terça-feira, 23 de junho de 2009

O Brasil perdeu o rumo, definitivamente

Juro que parei umas três vezes ao começar a escrever este artigo, querendo desistir antes de embalar na crítica, porque ela me soa lugar comum. Relutei, mas não resisti. Não queria mesmo cair na escrita fácil de criticar os desmandos vindos de Brasília que a mídia escancara nos espaços jornalísticos. Escândalos de deputados, escândalos de senadores e, agora, nem a Justiça escapa.

As notícias da bandalheira que se instalou no Congresso Nacional, agora chegaram ao presidente do Senado. José Sarney, um ex-presidente da República (aliás, advogo que ex-presidente não poderia mais se candidatar a cargo público nenhum), homem que já comandou os destinos da nação, hoje se mostra um desatinado capitão de uma embarcação que afunda. E que ele colabora para que afunde de vez.

São tantas as barbaridades que não há como lembrar de todas. Tem senador-rei, com castelo construído com dinheiro público, tem diretor-fantasma, tem cargos de confiança sobrando e têm muitos, mas muitos parentes de senadores e deputados deitando e rolando em cargos públicos não concursados. Ah! Mas eles não sabem de nada. Nadinha. Nunca sabem. Isso virou moda em Brasília e se espalha rapidamente. Eu também não sei. Não consigo entender como ainda estão lá.

É essa impunidade que avilta o trabalhador, o empresário e mais um batalhão de milhões de pessoas comuns, que nos envergonha como brasileiros. A eles não. Eles não têm vergonha. São todos sem-vergonhas, literalmente. E isso não é um xingamento, é apenas uma constatação. Porque na verdade são mais. São abusados, são safados e desonrados. Homens sem honra. Se é que se pode chamar pessoas assim de homens.

E quando a esperança já se esvai bueiro abaixo, ainda vem o Supremo Tribunal Federal e mostra que nem a Justiça escapa das barbáries cometidas neste país. Os ministros que lá estão, que deveriam ser homens sérios e inteligentes, acabam por decidir que não é preciso ter diploma para exercer a função de jornalista. Este país é mesmo uma piada. Só que, cada vez mais, uma piada sem graça.

Não acredito que ninguém vire jornalista quando ganha o diploma ao concluir o curso. Para ser jornalista, é preciso ter técnica e vocação, dom mesmo. Porém considerar que o exercício do jornalismo não é uma profissão – e foi isso que aquele bando de ministros togados fez – já é demais. Agora qualquer um pode se achar no direito de se dizer jornalista porque escreve uma coluninha mal e porcamente num jornalzinho de quinta categoria ou porque fala bobagens em um microfone alugado. Que beleza!, como diria o narrador esportivo Milton Leite. Só mesmo num país sem qualquer noção de rumo.

As demais profissões que se cuidem. A “inteligente” decisão do STF abre precedente para que amanhã qualquer um possa praticar a medicina e se dizer médico. Não será mais necessário diploma para ser engenheiro, arquiteto, advogado... aliás, os próprios ministros do Supremo que se cuidem. Sem a necessidade da exigência de diploma de advogado, qualquer Zé Mané pode tomar os seus lugares na mais alta corte judiciária do país.

E Zé Mané por Zé Mané, talvez os sem diploma consigam tomar decisões mais coerentes do que esses que estão lá, com diploma.


Um comentário:

Unknown disse...

Concordo Fabrício...a indignidade corre solta! Só lembrando que sempre foi assim...com a diferença de que agora, nestes tempos, a podridão não tem mais como se esconder..está vindo à tona!! E é em todas as esferas. Não são só coisas ruins..o que existe de bom e luminoso também está aqui e acolá, despontando. Faz parte do grande saneamento pelo qual estamos passando.