sábado, 21 de fevereiro de 2009

Cotidiano - Especial coluna Tonet

Você já leu a coluna de Carlos Tonet, no jornal Folha de Blumenau? Se não leu, não sabe o que está perdendo... o “Pupo”, apelido das antigas de Tonet, conheço desde os tempos do Arthur Monteiro em Blumenau. Suas tiradas e ironias, sempre inteligentes, idem. Mas agora é possível acompanhar isso no jornal impresso ou em www.folhadeblumenau.com.br. Trocou a coluna de economia por esta, de ironia (só pra rimar...).

Não me contive. Selecionei algumas notas de suas quase 50 colunas já escritas ali – geralmente as que me fizeram rir – e colei aí embaixo. Ah! Pedi vênia ao autor. Fazer críticas sem ser ranzinza, mantendo o bom humor e a picardia, é arte que merece destaque.



[edição 201]

Pense grande
J. Bernardes apresenta na TV Galega o programa Novo Tempo. A sinopse diz que “o programa fala de religião, tendências filosóficas, parapsicologia, política e outros assuntos”. Bacana, né? Na última terça-feira à noite, J. Bernardes me deu um susto. Referindo-se às eleições, passou uma mensagem edificante aos telespectadores: “Não se venda por qualquer merdinha”. Quase caí da cadeira. Estava pensando em me vender por um caminhão de brita. Uma merdinha. Mas o conselho de J. Bernardes me levou a uma profunda reflexão. Decidi pensar grande. Vou pedir também uma dentadura, uma receita de óculos e pelo menos dois sacos de cimento.

[edição 205]

Como salvar Blumenau
Andei vendo na TV que em 2050 o degelo das calotas polares poderá causar verdadeiras catástrofes. Mas não se preocupe. Já tenho a solução para salvar Blumenau. Vou propor a construção de um dique na divisa com Gaspar. Isso vai nos proteger quando o nível do mar subir. De imediato, teremos duas grandes vantagens. Não vamos mais enfrentar o caos do trânsito gasparense para ir à praia e o mar vai estar bem mais perto. Vamos economizar tempo e dinheiro. Claro, precisamos tomar o cuidado de salvar aquelas vendinhas de caldo de cana e pastel.

[edição 208]

Abandonado
Uma vez ouvi o Guido Heuer explicando que o monumento da Ponte do Tamarindo aponta para a região Norte da cidade porque lá está o futuro, o crescimento, o desenvolvimento. Moro na Velha. Fui pra casa me sentindo triste, abandonado, sem rumo na vida. Sentei na calçada e chorei copiosamente abraçado ao meu cachorro. Eis que agora o Guido faz o monumento da praça das Gaitas Hering também de costas para o bairro da Velha, apontando pro outro lado do rio. Acho que ele quer que eu corte os pulsos.

[edição 213]

Seleção de frases
Eu me dei ao trabalho de anotar três frases antológicas (antológicas, como você sabe, são coisas produzidas pelas antas) ditas por jornalistas e jogadores logo depois do jogo da Seleção, na quarta-feira: – Estava cansado e pedi para entrar um jogador mais fresco (Robinho, ao ser substituído). Achei uma boa idéia. Só não sei qual os critérios usados pelo Dunga para decidir quem era o mais fresco disponível no banco. – Não foi fácil penetrar o adversário (Dunga, na coletiva). Tenho uma sugestão para o Dunga facilitar a penetração. Basta que jogue vários sabonetes na intermediária do campo adversário, entrando pelo meio assim que os jogadores começarem a juntá-los. – Os próximos jogos serão com o Equador fora e o Peru dentro. (Cícero Melo, repórter da ESPN). Sinceramente, acho que vai ser muito mais complicado jogar com o Peru dentro do que com o Equador fora, apesar do retrospecto das duas equipes.

[edição 217]

Conservando o verde
Traficante de Blumenau foi preso com mais de um quilo de maconha escondido no freezer. Resta saber se ele era honesto o suficiente para descontar o peso do gelo na hora de repassar o produto para a seleta e exigente clientela.

[edição 218]

Nosso futuro em xeque
A partir de hoje, o mundo não será o mesmo. Não. Não estou me referindo à eleição americana. É que o governo brasileiro, por meio do Ministério da Agricultura, editou uma portaria determinando níveis de dosagem e materiais a serem usados na correta elaboração da caipirinha. A norma servirá para definir o que realmente é uma caipirinha e regula até mesmo o tipo de açúcar e a proporção de limão a serem usados na bebida. A portaria tem alcance nacional e internacional.

