segunda-feira, 11 de setembro de 2017

A BOA DO FINAL DE SEMANA

Foto/montagem: www.g1.com.br

A prisão de Joesley “fanfarrão” Batista e do executivo de sua empresa, Ricardo Saud, vem tarde. Mas... antes tarde do que nunca. A princípio são só 5 dias, a tal prisão temporária. Serve para que os presos não interfiram no andamento de investigações. Por enquanto, o ex-procurador Marcelo Muller ficou fora das grades temporárias. É investigado pela Polícia Federal. Tudo para saber se ele deu assessoria para o grupo J&F, proprietário também dos Frigoríficos da JBS, no acordo de delação premiada enquanto estava no cargo federal. Já Joesley e Ricardo estão presos por sonegar informações na delação.

Aqui com os meus botões, fico imaginando se esta não é a grande jogada do procurador geral da República, Rodrigo Janot, para limpar seu nome antes de deixar o cargo, o que acontece daqui a seis dias. Acompanhe o raciocínio:

- Marcelo Muller trabalhava com Janot e assim que pediu exoneração, apareceu trabalhando ara a J&F/JBS. Não fez a tal “quarentena” obrigatória nesses casos, mas à época foi defendido publicamente por Janot, que disse ser Marcelo um cidadão sério e que uma coisa não tinha a ver com a outra.

- Ao mesmo tempo, Janot concedeu inimaginável benefício a um corrupto confesso (o tal Joesley): diante de sua delação, ele ficaria livre, leve e solto, pagando um quinhão de todo o produto do roubo que suas ações corruptas proporcionaram. Caso sui generis, visto que muitos outros delatores, empresários (vide Odebrecth) e políticos, fizeram acordo mas foram punidos.

- Todo mundo que acompanha o noticiário político sabe como e quando o grupo J&F virou uma potência mundial: com o dinheiro público do BNDES durante o governo Lula. Joesley, então, denuncia Temer, desafeto do PT para sempre; assim, paga o apoio recebido para enriquecer.

- Janot não pune Joesley, mas apresenta denúncia formal contra Temer, que não cai (todos sabem como e por quê). Janot, sai enfraquecido e, em final de carreira, precisa limpar sua barra.

- De uma hora para outra, descobrem-se áudios que até então não haviam sido ouvidos. O áudio – uma conversa entre Joesley e Ricardo – fala da relação do grupo com o tal procurador Marcelo, que Janot tanto defendeu no início, mesmo estando estampado que algo não cheirava bem na atuação dele. Afinal, pedir exoneração da procuradoria ao mesmo tempo em que Joesley aparece propondo uma delação e aparecer defendendo a J&F logo em seguida, mostra claramente que tinha algo muito errado. Só Janot não quis enxergar.

- Agora, a uma semana de deixar o cargo, Janot tem uma clarividência e pede pra prender todo mundo. Quer, também, anular os benefícios (superexagerados, únicos e exclusivos) que ele mesmo deu a Joesley antes. Ou seja, em uma só tacada apagaria e conseguiria não deixar rastros de uma possível condescendência com corruptos e a corrupção.   

Difícil saber onde isso vai levar. Mas, de certo, Rodrigo Janot continuará posando de herói de parte dos brasileiros, com discurso afinado de que “ninguém está acima da lei”. Na teoria e no discurso, pode até ser. Mas na prática...


Enquanto isso, a imensa maioria dos corruptos ou está solta, ou em confortável prisão domiciliar.


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