Há quem se vanglorie de ter um animalzinho em apartamento. É um benfeitor das causas animais, pois cuida de um bichinho. Há os que apenas querem tê-los porque gostam dos animaizinhos, o que é bem normal. Mas, convenhamos. Apartamento não é lugar de animais, especialmente gatos e cachorros. Um peixinho, ainda vá lá. Peixinho de aquário, por sua natureza, não precisa de espaço muito maior. Já foram estuprados em sua natureza ao nascerem tlimitados a um aquário. Mas trancafiar um gato ou um cachorro num apartamento, é condenar o animalzinho à prisão.
Sei que este artigo vai fazer com que muita gente torça o nariz para mim. Mas acredito mesmo que os animais de estimação mereçam esta defesa. E vou logo dizendo: não tenho gato nem cachorro mesmo morando em uma casa. Gosto deles, mas não tenho tempo e paciência o suficiente para lhes dar o carinho e a atenção que merecem. Não sou hipócrita, não vou tê-los para meu deleite pessoal quando eu puder e quiser, relegando-os a segundo plano quando eles precisarem de afeto mas eu não tiver tempo ou vontade de dar isso a eles.
Penso que ter um gato ou cachorro num apartamento é subjugar o animal, afrontar contra sua natureza. Qual a natureza do canino? A liberdade, as matilhas. Qual a natureza do felino? A liberdade, a caça, a espreita. Ambos precisam de liberdade. Ou, pelo menos, de lugar para exercitar seu corpo e dons naturais. Um apartamento está muito longe de oferecer isso aos bichinhos, por mais que seu dono se esforce em passear com eles quinze minutos por dia, na coleira.
Os defensores desta idéia, de ter caninos em apartamento, sempre vem com o discurso de que são bem cuidados, de que a raça “x” é própria para apartamento, de que a raça “y” se adapta muito bem. Já quem tem os felinos argumentam que gatos são calmos, não fazem barulho e por isso se adaptam facilmente aos lugares fechados como um apartamento. Discurso. Já experimentou deixar um animal desses livres num parque, sem coleira, para ver a alegria do bichinho?
Outros defendem que se não os levarem para o apartamento, ficarão largados na rua. Penso que quem deve levá-los é quem reside em uma casa, tem tempo e vontade de cuidar deles. Se há animais na rua, é porque há donos que não têm idéia de sua responsabilidade ao ter um. Ou deixam procriar, ou os abandonam. Ter um animal é tal qual uma paternidade. Deve ser consciente. Extremamente consciente, na prática também. E colocá-los em uma prisão me parece tão ruim quanto deixá-los na rua. Para quem diz que gosta muito do seu animalzinho de estimação e o tem em apartamento: você colocaria seu filho numa prisão?
Tenho a impressão que ao levar um animalzinho desses para um apartamento não se está buscando cuidar do bichinho, apenas. Está se buscando um alento para suas necessidades emocionais, o que, até aí, não tem nada de mais. Porém, enjaular um bichinho que tem em sua natureza mais elementar a liberdade, é uma maldade. O que quero dizer agora é: tolhe-se a liberdade do animal para cuidar das feridas emocionais humanas. Isso é gostar de um animalzinho? Por mais que se trate bem este bichinho, isso é justo para com ele?
Para mim, é igual trancafiar um passarinho em uma gaiola. Igualzinho. Você pode tratar bem o passarinho, com comida, água e até carinho. Mas estará matando sua mais elementar característica: a liberdade de voar. Para um gato ou cachorro, um apartamento é uma gaiola maior. Eu não gostaria disso para mim, então não faria para um bichinho.
Penso que isso é respeito aos animais. Isso é gostar de verdade de um animalzinho. Respeitar sua natureza e sua liberdade. Respeitar suas características mais elementares. Só porque nós, como seres humanos, estamos acostumados a jogar nossa liberdade fora (trabalho, lugares fechados, compromissos e obrigações por toda a vida), ainda que muitas vezes por questões de sobrevivência, não acredito que possamos subjugar outras espécies ao mesmo modo de vida, ao mesmo fim.
O respeito à diversidade passa pelo respeito às espécies. Chamo isso de verdadeira humanidade, ser humano.
domingo, 15 de março de 2009
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9 comentários:
É, às vezes, homem e animal são coisinhas não muito distantes umas das outras: ambos agem primitivamente.