[edição 218]

Tome cuidado
Quanto ao Brasil, não haverá problemas. Temos um eficientíssimo sistema público de fiscalização. Se você colocar duas doses a mais de açúcar na caipira, fiscais especialmente treinados pularão para dentro do seu quintal, dominando o seu cachorro com técnicas ninjas. De início, apenas alertarão e o ensinarão a fazer a caipira do jeito certo. Na reincidência, você poderá ser preso por crime inafiançável. Os seus limões e a sua garrafa de Velho Barreiro serão sumariamente confiscados

[edição 220]

Obama, um brasileiro
Deu na “Veja”: durante a campanha, num rápido encontro com diplomatas brasileiros, Obama, em tom de brincadeira, passou a mão no braço, mostrando sua pele negra e disse que era um pouco brasileiro. Eu fiz o mesmo. Passei a mão na minha pele e senti que sou um pouco norte-americano. Vou ligar para o Obama hoje mesmo. Talvez ele aceite trocar de lugar comigo.

[edição 220]

Reza brava
Diante tantas desgraças relatadas diariamente pelas emissoras de rádio, começo a achar que o problema da saúde não poderá ser resolvido apenas com investimentos em estrutura. A Prefeitura precisa urgentemente criar uma nova secretaria: a Secretaria Municipal da Benzedeira.

[edição 223]

Consolo
O mundo vive situações especialmente trágicas, como a crise financeira internacional, a guerra do Iraque e a não-reeleição do vereador Gaspar. Mas ainda há motivo para júbilo. Começou a nova temporada do House. Todas as quintas, às 23h, no Universal Channel.

[edição 226]

Warning
Ao final do programa ‘Caravana dos Sonhos’, a TV Galega exibe um alerta de que a atração é um programa independente, com conteúdo de responsabilidade dos produtores. É bom avisar mesmo. Costumam ocorrer coisas estranhas por lá. De vez em quando a apresentadora Nilda Cardoso começa a pular e a gritar descontroladamente e diz coisas desconexas. Quando isso acontece, pulo do sofá e quase morro de susto. O meu cachorro acorda apavorado e corre para debaixo da mesa.

[edição 228]

Meu drama pessoal
Era domingo pela manhã. Minha mulher me deu uma lista de compras e mandou que fosse ao supermercado. O primeiro dos itens era sorvete. Ao entrar no supermercado, fui direto a ele. Levei mais 27 minutos para encontrar o restante dos produtos, entre eles o maldito papel-alumínio, um item que me era completamente desconhecido e que exigiu de mim uma imensa prova de superação. Na hora de pagar, o sorvete estava praticamente derretido. A moça do caixa teve que enxugar tudo. Em casa, levei bronca da mulher e dos filhos. Minha empregada passou a me encarar com um indisfarçável ar de superioridade.

[edição 228]

A volta por cima
Mas não há de ser nada. Nessas horas, é preciso reunir forças e transformar a tragédia em aprendizado. Por isso, meu amigo, quando a sua mulher ordenar a você que vá ao supermercado com uma lista que inclua sorvete, deixe para comprá-lo por último. Pessoalmente, já estou me recuperando. Resta-me ainda superar uma única seqüela: todas as vezes que passeio pelo quintal, o papagaio do vizinho irrompe em incontidas risadas.

[edição 228]

Eduardo, Marlon e eu
Esses hackers são mesmo uma gracinha. Antes, mandavam e-mails assinados por beldades como Rosinha, Aninha e Lu. Elas pediam para que abrisse fotos de nossos momentos íntimos. Agora, inventaram um tal de Eduardo. O Eduardo, aliás, vive me mandando e-mails com frases do tipo “Cheguei em casa agora e já tirei da máquina as fotos da nossa noite maravilhosa...”. O Eduardo é persistente e geralmente termina as mensagens assim: “Te adoro meu tesão... espero você no sábado... pra a gente ir pro motelzinho”. Confesso que já estava me apaixonando pelo Eduardão. Mas num dos e-mails ele faz a seguinte confissão: “Se o Marlon descobre que estou saindo com você... meu deus, acho que ele me mata, e te mata também”. Achei demais. Pensava que era o único na vida do Eduardo. Mas o aparecimento do Marlon foi um baque emocional muito grande. Voltei a ler somente os e-mails de Rosinha, Aninha e Lu.

[edição 233]

Minha nova carreira
A revista Fortune publicou uma lista com as 15 modelos mais bem pagas do mundo. Entre as cinco primeiras, três são brasileiras. A primeira colocada no ranking mundial é a Gisele Bündchen. As outras duas eu não lembro. Fortune diz que Gisele faturou US$ 33 milhões no ano passado. Amanhã mesmo pegarei um ônibus com destino a São Paulo. Vou madrugar na fila do Consulado dos Estados Unidos. Quero um visto de trabalho. Estou decidido a começar uma carreira de modelo masculino por lá. Talvez convide o Paulo França e o vereador João Marçal para irem comigo. Com nosso porte físico e irresistível sex appeal, calculo que podemos chegar ao topo da lista em, no máximo, dois anos.

[edição 237]

Protesto inteligente (2)
Para protestar contra uma revista que a teria ofendido, a atriz Paula Burlamaqui tirou a roupa frente às câmeras, num vídeo que está bombando na Internet. Talvez seja uma boa idéia para vereadores blumenauenses que queiram chamar atenção. Mas cuidado: o vereador deve ficar pelado somente se estiver na frente de uma câmera de TV. No estúdio da Rádio Nereu, por exemplo, ninguém vai ver. Só o Jorge Theiss.

