O
caso do jornal-revista francês que teve seus jornalistas e chargistas mortos
por dois irmãos fundamentalistas muçulmanos traz, mais uma vez, o debate sobre
a incapacidade de algumas pessoas de compreenderem que não detém a verdade
absoluta – até porque ela não existe. Assim como no 11 de setembro da Al Qaeda,
os muçulmanos são vistos como a escória do mundo. Um erro. Não se pode colocar
todos os seguidores de uma tendência religiosa no mesmo saco. Quando se vai
pensar sobre temas sérios, é preciso começar pelas definições. Afinal, o que é
fundamentalismo?
Fundamentalismo
é a doutrina ou prática das
religiões que interpretam de modo literal as escrituras sagradas. Sendo
assim, é claro que não temos apenas fundamentalistas muçulmanos. Temos muitos
fundamentalistas cristãos, pessoas que vêem a Bíblia como um manual de vida e
cujas palavras não permitem interpretações. Como se as escrituras sagradas
fossem um manual de “como fazer”. Como se as passagens ali narradas não
tivessem sido escritas por homens que, como todos nós, são passíveis de sentimentos,
de uma carga existencial que inconscientemente é repassada na narração de um
fato. Aliás, a própria Igreja Católica mostrou-se fundamentalista na caça às
bruxas, por exemplo.
O problema maior, no entanto, parece ser a
cegueira dos fundamentalistas. Costumam imaginar que são donos absolutos da razão,
que sua verdade é a única e que todos que pensam diferente estão errados. O
princípio da não tolerância à opinião do outro, da total falta de respeito àqueles
que a própria Bíblia chama de irmãos. Para deixar barato, porque se está muito
próximo da realidade dizer que é a ignorância absoluta, a arrogância cega, a
falta de capacidade intelectual no seu mais alto grau.
Esta cegueira, arrogância e burrice generalizada
faz pessoas saírem matando outras pessoas em nome de um deus. Porém, todos os
dias, em vários lugares do mundo, pessoas tentam matar a opinião das outras que
pensam diferente simplesmente porque não conseguem aceitar o contraditório. A
cegueira e tentativa de convencimento quase que na marra do outro é o primeiro
indício do problema. A violência é o passo seguinte. A religião é campo vasto
para esses fanáticos, mas eles também estão nas torcidas de futebol, nos
partidos políticos, em cada lugar que haja um imbecil que não aceita que o
outro tenha opinião diferente da dele.
Perdem a chance de serem seres humanos melhores. Assim como só o questionamento, a dúvida, nos faz crescer, só o embate respeitoso de opiniões nos amadurece com qualidade.
NÃO DEIXE DE VER
Poucas vezes me empolgo
tanto a ponto de colocar um título desses em uma nota e disponibilizar o link
de um vídeo aqui no blog. Porém, a verdadeira aula que o filósofo brasileiro
contemporâneo Mário Sérgio Cortela, professor da USP. No vídeo, ele dá a exata
dimensão da importância do ser humano no universo na palestra “Você Sabe Com
Quem Está Falando”?
Não perde tempo. Vai lá: https://www.youtube.com/watch?v=P3NpHryB-fQ.
Vale a pena! Aliás, conecta até mesmo com a nota de abertura.
PAPAGAIO DE PIRATA
É interessante como
algumas pessoas têm tanto a dizer para acrescentar um pensamento à nossa existência,
causar uma reflexão, enquanto outras buscam holofotes a qualquer preço. Com uma
tribuna na mão, há quem faça ou diga qualquer asneira para ter um espaçozinho
na mídia. Muitas vezes sendo leviano, antiético e mentiroso. Dá dó.
VOTO QUALITATIVO
Às vezes fico viajando nos
pensamentos e acabo criando algumas bobagenzinhas do tipo: e se o voto fosse
qualitativo? Se o voto de quem se
interessa, se importa, pesquisa em quem vai votar, acompanha o trabalho dos
seus representantes valesse mais do que o voto do eleitor desinteressado, apático,
corrupto, que espera uma eleição para pedir alguma vantagem pelo voto? Isto me parece bastante justo. O voto do eleitor consciente valeria dois
votos. O do eleitor corrupto, um apenas. Creio que falador de asneiras não se
elegeria tão fácil.
IMÓVEL BRASÍLIA
A loja Móveis Brasília, na
rua XV, fechou as portas. Eu sei que não deveria, mas não me contenho. O trocadilho
já começa pelo título da nota. Continua sugerindo que fechou por excesso de
corrupção. Termina lembrando que a única Brasília que continua incólume é a
Ilha de Lost, a capital federal. Nem o veículo de mesmo nome resistiu.
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