segunda-feira, 6 de outubro de 2014

QUAL A VERDADE DA SUA VERDADE?


Não existe verdade. Se partirmos desta premissa, também não existe mentira. A afirmativa não é correta, porém não é de todo errada.

Se nos aprofundarmos filosoficamente no estudo da verdade, veremos que existem várias verdades e uma só verdade. Parece confuso, não?  Vamos tentar destrinchar isto: existe a verdade do fato, aquilo que aconteceu. Porém, a verdade do fato é naturalmente influenciada pela nossa bagagem cultural. Tudo aquilo em que acreditamos, polui a verdade de um fato.

A verdade, então, é um ponto de vista, uma questão de ótica. Por isso é possível afirmar que não existe uma verdade absoluta. Várias pessoas vêem um mesmo fato, que aconteceu de um jeito. Cada uma delas tende a ver ou interpretar este fato conforme suas crenças, sua bagagem cultural. Sendo assim, teremos mais de uma verdade oriunda de um único fato.  Qual a verdade verdadeira?

Diante desta realidade inequívoca de que o ser humano está eivado da bagagem que adquiriu em sua própria existência e de que esta experiência, crenças, cultura, modifica, inconscientemente, a verdade de um fato, é possível afirmar que não existe verdade absoluta. Não existindo verdade absoluta, ninguém, em momento algum, pode se considerar “o dono da verdade”, a opinião correta, a fala (ou pensamento) sem retoques.

Aliás, acreditar que a sua opinião é melhor do que a dos outros é um caso típico de inexperiência ou megalomania. Uma opinião é tão somente uma opinião. Por mais acertada que pareça a sua – e por mais errada que pareça a do outro – o respeito ao contrário é a base da democracia. Emitir uma opinião é tão importante quanto ouvi-la.

Aos que ainda sofrem do rebojo egocêntrico de acreditar, especialmente que a sua opinião deve prevalecer sobre a dos outros, lembro uma célebre frase do filósofo alemão Friedrich Nietzsche que diz que a convicção é o grande mal do homem. Quando ele está convicto de algo (do dicionário: que tem convicção; convencido; certo), fecha sua mente para as demais possibilidades. Arriscaria completar que o convicto deixa de enxergar, deixa de crescer como ser humano.


Não existe verdade. Se partirmos desta premissa, também não existe mentira. A afirmativa não é correta, porém não é de todo errada. Assim iniciei este texto. Mas... o que é certo?  O que é errado?  Quem convencionou o que é certo ou errado?  Está aí uma boa razão para outro texto. Em um outro dia...

Nenhum comentário: