sexta-feira, 27 de março de 2009

O que estamos fazendo de nossas vidas?

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Hoje eu vi as árvores balançando ao sabor do vento. O sol era suficiente apenas para colorir suas folhas, desnudando nuances de verde claro e verde escuro. Também senti a brisa em mim, no meu rosto, no meu corpo. Era como ela me acariciasse a alma.

Há poucos dias de completar 60 completos ciclos de 24 horas em meu quarto, devido ao acidente, tenho a oportunidade de olhar pela porta que dá para a sacada, aberta, escancarada, e vislumbrar o verde todos os dias.

Esta é a vista que tenho de minha casa, que fiz construir há quase 12 anos, e que nunca aproveitei. Como não consigo ficar parado, tal qual a maioria de nós, seres humanos robotizados pelo trabalho, work a holics viciados por produzir, passo manhãs e tardes de frente para esta vista, mas ainda assim em muitos dias nem a vejo. Fico fazendo novos projetos no note book e em muitos dias ainda consigo cometer o absurdo de esquecer de me deliciar com a vista que tenho aqui, à minha disposição 24 horas por dia.

De vez em quando, no entanto, paro por alguns minutos e olho para fora. Vejo as árvores balançarem ao vento com seu sussurro quase imperceptível, bem próprio da bela calmaria da natureza, quebrado apenas pelos ruídos produzidos ao longe por alguns seres humanos insensíveis a tudo o que acontece na vida, mas que não acontece na vida deles.

Fico triste ao pensar que sou um deles, quando estou trabalhando normalmente. Fico realmente entristecido ao saber que temos que jogar tanta beleza fora ao ficarmos trancados em escritórios à frente de um computador ou mesmo nas ruas, passando tão rápido pela vida na correria de nosso dia a dia que não conseguimos enxergar mais nada, não temos a capacidade de sentir mais nada.

Quando puder voltar à minha “não vida normal”, quero lembrar de olhar mais vezes para as árvores, de saborear mais vezes a beleza de seu balé ao sabor do vento, e de sentir a brisa no rosto com o descompromisso de quem está neste planeta também para viver as coisas simples da vida. Quando voltar à minha “não vida normal”, quero me lembrar que sou mais do que um corpo atrás da sobrevivência humana.

Não tenho dúvida de que algo mudou neste período e mudará meu modo de viver, para muito melhor. Talvez alguns estranhem quando, no meio do dia, eu parar tudo para olhar as árvores e sentir o vento. Mas isso vai acontecer, porque hoje eu vi as árvores balançando ao sabor do vento. O sol era suficiente apenas para colorir suas folhas, desnudando nuances de verde claro e verde escuro. Também senti a brisa em mim, no meu rosto, no meu corpo. Era como ela me acariciasse a alma. Senti uma leveza tão boa – e ao mesmo tempo quase estranha, como se não pertencesse ao nosso mundo – que resolvi contar para vocês.



4 comentários:

Hoasca Design disse...

Poético Fabrício, lindo.

Ainda bem, que pelo menos, no meio de tanta correria, as vezes conseguimos perceber a natureza.

É raro, mas pessoas como você e eu, conseguimos.

Que bom!

Marina Melz disse...

E dizem por aí que a vida é como as árvores que enxergas da tua sacada: está aí, é só saber olhar pra ela. Muito obrigada por ter dividido esse momento bonito.

Redação iBZ disse...

Cara: admito que penso o mesmo, praticamente, todos os dias quando estou sentado na cadeira de meu trabalho e, por uma fresta da porta de vidro, consigo ver o azul do céu.

Posso dizer que também que isso é o que me dá impulsos para acordar muito cedo em todos os finais de semana e, diferente de uma vista pela frestinha, poder ver o azul do céu na sua maior grandeza por mais tempo.

Abraços do amigo,
Tiago

Thiago Duwe disse...

grande Fabrício. Só esse já deu saudade dos nossos papos.

Grande abraço.