A
foto de um motorista de caminhão que morreu carbonizado na BR 470, perímetro de
Gaspar, na sexta-feira passada (11) suscitou discussões no meio jornalístico.
Tal foto que mostrava a pessoa carbonizada entre as ferragens girou rapidamente
nas redes sociais, antes mesmo da notícia ir ao ar nos canais jornalísticos de
informação. Ela chocou não só pela questão visual em si, mas especialmente pela
falta de sensibilidade com a família da vítima, de respeito ao ser humano e de
ética com a sociedade. Esta absoluta falta de amor ao próximo foi alvo das
conversas nas rodas jornalísticas. O mau uso das redes sociais é, sem dúvida
alguma, o grande calcanhar de Aquiles de uma tecnologia que revolucionou o
mundo.
Quando
falamos de ética, falamos em fazer a coisa que individualmente consideramos
correto, porém levando em conta as pessoas que compõem a sociedade. Diferente
da moral, que é um comportamento regulado pela própria sociedade, a ética é um
bem individual. Ou a pessoa a tem ou não a tem. Quem tirou a fotografia em
questão e postou nas redes sociais deixou claro que não tem ética. Também não
tem respeito pelas pessoas, não tem amor ao próximo, não tem sentimento.Tratou
o caso como um ‘espetáculo teatral’, quis aparecer para os amigos embora deva
estar torcendo para permanecer anônimo para a imensa maioria. Usou da desgraça
de alguém (e da família deste alguém, e dos amigos deste alguém) para se sentir
especial. Este é, definitivamente, um ser desprezível.
Mas
já que pegamos alguém para Cristo, o que dizer de tantos outros casos de mau
uso das redes sociais? Quantas vezes
vemos postagens menos chocantes do que a que me refiro, mas igualmente
antiéticas no facebook, whats up ou outras? Quantas pessoas já vimos querendo aparecer em
cima da desgraça dos outros nas redes sociais, seja esta desgraça a morte ou
outra forma menos impactante? Muita
gente que pratica este ato vil, sequer pensa no mal que pode estar fazendo às
pessoas. Aproveita o negativo para auferir status, audiência ou qualquer
benefício que o valha.Você pode pensar que isto está impregnado no ser humano –
um misto de adoração à violência e busca da aceitação dos amigos pelo status da
‘esperteza’. E pode até ser. Prefiro acreditar que uma pessoa faz isso exatamente
porque não pensa. Age instintivamente, tal qual um animal, sem se importar com
as consequências para os outros. De qualquer forma, uma teoria pode muito bem
complementar a outra.
O
aproveitamento da imagem revelada na repugnante foto não foi utilizada pela
imprensa, pelo menos não pela imprensa de Blumenau. Neste caso a ética
jornalística imperou. Era horrendo demais para ser explorado. Se os jornalistas
aprendem nas aulas de Ética que devem se portar de uma maneira responsável, não
dá para dizer o mesmo de muita gente que pulula na internet. A ética é uma
obrigação de todo o ser humano, mas os jornalistas falam e debatem sobre ela. A
sociedade, não. O mais assustador é saber que a falta de ética está muito, mas
muito próxima da falta de caráter.
2 comentários:
Lamentável o comportamento desses seres desalmados. É uma total falta de respeito com tudo.
Eu não dou ibope para posts ou reportagens com esse tipo de material.
Parabéns pelo texto, muito bom. Penso que reflete a opinião da maioria.
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