pela culatra, historicamente.
BEM NA FITA
Blumenau é que pode ganhar com esta boa performance de Aécio Neves. Em
encontros nacionais, o candidato a presidente já utilizou o prefeito Napoleão
como representante da nova política. Tanto que o prestígio do blumenauense fez
com que o município fosse a única cidade catarinense visitada por Aécio no
primeiro turno. Agora, neste início de segundo turno, o candidato a
vice-presidente, Aloysio Nunes, já esteve em Blumenau. Vai que dá
certo...
ARTE PARA POUCOS
Política é uma arte. Conceituá-la é sempre difícil, tão grande é o
espectro açambarcado por ela. Tomás de Aquino, filósofo da idade média, dizia
que política é a arte de governar os homens e administrar as coisas visando o
bem comum. Eu já gosto muito do dito que “política é a arte de administrar as
opiniões contrárias”. O que importa é que ela é uma arte para poucos. Poucos a
serem vencedores nela; poucos a entenderem com alguma profundidade a mais do
que o reles senso comum. Por isso é tão difícil debatê-la com alguma
razoabilidade.
ENQUANTO ISSO...
Em pleno segundo turno eleitoral, Santa Catarina vive as festas de
outubro. Blumenau divide a atenção entre a eleição e a Oktoberfest – neste
momento com vantagem para a segunda. Por coincidência, ambos os eventos
terminam exatamente no mesmo dia: 26 de outubro. Enquanto o Brasil conhecerá
seu presidente, no Parque Vila Germânica serão eleitas a nova rainha e
princesas da 32ª edição da festa.
A importância das eleições são beeeeem
diferentes, exceto para o candidato e as candidatas.
MENOS, SÃO PEDRO!
Terremoto em Jaraguá do Sul, granizo do tamanho de ‘tijolo’ em Lages. Se lembrarmos do
furacão do sul do estado, há alguns anos, dá para pensar que aquele dito de que
este país é ‘abençoado’ porque escapa das intempéries climáticas mais duras vai
pro beleléu.
Somando isto tudo aos 7 a
1 que tomamos da Alemanha e da eleição de um Papa argentino, é preciso rever
com urgência o dito de que Deus é brasileiro.
Um comentário:
Adorei a parte "Arte para poucos".
Muitos acreditam tê-la.
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