terça-feira, 15 de abril de 2008

Artigo - de Vilarino Wolff

MP: Medida Provisória ou Mancada Patriótica?

Sou brasileiro com muito orgulho, “catarina” convicto, lageano de nascimento e gaúcho por opção. E como qualquer brasileiro atento aos absurdos que acontecem nesta Pátria amada, não posso deixar de comentar sobre uma lei sem pé nem cabeça.

Em princípio, muita gente pode perguntar: o que o gaúcho (eu falei gaúcho, não me referi aos riograndenses do sul, nem aos gaúchos da Argentina, do Paraguai, do Uruguai, ou de qualquer parte do mundo) tem a ver com isso? Muita coisa! Porque todo o gaúcho brasileiro deve estar, como eu, se perguntando qual é o fundamento dessa lei.

É mais uma daquelas leis que vêm para justificar a não aplicação das demais leis, ou para minimizar a incompetência das autoridades em manejá-las. Tudo faz crer que ela surgiu para justificar o injustificável, para fazer de conta que alguém sem preocupa com as barbaridades que estão acontecendo. E, no entanto, ela própria é mais uma barbaridade.

Não faz muito tempo, ainda, editou-se o novo Código Brasileiro de Trânsito, produto da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997. Foi festejado, recebido com muita esperança, cantado em verso e prosa. Seu propósito era acabar com a irresponsabilidade de quantos não sabiam (e pelo jeito ainda não aprenderam) a dirigir. São mais de trezentos artigos que dispõem sobre quase tudo. Segundo a mídia da época, era uma panacéia para a cura da maioria dos males causados pelos inaptos, pelos irresponsáveis ou pelos malucos do trânsito. Apesar dele, o número de acidentes aumentou e a maioria causada por falhas humanas. Condutores bêbados, atropelando pessoas. Menores inabilitados dirigindo com tranqüilidade, causando mortes. Adultos psicologicamente perturbados, fazendo das ruas e estradas a sua praça de guerra para abater inimigos subjetivos que povoam suas mentes, causando transtornos reais para inocentes que morrem ou ficam inutilizados por estarem no seu caminho sem o saberem. E o que lhes acontece? Cestas básicas ou ações comunitárias. Parece até brincadeira!

Pois é! Para mascarar tudo isso surgiu, recentemente, a lei mais boba que podia ser concebida por pessoas inteligentes. Pelo menos, inteligência é o que se espera dos gestores públicos aos quais está confiada a nossa segurança. Criaram a lei que proíbe a venda de bebidas alcoólicas ao longo das rodovias, como se os únicos a transitarem por elas fossem os motoristas. Viajantes em excursão, como de resto todos aqueles que não dirigem, estão impedidos de comprar a sua cervejinha nos postos de abastecimento ou nos estabelecimentos que atuam ao longo das estradas. Investimentos feitos por muita gente em bares, restaurantes, lanchonetes, etc., estão sendo anulados por prejuízos decorrentes da queda do movimento, abalando a economia nacional. Não é necessário nem aprofundar muito o comentário. Basta imaginar que qualquer veículo mal intencionado pode desviar alguns metros ou quilômetros da beira da estrada para adquirir a bebida em estabelecimento não caracterizado como “de beira das rodovias”.

Enquanto isso o que acontece nas cidades? Condutores irresponsáveis continuam enchendo a cara e causando as suas estrepolias. Menores não habilitados atropelam pessoas. Os malucos continuam ao volante.

É hora dos homens públicos agirem com competência e deixarem de tentar tapar o sol com a peneira, criando e aplicando leis que realmente funcionem para resolver esses problemas. Os comerciantes ao longo das rodovias não são os culpados.
*Vilarino Wolff é comunicador.

3 comentários:

Thiago Floriano disse...

no fundo isso tudo é só pra dizer que o legislativo trabalha... tá ficando cada dia mais triste perceber o que acontece nas esferas públicas.

Thiago Floriano disse...

só pra confirmar o email: thiagofloriano@gmail.com
se for começar o futebol na furb de novo, tô dentro...
abraço!

Deise Furtado disse...

Discordando só por um minnuto do artigo, às vezes não tenho muito orgulho de ser brasileira não. NO meu ponto de vista, os dirigentes do país envergonham a nação!