O ato de trancafiar animais passa longe do que penso ser uma atividade verdadeiramente humana, pensante, que goza de um cérebro racional.
Aí, penso: assim, mesmo com cérebro, o homem está agindo como animal.
Aí, repenso: os animais não merecem ser rebaixados às caracteristicas humanas.
Discordo, Fabrício, com todo o respeito que tenho por ti. Animais são felizes em apartamentos tbém. pergunte ao Tobi, por exemplo, se ele quer outra vida? O que importa ao animal é o carinho do dono, são iguais a nós, seres humanos. Basta sair com o bichinho duas vezes ao dia que tá tudo 10, garanto, do alto de uma experiência de anos com dog no apê.
no meu apartamento, de vivas, apenas eu e a Flor (minha plantinha). é pira demais já! OBS: respondendo a sua pergunta, meu grande amigo, a fumaça do cigarro me parece tão bonita que não posso deixar de relatá-la.
Como sempre digo, não sou dono da verdade. Coloco minha opinião sincera, mas o melhor é que o blog alcança seu objetivo: a controvérsia e a reflexão sobre o assunto abordado. Fiquem à vontade para discordar, amigos, ou concordar...
Há duas questões a serem relativizadas no teu comentário, se me permite. Primeiro, a natureza já não é mais a natureza como antigamente, nem a "natural", nem a dos animais e nem a humana (que seria melhor colocada como condição humana). Então, pemnsar numa natureza tipo-ideal é só serve para uma questão epistemológica.
A outra é que as condições de vida mudaram com essa mudança mais geral. O homem não só dominou a natureza como transforma seu ambiente e a si mesmo. E convenhamos que é mais fácil adaptar um animal a novas condições de vida (vão caçar o que na cidade, ratos, baratas?) do que aprender a latir.
quando digo que não gosto de animais dentro de casa as pessoas acham estranho... só relativizando o comentário do arteche: "quem colocou os animais na cidade? quem estimula a reprodução, estudando formas de criar novas raças?" a situação parece simples, mas a discussão vai longe... somos minoria, Fabrício, mas concordo contigo nesse ponto.
Cordamos contigo Fabricio! Em 2007 quando tivemos que mudar definitivamente para um apto, surgiu-nos um dilema o que fazer com "BINHO"??? Binho o gato vivia conosco por mais ou menos 10 anos,era caseiro e quase nunca saia, consultamos alguns profissionais da area, que nos afirmaram que tal mudanca seria possivel.Fizemos conforme as instrucoes, nao suportou uma semana. O fato eh que, quando um gato quer sair de casa tem que ser naquele momento e nao outro desejado por nos. Ai eh que mora a tal liberdade, o mais que dermos carinho nao serah suficiente para a felicidade plena do bichano.Mariza minha esposa sente ateh hoje a falta de binho, mas depois dessa soh teremos bichanos morando em uma casa.
AINDA SOBRE ELES: Nao adianta termos tais animais em casa,e leva-los diariamente para passeios com o objetivo de "SUJAR" a cidade.Ato este apreciados por muitos donos animais......
COMENTÁRIO DE MICHEL IMME, que não conseguiu postá-lo, enviou e-mail e pediu que eu o fizesse.
Bombou mesmo esse papo, bem no meio da história da FURB doar 46 cães do biotério por interromper a prática cirúrgica com os bichinhos vivos. Toda mídia abriu espaços generosos para a iniciativa (louvável) e não sem-tempo.
Penso que os animais, bem cuidados, passam da condição de trancafiados para amados quando envoltos por amor desinteressado e sincero - passa a ser prova de humanidade sadia e preocupada com toda forma de vida.
Michel Imme.
O blog é pra isso aí mesmo, opinar, divergir, elogiar, criticar, etc...
Mas nesse caso sou obrigado a discordar do amigo, cabe as pessoas saberem que tipo de animal pode-se ou não ter apartamento.
Eu tenho um cachorro (pequeno) no meu apto que é criado com muito amor e carinho, e lhes garanto que é muito feliz!
Abraços.
Márcio Santos(www.marciosantosblu.blogspot.com)
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