Foto/montagem: www.g1.com.br
A prisão de Joesley “fanfarrão”
Batista e do executivo de sua empresa, Ricardo Saud, vem tarde. Mas... antes
tarde do que nunca. A princípio são só 5 dias, a tal prisão temporária. Serve
para que os presos não interfiram no andamento de investigações. Por enquanto,
o ex-procurador Marcelo Muller ficou fora das grades temporárias. É investigado
pela Polícia Federal. Tudo para saber se ele deu assessoria para o grupo
J&F, proprietário também dos Frigoríficos da JBS, no acordo de delação
premiada enquanto estava no cargo federal. Já Joesley e Ricardo estão presos
por sonegar informações na delação.
Aqui com os meus botões,
fico imaginando se esta não é a grande jogada do procurador geral da República,
Rodrigo Janot, para limpar seu nome antes de deixar o cargo, o que acontece
daqui a seis dias. Acompanhe o raciocínio:
- Marcelo Muller trabalhava
com Janot e assim que pediu exoneração, apareceu trabalhando ara a J&F/JBS.
Não fez a tal “quarentena” obrigatória nesses casos, mas à época foi defendido
publicamente por Janot, que disse ser Marcelo um cidadão sério e que uma coisa
não tinha a ver com a outra.
- Ao mesmo tempo, Janot
concedeu inimaginável benefício a um corrupto confesso (o tal Joesley): diante
de sua delação, ele ficaria livre, leve e solto, pagando um quinhão de todo o
produto do roubo que suas ações corruptas proporcionaram. Caso sui generis,
visto que muitos outros delatores, empresários (vide Odebrecth) e políticos,
fizeram acordo mas foram punidos.
- Todo mundo que acompanha o
noticiário político sabe como e quando o grupo J&F virou uma potência
mundial: com o dinheiro público do BNDES durante o governo Lula. Joesley, então,
denuncia Temer, desafeto do PT para sempre; assim, paga o apoio recebido para
enriquecer.
- Janot não pune Joesley,
mas apresenta denúncia formal contra Temer, que não cai (todos sabem como e por
quê). Janot, sai enfraquecido e, em final de carreira, precisa limpar sua barra.
- De uma hora para outra,
descobrem-se áudios que até então não haviam sido ouvidos. O áudio – uma conversa
entre Joesley e Ricardo – fala da relação do grupo com o tal procurador
Marcelo, que Janot tanto defendeu no início, mesmo estando estampado que algo não
cheirava bem na atuação dele. Afinal, pedir exoneração da procuradoria ao mesmo
tempo em que Joesley
aparece propondo uma delação e aparecer defendendo a J&F logo em seguida,
mostra claramente que tinha algo muito errado. Só Janot não quis enxergar.
- Agora, a uma semana de
deixar o cargo, Janot tem uma clarividência e pede pra prender todo mundo.
Quer, também, anular os benefícios (superexagerados, únicos e exclusivos) que
ele mesmo deu a Joesley antes. Ou seja, em uma só tacada apagaria e conseguiria
não deixar rastros de uma possível condescendência com corruptos e a corrupção.
Difícil saber onde isso vai
levar. Mas, de certo, Rodrigo Janot continuará posando de herói de parte dos
brasileiros, com discurso afinado de que “ninguém está acima da lei”. Na teoria
e no discurso, pode até ser. Mas na prática...
Enquanto isso, a imensa
maioria dos corruptos ou está solta, ou em confortável prisão domiciliar.
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