domingo, 12 de julho de 2009

UNIFORMES - Kid Abelha

Eu ouço sempre os mesmos discos
Repenso as mesmas idéias
O mundo é muito simples
Bobagens não me afligem
Você se cansa do meu modelo
Mas juro, eu não tenho culpa
Eu sou mais um no bando
Repito o que eu escuto
E eu não te entendo bem

E quantos uniformes ainda vou usar
E quantas frases feitas vão me explicar
Será que um dia a gente vai se encontrar
Quando os soldados tiram a farda pra brincar

A minha dança, o meu estilo
E pouco mais me importa
Eu limpo as minhas botas
Não sou ninguém sem elas
Você se espanta com o meu cabelo
É que eu saí de outra história
Os heróis na minha blusa
Não são os que você usa
E eu não te entendo bem

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A letra desta música demonstra como as pessoas são diferentes. Porém, mostra uma realidade ainda mais complicada: como algumas pessoas não querem pensar, não querem progredir em sabedoria. As frases “Eu ouço sempre os mesmos discos / Repenso as mesmas idéias (...)” ou ainda “Eu sou mais um no bando / Repito o que eu escuto (...)” mostram total falta de idéias e ideais. E se pararmos para notar, o mundo está cheio de pessoas assim, sem personalidade, que não conseguem ter opinião própria e nem se preocupam com isso.

“E quantos uniformes ainda vou usar / E quantas frases feitas vão me explicar (...)” mostra a conformidade com a falta de personalidade, porque procurar explicações, ou seja, a dúvida e o questionamento são ferramentas mínimas para ter uma opinião própria (ainda que eu prefira procurar dúvidas ao invés de explicações – a explicação cessa a busca e impede o crescimento).

Mas podemos interpretá-la de forma ainda mais profunda: o quanto duas pessoas, ainda que próximas, íntimas, podem se distanciar devido a diferenças neste sentido. Fico imaginando o quanto pode prejudicar em um relacionamento um hiato desses: uma pessoa com personalidade, que faça questão de questionar as coisas da vida, que pense, e outra que simplesmente aceite a vida como ela é, que se ocupe de coisas fúteis ("A minha dança, o meu estilo / E pouco mais me importa / Eu limpo as minhas botas / Não sou ninguém sem elas (...)" ou apenas das coisas ditas normais. Sobre o que conversariam? Como se relacionariam? ("É que eu saí de outra história / Os heróis na minha blusa / Não são os que você usa / E eu não te entendo bem").


Difícil imaginar, não é mesmo?

2 comentários:

F. Arteche disse...

Gosto daquela frase da música do Engenheiros do Havaí que fecha com a tua filosofia crítica de procurar mais dúvidas do que certezas: "a dúvida é o preço da pureza e é inútil ter certeza".
Mas eis que surge uma dúvida: como defender idéias e ideais que se desmancham no ar diante das dúvidas críticas?

mazzy disse...

As vezes esses dois opostos se complementam... Se as pessoas souberem lidar com as diferencas. Nao eh tao bom assim ser 100% revoltado, nem 100% conformista...