quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Tirei a bunda da cadeira e fui à luta

Tirei a bunda da cadeira e fui à luta, diretamente no 'front'. Não posso negar, foi uma das melhores experiências que tive.

Sim, estou falando desta tragédia que se abateu em Blumenau. Desta vez, ao invés de trabalhar comunicando os acontecimentos, preferi interferir neles. É extremamente importante o trabalho da imprensa. Muitos profissionais das emissoras estavam cumprindo seu dever de informar e o fizeram com maestria; outros se acotovelavam por alguns minutos frente às câmeras emprestando uma contribuição que poderia ser muito mais produtiva no 'front'. Desta vez, não seria ali o meu lugar.

Larguei também a internet, onde tentava informar postando os acontecimentos da enchente, e troquei pela vida real. Enfim, tirei a bunda da cadeira literalmente. O que para mim também não é novidade. Sempre gostei de fazer acontecer e na enchente de 84 já vivi uma 'saga' saindo de canoa e dormindo em abrigo por opção, colaborando na estação de rádio amador do ginásio da Igreja Evangélica Luterana da rua João Pessoa, na descida do morro da Cia. Hering. Só que desta vez, fui muito mais útil.

Depois de sugerir a convocação dos gincaneiros e atestar que boa parte das equipes da Gincana Cidade de Blumenau já dava a sua contribuição solidária, fui convidado a formar um pequeno (pequeno mesmo) grupo de ação para fazer o transporte de donativos do domicílio dos doadores ao Pró-Família. Quando vi, já estava arrecadando roupas, alimentos e material de higiene junto a familiares, amigos e empresas, onde nosso reduzido grupo tinha ou não conhecidos.

Só de batatas recebemos 150 quilos. Como se tratava de alimento altamente perecível, fomos doá-los diretamente nos abrigos, onde os flagelados estão alojados. Cinco deles foram beneficiados na Fortaleza, dois na Ponta Aguda, Vorstadt e Velha Central. Até remédios tínhamos para doar.

As cenas que vi nesses abrigos e passando por diversas ruas da cidade, não veria como jornalista. A sensação do dever cumprido que tive também. Foram dois dias direto nas ruas, simplesmente com o intuito de ajudar. Agora tive que desacelerar, pois os deveres da quase normalidade na cidade passaram a chamar. Mas na medida do possível, vou usar os contatos que tenho para continuar colaborando no 'olho do furacão', de alguma maneira.

Mais do que tudo, é importante agradecer ao convite que recebi para formar este pequeno grupo. Embora tenha isso comigo, confesso que foi o convite que me fez tirar a bunda da cadeira. Parece que com o passar do tempo, a gente vai acreditando mesmo que nossa contribuição se resume a fazer uma doação apenas, ou mesmo a informar via imprensa ou internet. Claro, cada um contribui com o que pode. Mas quero crer que sempre podemos um pouco mais.

Quando se está frente a frente com o caos e com a necessidade das pessoas, quando se faz algo que realmente colabora na vida delas num momento tão difícil quanto este, o cansaço do fim do dia vira recompensa, é a satisfação do não dever muito bem cumprido.


3 comentários:

Anônimo disse...

Boa, fabrício.
O negócio é se mexer, seja fisicamente, seja virtualmente.

Anônimo disse...

Legal! Todos que estiverem razoavelmente bem devem colaborar.Não tem como ficar à parte.O caos se instalou. Conheces as Profecias??? Estão se cumprindo...

Hoasca Design disse...

hehehehe...
Pois é, o negócio é ajudar como pode!
Mas com certeza, visitar os abrigos, sentir aquela energia de medo, força e esperança que se instala nesses lugares, é demais.
Visitei o abrigo no ginásio da Furb, e uma menininha, olhou pra mim, estava com sua mãe, irmãos. Foram dois segundos de trocas de olhares, mas eles me marcaram muito. O olhar era inocente, de uma criança, mas com muita experiência de vida, principalmemte experiências em lidar com o sentimento do "medo". E ela abanou e eu abanei tbém e sorrimos afirmando que vai ficar tudo bem.