[edição 237]

Fórmula 1 em Blumenau
Estou à procura de alguém que saiba inglês fluentemente. Preciso traduzir uma carta que vou mandar para a FIA, a Federação Internacional de Automobilismo. Quero convencê-la a transferir as provas de Fórmula 1 para Blumenau. Temos aqui uma pista bem melhor que a de Interlagos. É a rua João Pessoa. Nunca vi tantos motoristas correndo tanto durante o tempo todo num lugar com tantas curvas. É um assombro. Sei disso porque frequentemente preciso estacionar por lá, um pouco antes do trevo com a rua 7 de Setembro. Sou obrigado a sair rápido. Para retirar minha pasta com o notebook, tenho que me refugiar na calçada, abrindo a porta do passageiro. Se demorar alguns segundos a mais, alguém arranca a minha porta e as minhas pernas.

[edição 238]

Adiós, muchachos
Lá vamos nós de novo com aquela lenga-lenga de sempre dos índios de Ibirama. Agora estão trancando as estradas. Tenho uma sugestão aos movimentos sociais que apóiam tais iniciativas. Deveriam levar todos os índios para Cuba. Lá, eles teriam um fantástico programa de saúde. Teriam comida abundante e excelentes escolas. Teriam tudo de graça. Todos virariam médicos e engenheiros. Aumentariam o nível cultural assistindo pela TV estatal às reprises daqueles maravilhosos discursos do Fidel durante sete ou oito horas por dia. De quebra, viveriam em permanente contato com o Maradona e o Hugo Chaves. Um paraíso sobre a terra. Não sei porque ainda estão por aqui, neste inferno calorento, cheio de urtiga e pernilongo, cercados de alemães e italianos chatos por todos os lados.

[edição 238]

Hasta la vista, baby
Você deve estar pensando que sou preconceituoso, que quero me livrar dos índios. Não é verdade. Quero que eles voltem. Raciocine comigo: depois de receberem educação de alto nível, de serem beneficiados com toda a inclusão social de Cuba, os índios voltarão para cá em melhores condições de vida. Serão nossos médicos. Um deles será técnico do Metropolitano. E será campeão invicto. O DEM poderá colocar um deles no lugar do Jovino. Ficaremos maravilhados. Todo mundo vai virar comunista. Até eu,você, o Deusdith e o Ulrich Kuhn. O Brasil viverá, então, uma revolução proletária plena.

[edição 241]

Sociologia básica
Vamos agora a uma aulinha de sociologia básica. São sete os espectros da ideologia política. No meio, temos o centro. De um lado, temos centro direita, direita e extrema direita. Dou outro, temos centro esquerda, esquerda e extrema esquerda. Com base na disposição dos vereadores no plenário, produzi uma tabela de posicionamentos ideológicos que resultou na seguinte classificação (não estão incluídos os quadro vereadores da Mesa):

GRADUAÇÃO IDEOLÓGICA DA CÂMARA DE BLUMENAU:
Projeção hipotética realizada a partir das ideias defendidas pelo vereador Vanderlei.

VEREADOR IDEOLOGIA
Deusdith de Souza (PP) Extrema esquerda
Zeca Bombeiro (PDT) Esquerda
Vanderlei de Oliveira (PT) Esquerda
Vânio Salm (PT) Centro esquerda
Helenice Luchetta (PSDB) Centro esquerda
Napoleão Bernardes (PSDB) Centro
Marco A. Wanrowsky (PSDB) Centro direita
Marcelo Schrubbe (D25) Centro direita
Norma Dickmann (D25) Direita
Antônio Veneza (D25) Direita
Jovino (D25) Extrema direita
Fonte: eu mesmo.

[edição 242]

Boicote
Um cidadão blumenauense criou uma comunidade no Orkut conclamando o povo a boicotar o transporte público de Blumenau. Uma absoluta perda de tempo. Ou você acha que alguém vai andar a pé da Itoupavazinha até o centro com o único objetivo de protestar?

Sobrou até uma para mim:

[edição 221]

Literatura erudita
Acabo de ler de uma só tragada as 446 deliciosas páginas da biografia do Slash, autorizada e escrita por ele mesmo. “Slash“ é um bom presente de final de ano para você ou para outrem. Ideal para ser lido ao lado de doses duplas do seu scoth favorito. Izzy, Duff e Alx também lhe farão companhia. Meu caro Fabrício Wolff, se você estiver me lendo, vai nessa que eu garanto.

2 comentários:

Anônimo disse...

o cara é realmente muito bom. leitura recomendada, e que eu nao perco nunca.

Anônimo disse...

Realmente, Fabrício, acertasse na escolha, a coluna é pra rir e muito. Precisamos de mais caras assim, com humor àcido e inteligência para criticar. Fazem uma falta danada!