Um estuprador condenado a 181 anos de prisão tem direito a cumprir a pena em casa?
Tem. Claro que precisa ser médico,
ter dinheiro para pagar bons advogados e morar no Brasil – o país onde a
estratificação social faz toda a diferença. É o caso de Roger Abdelmassih, de 74
anos.
Se fosse pobre ou negro,
ficaria preso e cumpriria a pena nas imundas celas do sistema carcerário brasileiro.
Mas o estuprador em questão faz parte da elite brasileira, razão mais do que
suficiente para que a Justiça (?) se dobre a uma broncopneumonia como desculpa
para permitir que se abolete em sua luxuosa residência com todas as mordomias
que a imensa maioria dos brasileiros, mesmo livre de penas judiciais, jamais
terá. Enquanto isso, presos comuns da plebe nacional podem ter até Aids, mas
continuarão presos.
Este é o país que – dizem –
está mudando por ter prendido dois ou três políticos, mas onde nem o Poder
Judiciário consegue respeitar as mulheres e suas famílias, vítimas de um
estuprador de luxo. E, pasmem, a “liberação” foi assinada por uma juízA.
É de se estranhar o silêncio
das mulheres, em especial dos movimentos feministas. Ninguém nas ruas? Nem um panelaço de protesto em horário nobre? É assim que se enraízam culturas machistas, a
partir de decisões oficiais em âmbito nacional com a contrapartida do silêncio sepulcral
de potenciais vítimas deste status quo.
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