O ser humano é o comandante do Planeta Terra. Os mais afoitos acreditam que é a grande criação do Universo, porém o cosmo é tão imenso e desconhecido que uma afirmação deste tipo pode parecer mais do que pretenciosa, pode significar arrogância. É certo que o homo sapiens tem na capacidade de raciocinar o grande diferencial em relação aos demais seres vivos. É certo que o corpo humano mostra ser uma máquina muito próxima da perfeição. Porém o que os homens, ao viverem em sociedade, decidem por si próprios, já serviria como motivo para um aprofundado estudo e indisfarçada decepção.
Vamos
fugir daqueles ditos conhecidos de que o homem é o único animal que mata seu
semelhante sem estar correndo perigo ou para a própria sobrevivência. Vamos
escapar de qualquer tendência religiosa ao tentar fazer uma breve e superficial
análise sobre o ser de nossa espécie. Ainda assim, vamos concluir que o ser
humano é o próprio complicador de sua vida e da vida de sua espécie.
Conhecendo
seres humanos, demasiadamente humanos (não no melhor sentido da palavra), como
diria Nietzsche, vemos que eles são, em si mesmos, um barril de contradições.
Há aqueles que são insaciáveis em seu ego e acreditam que o mundo gira ao seu
redor. Tentam fazer tudo do seu jeito, ainda que corrompam o fluxo das coisas.
Há também aqueles que fazem de sua insegurança e complexo de inferioridade a força
avassaladora que lhes move. Precisam provar algo o tempo todo – seja para
alguém ou para todo mundo – nem que isso cause problemas aos outros, e
consequente rejeição àquele.
Há
também os que se escondem atrás do mundo, fazendo com que os outros assumam
todas as responsabilidades – inclusive as suas. Há ainda os que se vestem de
cordeiro, com sorrisos simpáticos conquistam a claque e espaço, mas que agem
sorrateiramente para ganhar ainda mais, não importando como nem por quê. Há os
líderes, competentes, que fazem acontecer. Há os pseudolíderes que não fazem.
Há seres humanos bons, que conseguem administrar egos e complexos; sim, os há.
Há seres dito humanos para todos os gostos.
Já é
comprovado que desde que resolveu se socializar, deixando de ser nômade para
criar raízes, trabalhar a agricultura e montar um clã social, o ser humano
passou a ser contaminado pelo meio em que vive. Mais do que da genética, o
homem é um produto do meio. Com o passar do tempo, a sociedade que cobrava
posturas, passou a cobrar expectativas. Todos precisam atender as expectativas
dos outros; da família, dos amigos, dos colegas, do meio social como um todo.
A moral
cria necessidades, o ser humano busca supri-las. As expectativas são morais, mas
em uma sociedade capitalista também são de consumo. Cria-se mais e mais produtos
para que todos consumam. A tecnologia cria necessidades, o ser humano busca
supri-las. A busca incessante de atender tantas expectativas, cria o ser humano
descontente, frustrado, depressivo. Transforma o ser humano em uma pessoa por
vezes egocentrista, por vezes insegura, por vezes inferior. Cria uma pessoa com
dificuldade de entender que respeitar o outro é a chave do segredo, que o seu
limite está, mesmo, onde começa a vida da outra pessoa.
A vida,
portanto, não é complicada, muito menos difícil. Nós é que a tornamos mais ou
menos boa, ou mais ou menos ruim. Nós enquanto seres humanos individuais e
também nós enquanto sociedade. Temos plenos poderes para tornar nossas vidas melhores,
mas na grande maioria das vezes a opção é por fazer aquilo que, discretamente,
se é levado a fazer. Somos resultado de nossas vivências e experiências.
Podemos decidir entre aprender com elas e nos tornarmos melhores ou somente
deixar que elas façam com que reproduzamos mais do mesmo. Porém, para optar, é
preciso se conhecer, é preciso aprofundar o pensamento. Só é livre quem opta,
quem escolhe. Poder escolher é a liberdade. Por isso temos tantos presos,
sufocados, dentro de si mesmos.
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