A
vida não é fácil – e talvez por isso seja tão interessante. Ela é uma luta.
Diária, direta. Uma luta pela sobrevivência. Para os que pensam um pouco mais,
uma luta por viver e não apenas existir. Como já diria Oscar Wilde, “viver é
uma coisa rara. A maioria das pessoas apenas existe”. De uma forma geral, a vida por si só é lutar
pela subsistência. Mal ou bem, pior ou melhor, é o que todos fazemos nas horas
do dia em que trabalhamos. Mas neste turbilhão da vida diária, parece que
poucos lembram de pensar na própria felicidade, de correr atrás dela, de lutar
por ela.
Mas
um filósofo já chamaria para a discussão: o que é felicidade? De uma forma geral, concordamos que ela não
existe peremptoriamente. Felicidade é o momento. Um momento feliz. Sendo assim,
se você conquista muitos momentos felizes, terá a sensação de felicidade por
mais tempo... pode até se dizer feliz. Se consegue ter menos momentos felizes,
prazerosos, gostosos, irradiantes do que momentos comuns, mornos, sem sal, calculará
mais momentos infelizes do que felizes. Mas... tudo bem. A ideia aqui não é
explicar felicidade, mas dizer da necessidade que temos de correr atrás dela. E
ela é diferente para cada ser humano, porque cada um tem a sua necessidade
interior.
A
vida não é fácil porque nós, seres humanos racionais e ditos inteligentes,
complicamos. Mas complicá-la faz parte da nossa natureza. A “paz de espírito” é
desejada, mas ao mesmo tempo é letárgica. É da natureza humana buscar soluções
para os problemas – e para isso é preciso ter problemas. Nossos ancestrais eram
caçadores, guerreiros, lutavam pela subsistência. Este “incômodo” faz parte
daquilo que pretendemos chamar de felicidade. Sem esses desafios, nos
acomodamos. E ficamos infelizes. A felicidade morna é satisfatória para a
grande maioria das pessoas, mas não para todas. Essa minoria busca uma
felicidade mais “quente”, mais intensa. Geralmente são os incompreendidos pela
maioria.
Não
há uma fórmula para a felicidade. Ela varia de pessoa para pessoa, de grupo
para grupo, de sociedade para sociedade. Porém buscá-la é um direito – e até um
dever. Ainda que muitos não compreendam, cada vida, cada pessoa tem sua própria
fórmula de correr atrás da felicidade. Talvez considerar que nunca a alcance,
seja uma estratégia para permanecer vivo, para se sentir vivo. Nesta busca, uma
das piores experiências é outras pessoas acharem que o indivíduo deve se
comportar como elas se comportariam. Como se fossem donas da verdade, tivessem
a fórmula que é homogênea e serve para toda a humanidade. Isto não é só um
erro, mas uma besteira de tamanho imenso.
Acredito
que a vida é uma só. Na minha vã filosofia mundana, nada existe depois da
morte (talvez por isso a encare e aceite bastante bem). Se nada existe,
precisamos buscar ser felizes aqui e agora, nesta única vida que conhecemos.
Pior do que tentar e errar, é jamais ter tentado. E a felicidade (ou buscar a
grande maioria de momentos felizes) é a única razão para estarmos aqui, vivos.
Afinal, viver é o que realmente importa. Isto é uma busca, uma vitória, o
coroar de uma luta. Existir é tão somente algo que ganhamos de graça. Pouco
vale, se não pelo fato de que é preciso existir para poder querer viver.
Quando René Descartes criou a frase Duvido,
logo penso, logo existo (“Dubito, ergo cogito, ergo Sum”), em verdade ele tinha
a boa intenção de declarar que o ser humano deve duvidar, questionar para
pensar e crescer. Ao se questionar, a própria noção de felicidade é colocada à prova. A frase abreviada para apenas “Penso, logo existo”, deixa
margem para críticas. Se assim fosse, o dito deveria ser “Penso, logo vivo”. Ou
não?...
Pense!