As notícias da bandalheira que se instalou no Congresso Nacional, agora chegaram ao presidente do Senado. José Sarney, um ex-presidente da República (aliás, advogo que ex-presidente não poderia mais se candidatar a cargo público nenhum), homem que já comandou os destinos da nação, hoje se mostra um desatinado capitão de uma embarcação que afunda. E que ele colabora para que afunde de vez.
São tantas as barbaridades que não há como lembrar de todas. Tem senador-rei, com castelo construído com dinheiro público, tem diretor-fantasma, tem cargos de confiança sobrando e têm muitos, mas muitos parentes de senadores e deputados deitando e rolando em cargos públicos não concursados. Ah! Mas eles não sabem de nada. Nadinha. Nunca sabem. Isso virou moda em Brasília e se espalha rapidamente. Eu também não sei. Não consigo entender como ainda estão lá.
É essa impunidade que avilta o trabalhador, o empresário e mais um batalhão de milhões de pessoas comuns, que nos envergonha como brasileiros. A eles não. Eles não têm vergonha. São todos sem-vergonhas, literalmente. E isso não é um xingamento, é apenas uma constatação. Porque na verdade são mais. São abusados, são safados e desonrados. Homens sem honra. Se é que se pode chamar pessoas assim de homens.
E quando a esperança já se esvai bueiro abaixo, ainda vem o Supremo Tribunal Federal e mostra que nem a Justiça escapa das barbáries cometidas neste país. Os ministros que lá estão, que deveriam ser homens sérios e inteligentes, acabam por decidir que não é preciso ter diploma para exercer a função de jornalista. Este país é mesmo uma piada. Só que, cada vez mais, uma piada sem graça.
Não acredito que ninguém vire jornalista quando ganha o diploma ao concluir o curso. Para ser jornalista, é preciso ter técnica e vocação, dom mesmo. Porém considerar que o exercício do jornalismo não é uma profissão – e foi isso que aquele bando de ministros togados fez – já é demais. Agora qualquer um pode se achar no direito de se dizer jornalista porque escreve uma coluninha mal e porcamente num jornalzinho de quinta categoria ou porque fala bobagens em um microfone alugado. Que beleza!, como diria o narrador esportivo Milton Leite. Só mesmo num país sem qualquer noção de rumo.
As demais profissões que se cuidem. A “inteligente” decisão do STF abre precedente para que amanhã qualquer um possa praticar a medicina e se dizer médico. Não será mais necessário diploma para ser engenheiro, arquiteto, advogado... aliás, os próprios ministros do Supremo que se cuidem. Sem a necessidade da exigência de diploma de advogado, qualquer Zé Mané pode tomar os seus lugares na mais alta corte judiciária do país.
E Zé Mané por Zé Mané, talvez os sem diploma consigam tomar decisões mais coerentes do que esses que estão lá, com diploma.
Um comentário:
Concordo Fabrício...a indignidade corre solta! Só lembrando que sempre foi assim...com a diferença de que agora, nestes tempos, a podridão não tem mais como se esconder..está vindo à tona!! E é em todas as esferas. Não são só coisas ruins..o que existe de bom e luminoso também está aqui e acolá, despontando. Faz parte do grande saneamento pelo qual estamos passando.
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