Não existe verdade. Se
partirmos desta premissa, também não existe mentira. A afirmativa não é
correta, porém não é de todo errada.
Se nos aprofundarmos
filosoficamente no estudo da verdade, veremos que existem várias verdades e uma
só verdade. Parece confuso, não? Vamos
tentar destrinchar isto: existe a verdade do fato, aquilo que aconteceu. Porém,
a verdade do fato é naturalmente influenciada pela nossa bagagem cultural. Tudo
aquilo em que acreditamos, polui a verdade de um fato.
A verdade, então, é um ponto
de vista, uma questão de ótica. Por isso é possível afirmar que não existe uma
verdade absoluta. Várias pessoas vêem um mesmo fato, que aconteceu de um jeito.
Cada uma delas tende a ver ou interpretar este fato conforme suas crenças, sua
bagagem cultural. Sendo assim, teremos mais de uma verdade oriunda de um único
fato. Qual a verdade verdadeira?
Diante desta realidade
inequívoca de que o ser humano está eivado da bagagem que adquiriu em sua
própria existência e de que esta experiência, crenças, cultura, modifica,
inconscientemente, a verdade de um fato, é possível afirmar que não existe
verdade absoluta. Não existindo verdade absoluta, ninguém, em momento algum,
pode se considerar “o dono da verdade”, a opinião correta, a fala (ou
pensamento) sem retoques.
Aliás, acreditar que a sua
opinião é melhor do que a dos outros é um caso típico de inexperiência ou
megalomania. Uma opinião é tão somente uma opinião. Por mais acertada que
pareça a sua – e por mais errada que pareça a do outro – o respeito ao
contrário é a base da democracia. Emitir uma opinião é tão importante quanto
ouvi-la.
Aos que ainda sofrem do
rebojo egocêntrico de acreditar, especialmente que a sua opinião deve
prevalecer sobre a dos outros, lembro uma célebre frase do filósofo alemão Friedrich
Nietzsche que diz que a convicção é o grande mal do homem. Quando ele está
convicto de algo (do dicionário: que tem
convicção; convencido; certo), fecha sua mente para as demais possibilidades.
Arriscaria completar que o convicto deixa de enxergar, deixa de crescer como
ser humano.
Não existe verdade. Se
partirmos desta premissa, também não existe mentira. A afirmativa não é
correta, porém não é de todo errada. Assim iniciei este texto. Mas... o que é
certo? O que é errado? Quem convencionou o que é certo ou
errado? Está aí uma boa razão para outro
texto. Em um outro dia...
Nenhum comentário:
Postar um comentário