domingo, 7 de setembro de 2014

MEDO E CORAGEM: QUESTÃO DE ESCOLHA



Medo e coragem são dois lados de uma mesma moeda. Somos nós, cada um de nós, que fazemos a escolha do lado que queremos adotar. Não é um sorteio, um cara ou coroa. É uma decisão que pode influenciar toda a nossa vida como parte integrante de nossa personalidade. Ao escolher o medo, você fragiliza a si próprio, acredita na incapacidade de enfrentar situações – às vezes até comuns – e se torna uma pessoa menos segura. Ao escolher a coragem, a situação se inverte. Você, mais auto-confiante, passa a correr mais riscos, enfrentar as adversidades e, ao vencê-las, torna-se ainda mais forte. Simples assim. Não é preciso ler livro de auto-ajuda, seguir uma religião ou acreditar em crendices heterodoxas. Basta apenas escolher crer em você mesmo.

Isto me lembra da minha infância. Víamos filmes de terror toda a meia noite de sexta-feira, na casa de minha avó, em Porto Alegre. Eram filmes realmente assustadores. Quando ia deitar, muitas vezes sonhava com o lobo mau (quase um contrassenso para alguém com o sobrenome Wolff). Acordava com medo e ia dormir na cama de meus pais. Até o dia em que resolvi enfrentar o bobo medo oriundo nas noites escuras de minha mente. Resolvi enfrentá-lo nas madrugadas de meu quarto. Aos poucos fui substituindo o medo pela coragem. Eu mesmo me ajudei. Passei pelo lobo mau e, inconscientemente, repassei a decisão para minhas outras adversidades e lutas, imaginárias ou do cotidiano real. Penso que deu certo. Mas é verdade que para isso tive que apostar todas as fichas em mim mesmo.

Talvez ter estudado em colégio de padres tenha até colaborado. Notei, em determinado momento, que as coisas – boas ou ruins – não vinham de crer ou não em religião. Ainda na adolescência, busquei outras explicações, que caminharam juventude adentro. E quanto mais buscava, mais compreendia que o poder não está lá fora, não está em crendices, em esoterismos ou qualquer outra força que não esteja dentro de nós mesmos. Mesmo que eu não soubesse à época, a decisão da coragem foi tomada ao mesmo tempo em que foi tomada a decisão de não terceirizar minha vida. Eu é que tomo conta dela. Eu é que decido o caminho por onde quero seguir. E eu colho os frutos ou desventuras de minhas decisões. Alguém já disse que “quando alimentamos mais a nossa coragem do que os nossos medos, passamos a derrubar muros e construir pontes”. É disso que se trata. Fazer uma escolha, ultrapassar as dificuldades e construir o próprio caminho.

Pensar assim tem vantagens. Você sai mais forte de cada barreira superada, de cada adversidade suplantada, de cada luta vencida. Você se torna um super homem pela sua vontade de potência, como pregaria Nietzsche. Não o super homem dos filmes, que veste capa e voa, mas o super homem que sabe que sua vida depende de suas decisões e não espera que o cosmo influencie nela. E pensar assim também tem suas desvantagens. Você não pode culpar ninguém pelas suas derrotas, não pode culpar o cosmo por seus deslizes ou imaginar que ter esperança resolverá as coisas. Tem que ter maturidade para assumir cada resultado do difícil cotidiano do dia a dia. Qualquer resultado, seja ele qual for, será o resultado de suas decisões mais o resultado de suas ações. Somente isso. E isso pode ser muito, muito bom. Afinal, do céu, só vem chuva.


3 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...
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Unknown disse...

Excelente texto Fabricio...

Concordo que aderir a alguma religião ou crença, é em "muitos" casos abdicar do direito de pensar.
Por outro lado sempre me pergunto: Ter um pilar espiritual para sustentar, e nos dar força nos momentos de medo, não é válido? - já que tal fraqueza nos é intrínseca.

Acho que através de meios como a religião, espiritualidade ou do "eu" como protagonista dos próprios atos, chegaremos ao mesmo fim, que é ter coragem e superar os medos - Mas este não é principal fator, que irá separar o corajoso do medroso!

Eu encontro a chave da coragem na parte que você disse "Qualquer resultado, seja ele qual for, será o resultado de suas decisões mais o resultado de suas ações."

É nessa hora que dividimos os corajosos dos medrosos, diligentes dos preguiçosos e os sábios dos tolos.

Abraço professor, e continue nos presenteando com seus sábios textos.