quarta-feira, 5 de julho de 2017

A RUIM DO DIA



Um estuprador condenado a 181 anos de prisão tem direito a cumprir a pena em casa?

Tem. Claro que precisa ser médico, ter dinheiro para pagar bons advogados e morar no Brasil – o país onde a estratificação social faz toda a diferença. É o caso de Roger Abdelmassih, de 74 anos.

Se fosse pobre ou negro, ficaria preso e cumpriria a pena nas imundas celas do sistema carcerário brasileiro. Mas o estuprador em questão faz parte da elite brasileira, razão mais do que suficiente para que a Justiça (?) se dobre a uma broncopneumonia como desculpa para permitir que se abolete em sua luxuosa residência com todas as mordomias que a imensa maioria dos brasileiros, mesmo livre de penas judiciais, jamais terá. Enquanto isso, presos comuns da plebe nacional podem ter até Aids, mas continuarão presos.

Este é o país que – dizem – está mudando por ter prendido dois ou três políticos, mas onde nem o Poder Judiciário consegue respeitar as mulheres e suas famílias, vítimas de um estuprador de luxo. E, pasmem, a “liberação” foi assinada por uma juízA.


É de se estranhar o silêncio das mulheres, em especial dos movimentos feministas. Ninguém nas ruas?  Nem um panelaço de protesto em horário nobre?  É assim que se enraízam culturas machistas, a partir de decisões oficiais em âmbito nacional com a contrapartida do silêncio sepulcral de potenciais vítimas deste status quo.  


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