Pois é. Desde que inventaram o termo “politicamente correto”, ser dedo-duro, inquisidor, discriminador do pensamento alheio externizado passou a ser uma virtude.
Agora não pode mais nada. Dou um exemplo: antes uma pessoa com problema físico era chamado aleijado. Aleijadinho, diga-se de passagem, era o apelido (e nada indique que fosse pejorativo) de um dos maiores artistas plásticos brasileiros. Mas aleijado foi considerado um nome feio, uma ofensa às pessoas com defeito físico. Arrumaram, então, o codinome deficiente físico. Aí, tempos depois, resolveram que deficiente é uma palavra pejorativa. Pura bobagem. Deficiência é uma deficiência e nada mais. Se uma pessoa tem algum problema que lhe impeça algumas atividades, ela é deficiente. E ponto.
Aí os deficientes intelectuais (desculpem-me se fui politicamente incorreto), em mais um arroubo de pseudo-intelectualidade, resolveram que este termo também não era bonitinho. Inventaram o “portador de necessidades especiais”. Fala sério! Isso não diz nada. Não me diz, por exemplo, no que posso colaborar com aquele que tem a deficiência em alguma coisa. Se estou na frente de alguém com deficiência auditiva e tento me comunicar falando, alguém me diz: “ele é surdo” ou “ele tem deficiência auditiva”, conseguiria eu mudar a forma de me comunicar. Mas se alguém me diz “ele é portador de necessidade especial”, esse alguém me disse o quê? Nada.
Então, hoje em dia, não se pode mais dizer as coisas que são o que realmente são e muito menos brincar com assuntos gerais, que os pseudo-intelectuais dedos-duro da ditadura do pensamento e da fala já apontam o dedo em riste considerando as pessoas racistas, homofóbicas ou gays, machistas ou feministas, anti-semitas ou anti-hitleristas, crentes ou anti-cristãs, insensíveis e o escambau a quatro.
Sinceramente, esses dedos-duro são uns chatos. E hipócritas. Eles ou pensam igual e gostariam de dizer aquilo que os “acusados” por eles dizem, ou eles simplesmente não conseguem sentir liberdade nem no que pensam. Acham que tudo aquilo que é dito de forma natural e descomprometida, livre, leve e solta, é uma ofensa a alguém, é um achincalhe público, é um desrespeito a outrem. Nada disso. Eles, os politicamente corretos do pensamento e da fala, é que são uns hipócritas. Porque suas atitudes policialescas da (argh!) moral e dos bons costumes (que coisa antiga!) é que são politicamente incorretas.
Realmente deve ser muito triste ser politicamente correto. Um verdadeiro pé-no-saco. Pessoas chatas ao extremo – e Cazuza já dizia: não há perdão para o chato.
Viva a liberdade da fala e do pensamento.
Danem-se!
3 comentários:
concordo plenamente!
A convivência está, definitivamente, cada vez mais complicada.
Pois é. Talvez o politicamente correto não seja uma questão puramente de discurso, mas também de atitude em relação ao outro.
Meu receio é que na outra ponta da corda do politicamente correto esteja o preconceituoso
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